1) Cam Newton x Defesa do Broncos
Cam Newton, sem dúvidas, já está entre os melhores na conversa dos QBs mais versáteis da história da Liga; pouquíssimos conseguem (ou já conseguiram) ter braços e pernas tão bons quanto ele demonstrou em seus quatro anos profissionais. E isso vem sendo uma das armas mais fortes do Carolina Panthers. Em alguns jogos, quando os passes não funcionavam, Newton resolvia com as pernas, seja correndo, saltando ou quebrando tackles… Contra uma defesa tão sólida quanto a do Broncos, que pode complicar o ataque aéreo do Panthers, é bom estarmos atentos às corridas do camisa #1 de Carolina.
O Super Cam, em 2015, teve 636 jardas (em 132 tentativas) e marcou dez TDs – que o fizeram responsável por 45 touchdowns do Panthers no ano, a melhor marca da Liga. Todavia, na teoria, ele não terá vida fácil, já que a defesa do Denver Broncos também brilhou contra QBs que tentaram correr em seus jogos: em 40 corridas, permitiu apenas 207 jardas e não cedeu nenhum TD.
2) John Elway e Peyton Manning
A história de Peyton Manning e John Elway não passa apenas pela relação profissional que eles têm no Broncos, por serem Quarterback e General Manager, respectivamente. Ao entrar em campo no próximo domingo, Manning se tornará o QB mais velho a disputar um Super Bowl (ele terá 39 anos e 320 dias); ele deixará para trás o “seu chefe” – J. Elway – o qual atuou no Grande Jogo em 1998 (aos 38 anos e 217 dias).
Além disso, os torcedores de Denver terão um motivo a mais para lembrar daquela temporada 1997/98, quando o Broncos venceu seu último Super Bowl diante do Atlanta Falcons. Tal triunfo não foi apenas um título vencido pela franquia do Colorado, ele marcou o último jogo de Elway como atleta da NFL. Como dito, com Manning aos 39 anos, o Super Bowl 50 pode marcar (como ele mesmo disse) a última vez o camisa #18 entra em campo como QB profissional. Ironia do destino ou não, qualquer torcedor do Denver Broncos ficaria contente em ver os dois maiores Quarterbacks da história da franquia encerrando suas carreiras com um triunfo em SB.
3) Blitz do Broncos x Linha ofensiva do Panthers
Um dos matchups mais cruciais do Super Bowl 50 fica por conta do sistema defensivo do Broncos, o qual é o que melhor pressiona QBs adversários, contra Cam Newton e sua linha ofensiva, os quais têm demonstrado enorme evolução neste temporada em relação ao ano passado.
Que a defesa do Denver Broncos tentará pressionar Newton é fato, além de chegar ao QB adversário em 35% dos snaps (melhor marca da NFL), ela teve 52 sacks durante a temporada regular (também a melhor marca da Liga) e sabe que esta pode ser uma das chaves para a vitória.
Vale a pena ficar de olho aqui pois o Super Cam vem tendo sucesso em situações de pressão. Após ter um rating de apenas 81.3 em 2013 nas situações de blitz em 2014 (oito pontos a menos que a média da Liga), Newton tem sido brilhante nessas circunstâncias, o que o confere um rating de 118.7, tendo lançado 21 TDs e apenas três interceptações.
4) Jogo corrido do Broncos x Defesa do Panthers
Um dos matchups mais importantes do SB 50 será Running Backs do Broncos contra o Front Seven do Panthers. Levar a melhor nas trincheiras é sempre importante, mas nesta situação é ainda mais: Manning demonstrou problemas com seu braço e, além de ter menos pressão com o sucesso do jogo terrestre, estará em situações mais confortáveis em termos de jardas nas descidas.
Isso nos remete ao melhor jogo do ataque de Denver (e de Manning também) durante a temporada regular: semana 8, contra o Packers. Naquele triunfo de 29 a 10, PM#18 esteve confortável no pocket e completou passes longos que relembraram os velhos tempos. Coincidentemente (ou não) os RBs do Denver Broncos naquela noite tiveram média de 4,7 jardas por tentativa, 160 jardas totais e três touchdowns.
5) Manning e suas interceptações em Super Bowl
Como falado no item 7 abaixo, a vantagem na batalha dos turnovers é um dos caminhos mais certos para um triunfo em Super Bowl. Assim como eu sei disso, Peyton Manning também sabe. Digamos até que bem melhor. Em todos os Super Bowls que o camisa #18 disputou até hoje (em 2006/07 contra o Bears, em 2009/10 contra o Saints e em 2013/14 contra o Seahawks) ele lançou pelo menos um interceptação. E não é apenas isso. Nos dois mais recentes, as interceptações foram retornadas para TD e, até onde sabemos, tiveram grande influência no placar final do jogo.
É bom lembrarmos ainda mais como a equipe do Panthers roubou bolas esta temporada: foram 39, sendo 24 interceptações (ambas as melhores marcas da NFL). E é isto que faz este sistema defensivo ser diferente; ele está sempre participando dos jogos, mudando o momento das partidas. Se o Broncos quer triunfar no final de semana, é de extrema importância que Manning quebre esta “sequência negativa” e deixe a defesa do Panthers longe do jogo.
