Chegamos à oitava semana da temporada 2019 da NFL, o que para a maioria das equipes significa que meio campeonato foi disputado.
Falando em quantidade de confrontos disputados, todos os quarterbacks recrutados em primeira rodada em 2017 e 2018 completaram pelo menos 16 jogos profissionais (ou seja, o período de um campeonato completo). Por isso, resumi e comparei a carreira de cada um deles até agora, neste artigo.
Ademais, enquanto os prêmios de meio de temporada esperarei até a conclusão da semana 9 para, como de costume, aqui opinar (assim, todas as equipe terão oito partidas disputadas), mais uma rodada da liga trouxe diversos destaques.
Comentei os 10 fatos que mais me chamaram atenção da rodada abaixo.
A melhor vitória dos 49ers
Um dos invictos da NFL após oito semanas, o San Francisco 49ers chegou à rodada com provavelmente o maior desafio pela frente: o Carolina Panthers. E a forma como os 49ers triunfaram mostra que o momento da equipe, no fim das contas, é exatamente como esperado (talvez até melhor).
Os Panthers acumulavam quatro triunfos seguidos, e foram goleados por 51-13 pelos 49ers — a primeira vez que San Francisco anotou 50/+ pontos desde 2003.
O triunfo da franquia californiana foi marcado, como de costume, por ótima atuação dos running backs e sistema defensivo.
Como 232 jardas corridas, San Francisco totalizou a terceira maior marca da temporada até aqui. Tevin Coleman foi o responsável por 105 dessas, além de quatro touchdowns anotados por ele (três terrestres), em 11 carregadas na tarde. Coleman foi um dos três corredores dos Niners com pelo menos nove corridas.
Além disso, em mais um confronto o grupo comandado por Kyle Shanahan brilhou defensivamente. Liderados pelo calouro Nick Bosa (três sacks e uma interceptação), os 49ers tiveram sete sacks, nove hits em Kyle Allen, três turnovers forçados e 230 jardas cedidas.
Detalhe: com os 13 pontos sofridos, San Francisco agora soma 23 pontos totais permitidos nas últimas quatro partidas.
Os Panthers estavam em plena ascensão e almejando re-aparecer no grupo das equipes mais competitivas da NFC. Nada disso foi páreo para os 49ers, que, mais do que nunca, figuram no topo desse pelotão.
Watson fez mágica mais uma vez
O Houston Texans precisou de 14 pontos no último período para derrotar o Oakland Raiders por 27-24 e voltar a vencer depois de revés na semana 7. E uma nova campanha para virar o jogo nos minutos decisivos da partida veio com a mágica de Deshaun Watson, algo recorrente nesta temporada.
O touchdown da virada dos Texans aconteceu em conexão de nove jardas de Watson para Darren Fells. Na jogada, Watson teve que sair do pocket, foi atingido no olho por um chute, e ainda assim “tirou um coelho da cartola” para encontrar seu alvo na end zone.
Depois disso, os Raiders não conseguiram pontuar e devolveram a bola para os Texans com basicamente quatro minutos restantes. Impulsionado pelo talento under center e corridas pontuais de Carlos Hyde, Houston queimou o relógio com sucesso.
Foi mais um dia espetacular para Watson, que segue fazendo jogadas necessárias para que seu time triunfe e que, ao mesmo tempo, colocam-no indiscutivelmente nas conversas de MVP do campeonato.
Uma vitória com a cara dos Packers de LaFleur
O Green Bay Packers derrotou o Kansas City Chiefs por 31-24 no Arrowhead Stadium, infelizmente em um duelo que não colocou frente a frente Aaron Rodgers e Patrick Mahomes, mas que teve a cara da equipe comandada por Matt LaFleur por mais uma semana.
Os Packers triunfaram no Sunday Night Football impulsionados pelo brilho de Rodgers, envolvimento dos running backs no plano de jogo e com a defesa cedendo jardas/forçando turnovers.
De fato, não foi um excelente dia para o sistema defensivo de Green Bay, que permitiu 337 jardas corridas para um ataque que não conta com um jogo corrido sólido e jogou com um quarterback backup. O fumble forçado em LeSean McCoy no terceiro período, no entanto, ilustrou o que os Packers fazem de melhor — e precisam — em 2019.
