Um dos melhores times da semana 5 da NFL, apesar da derrota, foi o Seattle Seahawks. O time jogou de igual pra igual contra o invicto e sólido Los Angeles Rams. A defesa de Seattle segue oscilando e, especialmente contra o ataque de Sean McVay, alguns defeitos ficaram mais evidentes. Mas no ataque, a equipe não sofreu turnover mais uma vez, ultrapassou os 30 pontos marcados pela primeira vez no ano e, mais importante, correu bem com a bola.
Aliás, o jogo terrestre do Seattle Seahawks merece destaque após cinco rodadas. Estamos falando de um setor que tem média de 122,4 jardas corridas por jogo, 8ª melhor marca da NFL. A média de jardas de 4,3 por corrida é sólida, especialmente por se tratar de um ataque que tem Russell Wilson. Méritos também para a linha ofensiva, a qual teve seu melhor desempenho em anos contra os Rams. Essa ainda tem muita coisa a ser corrigida, mas demonstra certa evolução.
O ataque corrido dos Seahawks, então, vem sendo o principal trunfo do time no campeonato. Afinal, os Hawks investiram em um RB na primeira rodada do Draft 2018. (Nada disso!) Acredite ou não, mas em um jogo terrestre que está entre os melhores da NFL, Rashaad Penny, o primeiro escolhido de Seattle neste ano, é apenas o terceiro nome. Até agora, Chris Carson vem roubando a cena, e Mike Davis surgiu como uma grata surpresa. Como eu havia dito há alguns meses, o Seattle Seahawks errou ao recrutar Rashaad Penny na primeira rodada.
Como Penny foi aproveitado até agora
Rashaad Penny totaliza 29 corridas e quatro recepções na temporada até agora. Esses 33 toques na bola resultaram em 127 jardas totais, sendo 92 corridas. Sua média de jardas por tentativa é de 3,2 e sua corrida mais longa do campeonato foi de 15 jardas. Em todos os quesitos, Penny está abaixo dos outros corredores do elenco.
Mike Davis, o running back nº2, tem 36 corridas, 172 jardas (média de 4,8 jardas por carregada) e três touchdowns. O titular Chris Carson já correu 64 vezes, totalizando 298 jardas (4,6 jardas por corrida) e um TD. Carson ainda acumula 61 jardas recebidas.
Como visto, Penny não vem sendo muito acionado durante os confrontos – e isso talvez fique ainda pior com os fatos a seguir. Todas as quatro recepções dele foram na semana 1. Contudo, isso é o menos importante neste caso pois o Seattle Seahawks deveriam saber que o running back nunca foi ótimo recebendo passes no college football. No mais, Penny ainda não sabe o que ter mais de dez corridas em um jogo e em dois confrontos ficou abaixo das duas jardas por carregada em média. Na semana 5 contra os Rams, não entrou em nenhum snap ofensivo.
Ou seja, Rashaad Penny tem sido um mero coadjuvante neste ataque terrestre.
O problema não é Rashaad Penny
Rashaad não era o running back mais promissor no draft quando o Seattle Seahawks o chamou. Sim, ele era alguém com características peculiares à franquia desde que Pete Carroll assumiu. Todavia, verdade seja dita, pudemos ver na pré-temporada que Penny é um corredor talentoso. Até mesmo neste campeonato regular, o camisa #20, em lampejos, mostra que tem potencial infinitamente maior que Carson e Davis. Se bem desenvolvido, Rashaad Penny não será um corredor comum.
O problema é que esse processo aparentemente está na contramão da NFL. As carreiras de running backs estão cada vez mais em pauta na liga. No caso daqueles que podem ter salários maiores (algo comum entre altas escolhas de draft), mais ainda. Isso pois os corredores, infelizmente, estão ficando menos valiosos no futebol americano profissional nos dias de hoje.
Um fato rápido sobre isso: apenas um dos cinco RBs que mais tiveram jardas corridas nesta semana 5 foi escolhido acima da segunda rodada. Estou falando de Sony Michel, chamado abaixo de Penny. Entre os outros quatro, um nem foi draftado e outro recrutado em sétima rodada (justamente Chris Carson).
As questões contratuais envolvendo Le’Veon Bell, o qual é um dos melhores jogadores da NFL, também refletem isso. E o mesmo pode ser dito tendo o draft passado como base. Em 2017, vimos Alvin Kamara vencendo o prêmio de Calouro Ofensivo do Ano e Kareem Hunt liderando a liga em jardas corridas. Hoje, Kamara é um dos líderes de TD da NFL e Hunt titular em Kansas City. Ambos foram recrutados na terceira rodada.
Casos como os de Ezekiel Elliott, Saquon Barkley, justificam tamanho investimento. Entretanto, quando seu time precisa de reforços em várias posições, o risco dessas decisões é alto. Os Seahawks são mais uma prova disso.
Os Seahawks poderiam ter tomado decisão melhor
Seattle não teve escolha de segunda rodada no Draft 2018. Seria uma má ideia trocar a 27ª escolha geral? Tenha em mente que nem os cornerbacks e nem os pass rushers disponíveis no momento valeriam a opção. Derrius Guice, Nick Chubb, Royce Freeman, Kerryon Johnson, todos eles estariam livres ainda na segunda rodada. E nomes como Nyheim Hines e Ito Smith, os quais caíram ainda mais, idem. Mesmo com as lesões dos RBs em 2017, a posição de running back não deveria ser o foco dos Seahawks na primeira rodada deste ano, tampouco Rashaad Penny a opção inicial.
O Seattle Seahawks tem o melhor jogo corrido da NFL nas últimas três rodadas, liderado por uma 249ª escolha geral. O reserva imediato foi chamado em uma quarta rodada. Apenas o terceiro nome na lista é o novato de primeira rodada.
De fato, Penny irá desenvolver e terá mais chances de engrenar. Quero que isso aconteça. Mas ele estará em Seattle daqui a quatro ou cinco anos? Para isso, ele terá que ser um dos principais corredores da NFL para tentar (!) assegurar um novo contrato. Não existe garantia quando falamos em RBs. A produção que Rashaad Penny terá até o fim do seu primeiro contrato, nomes menos valiosos podem (e devem) ter também.
No fim das contas, o caso de Rashaad Penny é outro que deve ter o desfecho que todos deveriam saber: o running back tratado apenas como mais um. Infelizmente. O problema para o Seattle Seahawks é que a franquia investiu uma escolha de primeira rodada nele em um momento inapropriado, tanto da equipe quanto da NFL.