Um dos atrativos mais interessantes nas temporadas da NFL são os calouros. Afinal, ver a adaptação do futuro da liga, ano após ano, é a chance de ver a história sendo escrita. Não por acaso, o recrutamento do futebol americano é levado tão a sério pelas franquias. Por um lado, podemos acompanhar o surgimento de uma dinastia. Há também a possibilidade de um fracasso, como já vimos no passado. É um jogo de apostas. E no Draft 2018 vimos uma das grandes classes dos últimos tempos.
Assim sendo, como de costume, é hora de avaliar como cada calouro de primeira rodada se saiu em 2018. Adianto que as notas para os nomes de segunda rodada já estão em preparação. Bem como a dos principais nomes do terceiro round para baixo. Como citado no primeiro parágrafo, há muito a ser falado sobre o Draft 2018.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa: um comentário e uma nota para cada um dos 32 primeiros prospectos do ano passado.
Para as notas dos prospectos, tenha em mente expectativas, impacto para o time, participação do atleta e investimento da equipe no jogador.
1) Baker Mayfield, quarterback, Cleveland Browns
Se Baker Mayfield tivesse sido o titular do Cleveland Browns desde a semana 1, não é um absurdo imaginar que o time competisse pelos playoffs até a última rodada. O que é impressionante se considerarmos que Cleveland não venceu nenhum jogo em 2017. Sim, Mayfield terminou com campanha negativa (6-7). Mas a liderança e personalidade do ex-Oklahoma dentro de campo era exatamente o que os Browns precisavam. Em 14 partidas disputadas, Mayfield totalizou 3.725 jardas e 27 touchdowns, quebrando o recorde de TDs lançados por um calouro. Ele ficou em segundo lugar no prêmio de Calouro Ofensivo do Ano e, enfim, deu uma real esperança aos Browns.
Nota: A
2) Saquon Barkley, running back, New York Giants
Saquon Barkley totalizou 2.000 jardas de scrimmage e 15 touchdowns como calouro. Apesar dos números espetaculares, a impressão que ficou é que Barkley pode ser ainda melhor — quem assistiu aos jogos dos Giants sabe disso. Com uma linha ofensiva melhor e mais experiência na liga, o ex-Penn State pode fazer ainda mais história. Por ora, ele ficou com o prêmio de Calouro Ofensivo do Ano.
Nota: A+
3) Sam Darnold, quarterback, New York Jets
O New York Jets viu do que Sam Darnold é capaz. O problema para a franquia é que isso aconteceu em forma de lampejos. Por outro lado, a terceira escolha geral ficou marcada pelas interceptações. Foram 15 em 13 jogos disputados. No mais, Darnold venceu quatro partidas e lançou para 2.865 jardas e 17 TDs. Ficou claro, em erros e leituras de jogadas, a inexperiência de Darnold. Os Jets foram melhores com ele em campo, o que norteia a equipe para o futuro. Porém será preciso uma considerável evolução — e consistência — para que o camisa #14 confirme as expectativas.
Nota: B-
4) Denzel Ward, cornerback, Cleveland Browns
A temporada de Denzel Ward só não foi perfeita pois ele perdeu três jogos devido à duas concussões. Inteligente, instintivo e habilidoso, Ward totalizou 53 tackles, três interceptações, 11 passes defendidos e um fumble forçado. Ele também foi eleito ao Pro Bowl. Além disso, algo que os números não mostram, ficou a impressão de que os quarterbacks adversários evitavam lançar na cobertura do novato. Um pouco mais de experiência e o camisa #21 será um dos ótimos cornerbacks da NFL, exatamente como esperávamos após o draft.
Nota: A-
5) Bradley Chubb, defensive end, Denver Broncos
12 sacks como calouro, a segunda maior marca da história entre primeiro-anistas. Em Bradley Chubb, o Denver Broncos encontrou exatamente o que queria: um nome confiável do lado oposto ao de Von Miller na linha. Ficou claro por que o nome de Chubb era cotado entre os principais prospectos da classe. Por que os Broncos o recrutaram sem hesitar, idem. O camisa #55 deve liderar a liga em sack em um futuro próximo
Nota: A
6) Quenton Nelson, guard, Indianapolis Colts
Barkley, Mayfield e Quenton Nelson. Assim ficou o Top 3 para a votação do prêmio de Calouro Ofensivo do Ano. E, acredite, o offensive lineman talvez merecesse até mais. O que vimos de Nelson em 2018 foi algo que há muito tempo os torcedores do Indianapolis Colts não presenciavam entre bloqueadores. Ele foi a referência e melhor jogador de uma linha ofensiva que começou o ano com incertezas e terminou como uma das melhores da NFL.