6) Von Miller x Cam Newton
Muito se fala no duelo entre Cam Newton e Peyton Manning, por serem dois dos melhores jogadores da NFL, escolhas de primeira rodada e tudo mais. Contudo, essa comparação não sairá do papel. Se quisermos comparar algo que deixe a teoria, devemos falar de Cam Newton e Von Miller, que foram 1ª e 2ª escolhas do draft de 2011, respectivamente. Será a primeira vez que os dois primeiros jogadores de um draft se encontram em um Super Bowl.
De um lado, o provável MVP da temporada 2015. Do outro, alguém que teve 10/+ sacks em quatro dos seus cinco anos como profissionais. Não tenha dúvidas que Miller tentará estragar a noite de Newton e que esse fará de tudo para escapar da pressão. Vale (muito) a pena fica de olho neste duelo!
7) Turnovers
A batalha dos turnovers, como todo fã de futebol americano sabe, é um dos quesitos mais importantes para se vencer uma partida. E no Super Bowl, a história é a mesma: times que levaram a melhor na batalha dos turnovers venceram seus jogos 36 vezes (em 40 oportunidades). E isso deve ser levado em consideração no dia 07 de fevereiro.
Por mais um simples motivo: o Carolina Panthers foi o time que mais forçou turnovers durante a temporada regular – foram 39 – e o Denver Broncos, por sua vez, foi a terceira equipe que mais sofreu perdas – com 31.
8) Times especiais
Pouco falado as vezes, o time de especialistas costuma ter grande impacto em Super Bowls. Se formos olhar de dez temporadas para cá, várias vezes os times especiais decidiram um jogo, se podemos definir assim. Vale lembrar que o retorno de Devin Hester na primeira jogada do Super Bowl XLI foi o que manteve o vulnerável Bears vivo na partida por mais tempo; que o onside kick ordenado por Sean Payton na volta do intervalo do SB 44 deu o momento mais importante da partida para o Saints que terminou com a vitória; e que em 2013 e 2014, quando Ravens e Seahawks venceram, respectivamente, cada um teve um retorno de kickoff para TD.
É bom observar que, por mais que os especialistas de Broncos e Panthers não sejam dos mais badalados, eles têm peças que podem aparecer: em Denver, Brandon McManus está na melhor temporada da carreira e já venceu jogos com as pernas em 2015 e Britton Colquitt foi muito bem na final da AFC ao deixar Tom Brady três vezes dentro a linha de 12 jardas de seu próprio campo. Isso para não falar em Cody Latimer e Kayvon Webster que são sempre ameaças nas coberturas. No lado de Carolina, o K Graham Gano vem em um de seus melhores anos e pode ser um fator positivo para a franquia. No mais, não podemos nos esquecer que Ted Ginn Jr., mesmo com problemas como recebedor, tem muita velocidade e explosão em seus retornos.
Em um confronto tão disputado, e que é marcado principalmente pela solidez de ambas as defesas, apostar em uma surpresa pode ser o caminho para a glória; e os times especiais estão sempre a disposição.
9) Jared Allen e DeMarcus Ware
Dois nomes merecem receber destaques individuais neste Super Bowl: J. Allen e D. Ware. Vale ressaltar que ambos estão entre os três jogadores ativos que mais têm sacks na carreira (Allen com 136 e Ware com 134,5) e que seus nomes devem aparecer no Hall da Fama em alguns anos.
Por que estou falando deles?
Pois em todas as épocas da NFL temos jogadores que merecem ganhar um Super Bowl mas acabam não conseguindo chegar lá. Atualmente, Allen e Ware se encontram nessa lista. Felizmente (e merecidamente), depois de domingo, um deles não terá mais que se preocupar com isso.
10) O que o título significa para as franquias
Como falado, o sentimento de nostalgia paira sobre os fãs do Broncos ao saberem que um de seus grandes QBs da história pode se aposentar após um título de Super Bowl. Contudo, o significa desta final vai ainda mais além para a franquia do Colorado. Tenha em mente que esta pode ser a sexta derrota do Denver Broncos em Super Bowls, o que deixaria a equipe ainda mais isolada no topo do quesito “vice-campeonato”. Ser campeão no domingo seria uma nova redenção para Denver, que não levanta o Troféu Vince Lombardi desde 1992.
Enquanto o Broncos está acostumado a disputar SB (este será o oitavo), o Carolina Panthers entrará em campo para disputar o jogo “como se fosse a primeira vez”. O time de Charlotte já disputou um, em 2003, quando foi derrotado pelo New England Patriots. Desde então, mais nada. Apenas temporadas fracassadas, que tiveram seu ápice (e fim ao mesmo tempo) ao término da temporada de 2010, quando o Panthers foi o pior time da Liga e garantiu a primeira escolha do Draft do ano seguinte (a qual acabou colocando Cam Newton por lá). Desde então tudo vem sendo totalmente diferente. O Super Bowl 50, caso seja vencido pelo Carolina Panthers, concretizará uma das reconstruções mais espetaculares da era recente da NFL.
Por Caio Miari
Texto escrito para o site Liga dos 32
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