Verdade seja dita, o substituto de Mahomes — Matt Moore —, teve um sistema ofensivo ajustado e encaixado no confronto e soube comandar bem o ataque dos Chiefs, majoritariamente com passes curtos usando a velocidade dos recebedores.
Do outro lado da bola, Rodgers teve 305 jardas e três touchdowns, todos eles para running backs (Aaron Jones, 2, e Jamaal Williams, 1). Aliás, o touchdown de Williams é forte candidato a estar entre as melhores recepções da temporada após a semana 17.
A volta de Brees
A semana 8 da NFL marcou a volta de Drew Brees. O camisa #9 voltou com sólida atuação diante do Arizona Cardinals (34/43 nos passes, 373 jardas, 3 TDs, 1 INT), comandando o New Orleans Saints ao triunfo por 31-9.
E Brees também contou com apoio nos dois lados da bola para triunfar.
Latavius Murray, o qual substituiu Alvin Kamara novamente, totalizou 30 toques na bola, 157 jardas e dois touchdowns. Além dele, Michael Thomas teve um dia comum para ele, com 11 recepções, 112 jardas e um touchdown. Tenha em mente que Thomas agora acumula 73 passes recebidos em 2019, o que o coloca em posição de terminar o ano com 146, que seria três a mais que o recorde histórico de Marvin Harrison.
Por fim, o sistema defensivo dos Saints limitou os Cardinals a 237 jardas e 10 first downs. Como o time fez isso? Bastou anular o ataque terrestre de Arizona, que produziu apenas 40 jardas totais em 11 carregadas. Sem David Johnson, a equipe de Kliff Kingsbury ficou ainda mais limitada no backfield quando Chase Edmunds deixou o embate lesionado.
Uma sobrevida aos Eagles
Ir até Buffalo e derrotar os Bills não é algo fácil na NFL, especialmente quando a equipe da casa chega com campanha 5-1 e os visitantes amargam 4-5, com duas derrotas consecutivas.
Mas o Philadelphia Eagles não só derrotou os Bills fora de casa, como fez isso de forma dominante, por 31-13.
Apesar do começo desfavorável, o fumble forçado pelos Eagles na reta final do segundo período, as sólidas atuações de dois nomes cruciais que vinham em baixa (Fletcher Cox e Malcolm Jenkins) e o aproveitamento de Carson Wentz e companhia na red zone (3/4), foram determinantes para a a vitória dos Eagles.
Embora o fumble tenha mudado o momento do embate a favor dos visitantes, foi o jogo corrido de Philadelphia que ditou o triunfo. Com 218 jardas terrestres ao todo, os Eagles se tornaram o primeiro adversário a obter 200/+ jardas carregadas contra os Bills na era Sean McDermott.
Enquanto isso, Buffalo continua vendo uma lenta (se tanto) evolução de Josh Allen, o qual completou menos de 50% dos passes que tentou (16/34) e sofreu mais um turnover. Allen agora sofreu ao menos um turnover em 15 das 18 partidas que foi titular na NFL.
Os problemas dos Bears continuam
O Chicago Bears em geral foi melhor do que o Los Angeles Chargers, correu bem com a bola, teve a defesa dominante e quase voltou a vencer na temporada, sendo derrotado por 17-16 com Eddy Pineiro errando o field goal de 41 jardas pare vencer o confronto na última jogada.
O erro de mais um field goal dos Bears, o segundo de Pineiro no embate, ilustra um dos problemas da equipe de Matt Nagy, neste caso um carregado desde a temporada 2018.
Falando em Nagy, o head coach, criticado por não correr mais vezes com a bola na semana 7, deu a David Montgomery 27 carregadas, e viu o calouro com a melhor atuação da carreira até agora (135 jardas e um touchdown). Contudo, o fato de Nagy ter optado por queimar os 40 segundos finais do relógio na linha de 21 jardas do adversário, ao invés de centralizar a bola em campo e/ou ganhar algumas jardas (o que para um kicker instável em um gramado natural como o do Soldier Field muda muito), merece questionamentos.
Ademais, Mitchell Trubisky deixou a desejar por mais uma semana. A mobilidade do quarterback faz dele uma peça interessante em jogadas específicas, mas em geral Trubisky segue abaixo do que os Bears esperam — e precisam — dele.