Nota: A+
7) Josh Allen, quarterback, Buffalo Bills
Faltou equilíbrio/consistência para Josh Allen nas partidas em que esteve em campo. Além disso, vale ressaltar, ele sofreu uma lesão no braço que o custou quatro partidas. Por outro lado, a mobilidade de Allen impressionou — ele totalizou 631 jardas e liderou a NFL em touchdowns terrestres entre QBs na temporada, com oito. De resto, mostrou algumas boas leituras e confirmou um dos braços mais potentes da liga nos últimos anos. Em meio a altos e baixos, Allen surpreendeu.
Nota: B-
8) Roquan Smith, linebacker, Chicago Bears
A forma como Roquan Smith entende as jogadas, livra-se dos bloqueios e executa tackles, em todas as partes do campo, impressiona. 122 tackles totais, cinco sacks, cinco passes defendidos e uma interceptação. Assim foi a primeira temporada de Smith na NFL. Ter jogando na melhor defesa da liga certamente ajuda em tudo isso. Mas o ex-Georgia passou no teste. Estamos falando do melhor linebacker do college football em 2017 e da oitava escolha geral. Portanto, a cobrança é maior. Esperava dar um A para Smith neste caso. Porém, o camisa #58 deve melhorar ainda mais em um futuro próximo.
Nota: B+
9) Mike McGlinchey, offensive tackle, San Francisco 49ers
A temporada 2018 foi decepcionante para o San Francisco 49ers. Em um ano marcado por más notícias semana após semana, Mike McGlinchey foi uma das gratas surpresas da franquia. Ótimo para o jogo corrido e em plena evolução na proteção do quarterback, McGlinchey se provou como right tackle pelos Niners.
Nota: B+
10) Josh Rosen, quarterback, Arizona Cardinals
Dos quarterbacks recrutados na primeira rodada, Josh Rosen foi o pior. Aliás, o primeiro ano de Rosen na liga foi muito abaixo da média. Muitos turnovers, muitos sacks, leituras falhas e pouca inspiração. Houve um lampejo ou outro por parte do camisa #3; pouco pelo que era esperado. Em 13 partidas como titular, venceu três e totalizou 11 TDs e 14 INTs. Se existe algo que “salva” Rosen neste caso é que ele esteve rodeado por um técnico limitado (de mentalidade defensiva), um coordenador ofensivo demitido com a temporada em andamento, uma linha ofensiva vulnerável e um grupo de recebedores sem grande variedade. É difícil concretizar algo sobre o futuro de Rosen após 2018. Será preciso esperar mais alguns meses.
Nota: D
11) Minkah Fitzpatrick, defensive back, Miami Dolphins
Por incrível que pareça, o instinto, as leituras e a versatilidade de Minkah Fitzpatrick talvez tenham superado às expectativas em seu primeiro ano na NFL. A secundária do Miami Dolphins não fez uma boa temporada, mas Fitzpatrick teve pequena culpa nisso — até porque, inexplicavelmente, sua participação foi limitada na primeira metade do campeonato. O camisa #29 deve ser uma das referências da nova defesa de Miami sob o comando de Brian Flores.
Nota: B+
12) Vita Vea, defensive tackle, Tampa Bay Buccaneers
Falávamos de Vita Vea como um dos principais jogadores do Draft 2018. O Tampa Bay Buccaneers o recrutou, então, para ser um “monstro” na linha defensiva. Isso não aconteceu. Vea teve lampejos que deixaram claro o que ele pode se tornar na NFL. Mas não foi um ótimo primeiro ano — e muito disso tem a ver também com a lesão sofrida pelo camisa #50 durante o Training Camp, justiça seja feita.
Nota: B-
13) Daron Payne, defensive tackle, Washington Redskins
Daron Payne foi recrutado com a expectativa de equilibrar as coisas no interior da linha defensiva do Washington Redskins. Mais que isso, Payne deu sinais que deve ser uma certeza para a franquia nos próximos anos. De fato, as leituras de jogada do camisa #95 podem melhorar. Mas tenha em mente o quanto é complicado ser um defensive tackle novato na NFL atualmente. Ainda assim, Payne totalizou 35 tackles, cinco sacks, três passes defendidos e um fumble forçado, sendo titular em todas as partidas da temporada.
Nota: A-
14) Marcus Davenport, defensive end, New Orleans Saints
A troca protagonizada pelo New Orleans Saints pela 14ª escolha geral para recrutar Marcus Davenport segue sem ser justificada. Entretanto, vimos em alguns momentos que o instinto de Davenport como pass rusher é incrível. Como citado antes do Draft 2018, o ex-UTSA precisa ser lapidado. Em 13 partidas disputadas, ele totalizou 21 tackles, 4,5 sacks, dois passes defendidos e um fumble forçado.
Nota: B-
15) Kolton Miller, offensive tackle, Oakland Raiders
Kolton Miller não só foi o pior calouro de primeira rodada em 2018, como também esteve entre os piores bloqueadores da NFL na temporada. Miller permitiu 16 sacks — e mais de 40 pressões —, de acordo com o Pro Football Focus. Além disso, batalhou contra lesões, as quais já deixam a longevidade do bloqueador em pauta para o futuro. De cabeça, lembro-me somente de uma atuação boa do camisa #77, contra os Colts. A nota de Miller só não foi pior pois o ataque do Oakland Raiders como um todo foi desregulado e, normalmente, os calouros são os que sofrem maior impacto com isso.
Nota: E
16) Tremaine Edmunds, linebacker, Buffalo Bills
O potencial de Tremaine Edmunds ficou claro desde a semana 1 da temporada. Com a experiência adquirida semana após semana, então, ele fez jus às expectativas dentro de campo. Não por acaso, foi nomeado o Calouro Defensivo do Mês em dezembro. Edmunds liderou o Buffalo Bills em tackles e, junto a Bobby Wagner, foram os únicos jogadores da NFL a totalizarem 90/+ tackles, 10/+ passes defendidos e 2/+ fumbles forçados.
Nota: A-
17) Derwin James, safety, Los Angeles Chargers
Entre os defensores escolhidos na primeira rodada, nenhum foi melhor que ele. Pro Bowl, All Pro… A inteligência, o instinto e a explosão de Derwin James fez dele um dos líderes da defesa do Los Angeles Chargers. A versatilidade, idem, a qual permitiu que ele atuasse em alto nível em várias funções. O resultado: James foi titular em todas as partidas, liderou a franquia em tackles (105) e ainda contribuiu com 3,5 sacks e 13 passes defendidos.
Nota: A+
18) Jaire Alexander, cornerback, Green Bay Packers
A secundária do Green Bay Packers, enfim, parece estar na direção certa. Parte disso certamente passa pelos desempenhos de Jaire Alexander, que foi sólido em um dos lados da secundária. E mais: ele se mostrou confiável perto da linha de scrimmage também. Alexander ficou fora de dois jogos devido à uma lesão e teve apenas uma interceptação em 2018. Contudo, obteve 66 tackles e 11 passes desviados. O talento do camisa #23 é indiscutível.
Nota: B
19) Leighton Vander Esch, linebacker, Dallas Cowboys
Leighton Vander Esch esteve à disposição do Dallas Cowboys pelos 16 jogos do campeonato, tendo sido titular em 11. Nesse curto período de tempo, firmou-se como um dos principais linebackers da liga. Como consequência disso, terminou no Pro Bowl e no segundo All Pro Team da NFL. Dentro das quatro linhas, foi crucial para a classificação dos Cowboys aos playoffs. Os 140 tackles, sete passes defendidos e duas interceptações do ex-Boise State fizeram com que os torcedores de Dallas esquecessem as vaias do dia do Draft 2018.
Nota: A
20) Frank Ragnow, offensive lineman, Detroit Lions
2018 foi um sólido ano para Frank Ragnow. O ex-Arkansas foi titular nas 16 partidas da temporada, ficou fora de apenas um snap ofensivo em todo o campeonato e cometeu poucos erros. Aliás, Ragnow foi um dos principais responsáveis pela evolução do jogo terrestre dos Lions em comparação aos últimos anos. A proteção para o passe pode melhorar. No entanto, isso é natural para um OL de 22 anos de idade.
Nota: B+
21) Billy Price, center, Cincinnati Bengals
Billy Price claramente precisa de mais tempo para se acostumar à dinâmica da NFL. Seu começo de temporada até foi sólido para um estreante na NFL, porém uma lesão na semana 2 o custou seis partidas ao longo do campeonato. Quando retornou, foi o center titular da instável linha ofensiva dos Bengals. Foi titular mas não atuou no nível esperado.
Nota: D+
22) Rashaan Evans, linebacker, Tennessee Titans
Em momentos, pudemos ver o talento de Rashaan Evans em campo. O problema é que, no ano como um todo, o defensor não teve consistência em suas atuações. As lesões atrapalharam, é verdade, porém as expectativas dos Titans eram altas para com Evans em 2018. O desempenho geral de Evans foi OK, o que significa abaixo da média para um prospecto de primeira rodada.
Nota: B-
23) Isaiah Wynn, offensive lineman, New England Patriots
Isaiah Wynn sofreu uma lesão no joelho e sequer entrou em campo durante a temporada regular.
