A genialidade de Bill Belichick não é novidade para ninguém. Seja como head coach, seja como general manager, Belichick parece saber exatamente o que fazer no momento adequado. De fato, existem leves críticas quanto ao “padrão Belichick de ser”, o qual já custou alguns importantes jogadores aos Patriots, como Chandler Jones, por exemplo. Todavia, é inegável que todo o sistema imposto por Bill, por mais que instantaneamente levante questionamentos e incertezas, tem sido uma certeza na National Football League. E não é de hoje.
Toda a autoridade conquistada por Belichick em New England, nas 18 temporadas que está por lá, chega a passar medo aos adversários mesmo que apenas uma simples decisão seja tomada. É possível dizer que basicamente todas as trocas que os Patriots estiveram envolvidos recentemente o time saiu ganhando, mesmo sabendo que nenhuma superestrela foi contratada pela equipe. Diga-se de passagem, a pontualidade de Bill Belichick é justamente o que está em pauta neste momento – e ficou ainda mais evidente nesta offseason.
Brandin Cooks é um dos dez melhores wide receivers da NFL? Não, ele não é. Contudo, por que tanto se fala sobre sua ida para a Nova Inglaterra? Pois Belichick sabe o quanto ele será útil no sistema ofensivo dos Pats regido por Tom Brady. Esses recebedores menores, ágeis e explosivos são tudo que Robert Kraft tem buscado ultimamente, e isso não aconteceria se não fosse por Belichick.
Mas Cooks foi apenas o principal exemplo de um processo muito interessante protagonizado por Bill Belichick nesta offseason, incluindo a free agency e especialmente o Draft. Aquela ideia de trazer jovens talentos para a NFL não foi prioridade no dia do recrutamento de New England, e as escolhas da franquia deram lugar à nomes “baratos” e que têm mais chances de gerarem um resultado a curto prazo, que é o que os Pats realmente almejam neste momento.
Bellichick optou por não recrutar universitários, mas sim veteranos pontuais
Brandin Cooks por uma escolha de primeira rodada. Kony Ealy e Dwayne Allen valeram, respectivamente, uma escolha de segunda e quarta rodada. Mike Gillislee, por sua vez, veio por uma opção de quinta rodada. E desta forma o New England Patriots acrescentou ao seu elenco um wide receiver que todos os adversários devem temer a partir de agora, um defensive end que aparentemente ainda não encontrou seu auge na liga (mas não está tão distante disso), um ótimo segundo tight end e um running back que com certeza saiu barato pelo preço pago por ele.
Em outras palavras, antes do Draft 2017 oficialmente começar, os Patriots foram ao mercado, aproveitaram a posição de atual campeão que têm em seu elenco e recrutaram de uma forma diferente. Ao invés de apostar em nomes que acabaram de deixar o college football, New England, de acordo com suas principais necessidades, deu chance a jogadores que já têm certa experiência. Algo bastante parecido com o que George Allen fez nas temporadas de 1971/72 com os Redskins. E isso foi genial.
LEIA TAMBÉM: Os três melhores (e os três piores) times da offseason 2017 da NFL
Pare e pense: por melhor que Tom Brady esteja, todo cuidado é pouco para construir o melhor elenco possível ao seu redor e ter a chance de vencer novamente, certo? Assim sendo, Bill Belichick aparentemente percebeu que na atual conjuntura seria mais vantajoso recrutar veteranos pontuais do que jovens promessas. Em tese, o prazo para o resultado final de todas essas seleções foi encurtado, e New England manteve firmemente sua posição como o melhor time da NFL.
