Poucos jogadores da NFL na temporada passada decepcionaram mais do que Blake Bortles. Entre os quarterbacks titulares, ao meu ver, seu nome só não supera o de Brock Osweiler, o qual já nem faz mais parte do elenco do Houston Texans. A história de Bortles você já deve saber: ele jogou bem em 2015 e viu o Jacksonville Jaguars não medir esforços para montar um elenco realmente competitivo no ano passado, acreditando ter encontrado seu franchise quarterback. Contudo, Bortles não conseguiu jogar bem e as incertezas quanto ao seu futuro (e presente) na liga voltaram a aparecer em grande escala.
Assim sendo, olhando de uma perspectiva geral, Blake Bortles tem em seu currículo três temporadas completas na liga e neste período foi um dos quarterbacks titular que menos venceu e o que mais lançou interceptações. Seus números, os quais já deveriam estar entre os principais do campeonato (principalmente pelo que vimos dele em 2015), não passam apenas de medianos, em geral. Para um quarterback do “tipo Ryan Fitzpatrick” (ou até Brian Hoyer) – que a cada ano estão em um time diferente, apesar de titulares na maioria das vezes – poderíamos dizer que Bortles é consideravelmente acima da média. Todavia, não é para isso que ele está em Jacksonville. Na teoria, o camisa #5 tem que fazer aquilo que os sólidos titulares são capazes de fazer, e que uma franquia desesperada estava procurando há muito tempo.
Mas por que as coisas não deram certo para Blake Bortles? Bom, esta é uma boa pergunta e várias análises já foram feitas a respeito dela. Teria sido apenas uma temporada ruim (algo natural na carreira de um QB) que acabou coincidindo com um ambiente instável no momento errado? Ou o ataque dos Jaguars ainda precisa de mais tempo para engrenar? Um jogo corrido sólido teria salvado a equipe?
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Certamente que tudo que foi levantado no parágrafo anterior faz sentido. Contudo, uma outra questão deve ser colocada aqui: e se afinal Blake Bortles não for um quarterback capaz de fazer tudo o que estamos esperando dele? E se uma terceira escolha geral de Draft tiver sido um exagero por ele e bastou uma temporada acima da média para acreditarmos em todo seu potencial e o colocarmos entre os jogadores mais badalados da NFL? Em outras palavras, por que não cogitarmos que Bortles possa ser um “produto da mídia”?
Confesso que, pelo fato do jogador estar entrando em sua quarta temporada, ainda não tinha parado para pensar nesta hipótese. Porém, recentemente acabei lendo três textos a respeito do QB dos Jaguars que abordam esse fator – e tive que reconhecer que de certo modo ele faz sentido.
Neste caso, tendo como base o que se aprende no jornalismo, “produto da mídia” nada mais seria algo que ganhou um sucesso e reconhecimento maior do que deveria pelo que foi dito corriqueiramente nos meios de comunicação após qualquer resquício de boa atuação apresentada. Verdade seja dita, um “produto exageradamente midiatizado” é comum nos grandes mercados das ligas americanas. Não à toa o que acontece em Bostou ou Los Angeles, por exemplo, tem maior repercussão geral do que ocorre em St. Louis. Mas no caso de Bortles, para que isso se justifique, é preciso lembrar em qual posição ele atua.
Assim sendo, o jogo de análises a respeito do futuro de Blake Bortles e do Jacksonville Jaguars continua – talvez até maior do que nunca. Desta vez com um ponto que até certo tempo era impensável, mas que pode ser determinante para esclarecer o que realmente podemos esperar (e cobrar) de Bortles nos próximos anos.
Jacksonville não tem um grande mercado na NFL, mas a posição de quarterback sim
Antecipei um pouco deste tópico acima, porém é preciso ressaltar alguns de seus aspectos para comprovar a importância do que o texto retrata. “Como se pode considerar um jogador de Jacksonville um produto da mídia?” De fato, questionar isso faria relativo sentido, visto que a cidade da Flórida não está entre as dos principais mercados dos esportes americanos, longe disso. Na verdade, para os Jaguars, a situação presente é o inverso. Quantas vezes já observamos ótimas coisas acontecendo dentro de campo no Jacksonville Jaguars, mas que passaram despercebidas pela mídia americana de um modo geral.
Entretanto, quando foi falado acima um jogador de Jacksonville sendo apontado como um produto da mídia, faltou dizer que este jogador é um quarterback – e que veio como uma escolha de primeira rodada, além disso.
Tenha em mente que nada no futebol americano ganha mais atenção do que a posição de quarterback. Desde antes de um QB estrear profissionalmente, após seu nome ter sido chamado no Draft, as análises e debates sobre como será sua carreira na NFL começam a aparecer; e é assim até que ele se aposente.
Assim sendo, é pertinente a teoria que coloca Blake Bortles como um “produto midiático”. Ele teve uma temporada com 4.000/+ jardas e 30/+ touchdowns recentemente, foi escolhido na terceira posição geral e ainda está em um dos times que mais precisa vencer de um bom quarterback.
O ato que reerguer uma franquia é algo extremamente complexo na National Football League e, em 2015, a impressão passada a nós foi que Jacksonville havia encontrado sua nova grande estrela, algo que Cleveland e Chicago, por exemplo, têm procurado há anos. Teria sido essa temporada uma mera exceção?
2017 será o ano de sua carreira
Blake Bortles precisou de apenas duas temporadas vestindo as cores dos Jaguars para quebrar o recorde de touchdowns (35) e jardas aéreas (4.428) da história do time. Consequentemente, os boatos de que ele seria um dos principais símbolos da nova geração de quarterbacks da liga surgiram, assim como a certeza de que Jacksonville tinha feito a escolha certa em selecioná-lo em 2014. Para um time que não sabe o que é ter mais vitórias do que derrotas em uma temporada há dez anos, qualquer temporada com mais de 30 touchdowns é motivo para acreditar.
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Mas 2016 chegou e aquela ótima produção, os passes precisos, presença no pocket e a certeza de lidernça dentro de campo apresentados anteriormente desapareceram, como se nunca tivessem acontecido de fato. Além de ter vencido apenas três partidas no ano passado, o camisa #5 lançou para 23 touchdowns e 16 interceptações. Todos aqueles que acreditavam em Bortles (e não eram apenas torcedores dos Jaguars) tiveram que parar e pensar: por que ele jogou assim?
Agora, após três temporadas na NFL, Blake Bortles totaliza 11 vitórias e 34 derrotas. Neste período, foram ainda 69 touchdowns e 51 interceptações, com 58,8% de aproveitamento nos passes. Ademais, erros “inaceitáveis” permanecem, como as decisões nas jogadas nos momentos de pressão, a mecânica de seus lançamentos e a alta porcentagem de pick sixes – em sua carreira, ele tem o mesmo tanto de vitórias do que de interceptações que foram retornadas para touchdown!
É com essa bagagem que Bortles se prepara para mais um ano de sua carreira profissional; e como este será importante para ele. Poucos jogadores olham para a temporada 2017 com mais consideração do que Blake Bortles. Afinal, este será o ano que ele estará mais pressionado e precisando mostrar quem ele realmente é no futebol futebol americano profissional. Em outras palavras, este será o momento ideal para descobrirmos qual ano de sua carreira foi um “ponto fora da curva”, 2015 ou 2016.
Afinal Blake Bortles é apenas um produto da mídia? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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