O camisa #10 teve cinco jogadas dentro da linha de cinco jardas de Los Angeles no final do primeiro tempo e não marcou touchdown, sofreu dois turnovers no último período e desperdiçou confrontos individuais de seus recebedores com lançamentos muito longos e/ou sem direção.
Brissett e Vinatieri garantem a vitória dos Colts
Não foi uma bela vitória do Indianapolis Colts sobre o Denver Broncos no domingo. Um 15-13, desta vez sem o ataque conseguir mover a bola facilmente e com o adversário “a pequenos detalhes” de conseguir o triunfo, não é exatamente o que se espera de um time que almeja competir na AFC durante o mês de janeiro.
A quinta vitória dos Colts em 2019, ocorreu de forma emocionante, com Jacoby Brissett protagonizando uma das grandes jogadas de sua carreira e Adam Vinatieri convertendo o field goal determinante.
Vale ressaltar, no entanto, que o desfecho do duelo no Lucas Oil Stadium não parecia estar no roteiro.
Brissett ficou limitado a apenas 202 jardas, sofreu quatro sacks e perdeu um fumble. E Vinatieri errou dois chutes durante o jogo, um field goal e outro extra point. Fica claro que o veterano de 46 anos está longe de sua forma ideal em 2019.
Mas as limitações dos Broncos e poder decisivo de Indianapolis fizeram com que Frank Reich e companhia triunfasse. Como?
Primeiro, Brissett liderou uma campanha brilhante para fechar a partida, em sete jogadas, 56 jardas e pouco mais de um minuto. Entre os sete lances que marcharam os Colts no campo até a posição de chute, um deles foi esse:
Mas as jogadas decisivas de Brissett teriam sido em vão se não fosse o field goal vitorioso de 51 jardas de Vinatieri. Detalhe: foi o field goal para vencer um jogo mais longo da carreira do camisa #4.
Uma enorme volta por cima de dois dos líderes individuais do atual Colts.
O primeiro real desafio dos Patriots
O New England Patriots se manteve invicto na semana 8 ao derrotar o Cleveland Browns por 27-13 no Gillette Stadium. E a 300ª vitória da carreira de Bill Belichick marcou o começo da sequência de oponentes mais complicados dos Patriots nesta temporada.
Até agora em 2019, os Browns foram o time com mais talento individual enfrentado pelos atuais campeões. Contudo, ficou claro que o fator coletivo de um dos lados, principalmente pela disparidade dos dois head coaches, pesou para o time da casa na ocasião.
A defesa dos Patriots, a qual anotou um touchdown e forçou três turnovers, foi o ponto forte do grupo de Belichick novamente. Essa ainda foi responsável por cinco sacks em Baker Mayfield.
A distribuição de jogo e mínima quantidade de erros de Tom Brady, como de costume, não mudaram o momento da partida contra New England, ao contrário de Cleveland, que acabou sofrendo os três turnovers em três snaps ofensivos consecutivos no primeiro período.
De um modo geral, a linha ofensiva dos Patriots mostrou fragilidade, tanto na proteção ao quarterback quanto abrindo espaço para os running backs. Do outro lado da bola, apesar de mais uma atuação decisiva, o sistema defensivo de New England foi dominado nas trincheiras, permitindo 131 jardas em 20 carregadas a Nick Chubb.
Tudo isso estará ainda mais em teste para os Pats a partir de agora.
Baltimore Ravens, Philadelphia Eagles, Dallas Cowboys, Houston Texans e Kansas City Chiefs, nesta ordem, são os próximos rivais dos Patriots.
Matt Schaub
Você se lembra de Matt Schaub? Sim, aquele mesmo que fez carreira nos Texans depois de ter sido recrutado pelo Atlanta Falcons…
Então, Schaub tem 38 anos de idade, está em sua 15ª temporada na NFL e, nesta semana 8, voltou a ser titular em uma partida (primeira vez desde 2015).
Outrora líder da NFL em passes tentados, passes completados e jardas aéreas (4.770, em 2009), Schaub saiu de campo derrotado pelo Seattle Seahawks no domingo, mas terminou a rodada como o líder de jardas aéreas, 460, em 52 lançamentos feitos.
Sim, isso vale um destaque.