Nota: sem nota
24) D. J. Moore, wide receiver, Carolina Panthers
Na medida em que a temporada se desenrolou, D. J. Moore mostrou aos torcedores em Carolina do que é capaz. Aquele recebedor que totalizou 13 recepções nas primeiras seis semanas terminou o campeonato como uma grande ameaça no ataque dos Panthers. Moore impressiona nas jardas após a recepção. E a tendência é que ele evolua ainda mais nos próximos anos.
Nota: B
25) Hayden Hurst, tight end, Baltimore Ravens
O primeiro ano de Hayden Hurst não foi bom. Primeiramente, ele ficou ausente dos quatro primeiros jogos do campeonato com uma lesão. Depois disso, perdeu espaço para o também novato Mark Andrews. Por fim, Hurst não teve um exímio passador under center, apesar de ter subido de produção com Lamar Jackson passando a bola. As expectativas iniciais não foram alcançadas pelo camisa #81.
Nota: C-
26) Calvin Ridley, wide receiver, Atlanta Falcons
O começo de campeonato de Calvin Ridley foi fulminante. Em três jogos, ele anotou seis touchdowns. Contudo, a medida que a temporada passou, Ridley caiu de produção (melhor dizendo, voltou à normalidade) — e isso certamente tem a ver com as instabilidades dos Falcons. De um modo geral, auxiliado pelo impacto de Julio Jones e Mohamed Sanu em campo, Ridley justificou o investimento de Atlanta. O camisa #18 liderou os recebedores calouros em recepções (64), jardas recebidas (821) e TDs (10).
Nota: B+
27) Rashaad Penny, running back, Seattle Seahawks
Rashaad Penny foi mais um jogador de rotação do que o principal running back do elenco do Seattle Seahawks. O corredor sofreu uma lesão no começo do ano, viu Chris Carson assumir a titularidade e depois disso viveu de lampejos. Em momentos, vimos por que Penny foi a primeira escolha de Seattle em 2018. Mas não na temporada como um todo. Os Seahawks foram o único time da NFC com pelo menos três jogadores com 400/+ jardas corridas. O ruim para Penny é que ele foi o terceiro desta lista em todos os quesitos: jardas, TDs e carregadas.
Nota: C
28) Terrell Edmunds, safety, Pittsburgh Steelers
A opção dos Steelers por Terrell Edmunds na primeira rodada ainda possibilita questionamentos. Todavia, é inegável que o novato tenha passado no teste em seu primeiro ano profissional. Edmunds demonstrou resiliência no decorrer da temporada, foi capaz de executar múltiplas funções e em breve será o titular absoluto da posição em Pittsburgh. 75 tackles, quatro passes defendidos, um sack, uma interceptação e o líder da equipe em snaps. Assim foi o ano nº 1 de Edmunds na NFL.
Nota: B
29) Taven Brian, defensive tackle, Jacksonville Jaguars
A ideia de que Taven Brian iria acrescentar profundidade à um front seven já completo deu errado. O Jacksonville Jaguars teve um ano decepcionante. Brian, idem. O novato não teve muitas oportunidades, é verdade, porém quando esteve em campo não empolgou. O sack conseguido por ele na semana 17 foi como uma “luz no fim do túnel” para seu segundo ano na liga. Como primeiro-anista, Brian não produziu e nem foi acionado como uma escolha de primeira rodada.
Nota: D-
30) Mike Hughes, cornerback, Minnesota Vikings
A estreia de Mike Hughes na NFL ficou marcada com uma interceptação retornada para touchdown. O problema para Hughes foi que na semana seis ele rompeu os ligamentos do joelho e não jogou mais em 2018. Quando em campo, o defensive back deu conta do recado e até contribuiu para o time de especialistas. Apesar de estar sem nota, o respaldo do primeiro ano de Hughes é positivo.
Esta foi a segunda temporada seguida que o primeiro prospecto escolhido pelos Vikings sofre uma lesão para encerrar a temporada.
Nota: sem nota
31) Sony Michel, running back, New England Patriots
Sony Michel se encaixou perfeitamente no sistema ofensivo do New England Patriots. Michel foi atrapalhado por lesões no começo do ano, porém, uma vez em campo, fez a diferença. Titular em oito partidas, o calouro liderou os Patriots em jardas corridas e foi crucial na caminhada do time até o Super Bowl. Bill Belichick foi feliz com a penúltima escolha da primeira rodada.
Nota: A-
32) Lamar Jackson, quarterback, Baltimore Ravens
O respaldo da temporada de Lamar Jackson é positivo. Afinal, o camisa #8 se tornou o titular absoluto do Baltimore Ravens depois de ter liderado a equipe aos playoffs em 2018. Jackson impressionou correndo com a bola e precisará trabalhar seus lançamentos para um futuro próximo. Em sete embates que foi titular, venceu seis e totalizou 11 touchdowns (cinco corridos) e três interceptações.
Nota: B+