Dwayne Allen é um bom TE? Sim, especialmente se for colocado como o nº 2 em um elenco. Paralelamente a isto, acho que as opiniões sejam as mesmas quanto a Jake Butt, tight end de Michigan escolhido na 145ª posição do Draft 2017. O problema sobre Butt é quanto às lesões; contudo, se conseguir se manter saudável, tem um futuro promissor na NFL, possivelmente até a frente de Allen. Todavia, para o atual New England Patriots, o que compensava mais, colocar um tight end experiente e pronto para um ataque que deve usá-lo com certa frequência em cada jogo (isso para não lembrar das lesões de Gronkowski) ou um jovem que ainda precisa percorrer todas as etapas iniciais do nível profissional para então começar a se adaptar ao jogo? Como falado, as medidas de Belichick deverão ter mais resultado em curto prazo, que é exatamente o seu objetivo neste momento.
Mas os Patriots até chegaram a fazer quatro escolhas no Draft 2017, e elas mostraram novamente a inteligência de quem está por trás de tudo isso. Na 83ª posição, os Pats chamaram Derek Rivers (DE). Na 85ª, o nome da vez foi Antonio Garcia (OT). Mais tarde, respectivamente nas 131ª e 211ª colocações, foram Deatrich Wise Jr. (DE) e Conor McDermott (OT). A partir disso, conclui-se que Belichick pensou em pelo menos um pass rusher e um offensive lineman para o futuro – e fez duas tentativas para cada uma das funções.
Realmente, há tempos os Patriots não reuniam tanto talento
Recentemente, vi que vários analistas de futebol americano dos Estados Unidos cravaram que este New England Patriots é o melhor New England Patriots de todos os tempos no papel, e um dos melhores elencos dos últimos tempos. Mesmo que a princípio isso pareça exagero, é preciso reconhecer que faz total sentido.
Então quer dizer que ao lado de Tom Brady (que dispensa qualquer tipo de comentário) veremos Dion Lewis e James White formando uma dupla de running backs extremamente dinâmica e capaz de atuar em diversas funções no ataque. Entre os tight ends, Rob Gronkowski, o melhor da atualidade. No grupo de wide receivers, Julian Edelman, Brandin Cooks e Chris Hogan?! Isso para não falar em Danny Amendola e Malcolm Mitchell. E que tal a linha ofensiva, que não tem razões para não manter a sólida forma do ano passado.
Defensivamente falando, o pass rush recebeu um grande reforço em Kony Ealy e conseguiu segurar os outros pilares do setor. Atrás disso, a grande notícia para o time foi ter mantido Dont’a Hightower, que deverá infernizar os adversários ao lado de Rob Ninkovich por mais um ano. Por fim, a secundária manteve Malcolm Butler e ainda recebeu Stephon Gilmore, um dos principais defensive backs da free agency.
Tudo isso, sendo que a franquia teve a defesa mais sólida da NFL na temporada passada, fato que foi apenas um complemento para quem levantou o Troféu Vince Lombardi no último mês de fevereiro.
Então qual é o limite para este time?
Neste times dos Patriots, com exceção de Brady e um ou outro nome, dificilmente veremos um jogador All Pro, que estará no Hall da Fama futuramente. Além disso, pode-se dizer até que nenhum deles pode ser visto como o melhor de sua posição na atualidade. Contudo, o conjunto dos Patriots, devidamente organizado por Belichick, ao mesmo tempo faz com que cada um desses jogadores sejam perfeitos para os Pats. A impressão que fica é que qualquer tipo de ataque, qualquer tipo de confronto individual, qualquer tipo de invenção ofensiva, podem ser executados por este elenco. Sério.
Assim sendo – e isso incrivelmente já está se tornando tendência nesse Patriots, grandes suspeitas de uma nova temporada perfeita rodeiam o New England Patriots. Aquilo que já era bom, em tese, ficou ainda melhor; e o bicampeonato da franquia, algo que não acontece para New England desde 2003/04 é uma enorme realidade.
O New England Patriots é o exemplo certo de que organização no esporte, combinada com talento, gera frutos positivos. Gera vitórias. Gera títulos. Para isso, basta que a base de tudo seja devidamente arquitetada, necessariamente por alguém que saiba exatamente o que está fazendo, sem importar com fatos alheios. Para isso, basta um Bill Belichick.
Qual o limite para os Patriots em 2017? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
–
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball