Quem me acompanha regularmente aqui no Shotgun, no Twitter ou Liga dos 32, sabe que eu vejo elogiando Blake Bortles recentemente. Eu estou realmente gostando da maneira com que ele veio para 2015, especialmente pelo que vimos dele ena temporada passada e o que esperávamos para este ano.
Acho importante destacar jogadores relevantes de times menos badalados (para não dizer NADA badalados). Você já viu os Jaguars jogando? Creio que muitos não. Só digo que não é tão ruim quanto parece ser pelos Vines, ainda mais agora com um ataque interessante.
Primeiramente, uma breve introdução sobre Bortles. Atualmente, tem 23 anos, possui 1,96m e 111 kg. Nasceu no estado da Florida, onde estudou no High School (Oviedo) e também na universidade (Central Florida). No College, foi um dos destaques de sua época, tendo como grande prêmio o MVP do Fiesta Bowl, o qual ele ainda se sagrou campeão em 2014. Nesse mesmo ano, ele se tornou um prospecto para a NFL; e tranquilamente se tornou um profissional. Os Jaguars foram atrás dele já na primeira rodada (terceira escolha).
Então é isso! Blake Bortles entrou na Liga, obviamente, atraindo alguns olhares por se tratar de um QB forte e escolhido na primeira rodada. Contudo, ele defende o Jacksonville Jaguars, time que desde 2008 não sabe o que é vencer mais de oito jogos em temporada regular. A pressão sobre ele é grande. Ou melhor, a pressão local sobre ele existe. Fora de lá (Jacksonville/Florida), especialistas sempre analisam seu desempenho, enquanto o público – de um modo geral – o enxerga com certo desprezo.
Como calouro, Bortles atuou em 14 partidas, conquistando 58,9% de aproveitamento nos passes, 2.908 jardas, 11 TDs e 17 interceptações. Números bem abaixo da média. Em raras jogadas ele conseguiu se destacar no elenco dos Jaguars. Fato que inevitavelmente comparou Bortles a Blaine Gabbert, o qual fora escolhido também em primeira por JAC dois anos antes de BB#5.
É interessante aqui o leitor entender o quanto as escolhas de 1ª rodada são um pesadelo para os Jaguars. Como exemplo rápido, vou citar as últimas dez escolhas de “first round” do time e entre parenteses quanto tempo cada uma atuou na NFL (respectivamente, de 2006 até 2015). Marcedes Lewis (ainda joga); Reggie Nelson (de 2007 a 2009 com JAC, atualmente nos Bengals); Derrick Harvey (2008 a 2010); Eugene Monroe (de 2009 a 2013 com JAC, atualmente nos Ravens); Tyson Alualu (ainda joga); Blaine Gabbert (de 2011 a 2013 com JAC, atualmente nos 49ers); Justin Blackmon (2012 a 2013); Luke Joeckel (ainda joga); Blake Bortles; e Dante Fowler Jr. (só jogará em 2016). Nenhum time da NFL teve tantas decepções em drafts recentes como Jacksonville. Isso para não falar nas escolhas posteriores. Por exemplo, sabia que os Jaguars poderiam ter selecionado Russell Wilson mas o “trocaram” por um punter?
Continuando.
Chegando em 2015, mesmo que em limitadas proporções, Blake Bortles teria a temporada de sua vida até agora. Jogando mal, não tenha dúvidas que ele sairia do Jacksonville Jaguars em 2016, ou perderia totalmente a titularidade, tanto faz.
E foi já nesse ano que Bortles concluiu a primeira etapa para os Jaguars voltarem a ter sucesso, mesmo que isso ainda demore. A base está em seus estágios finais. Queria dizer totalmente concluída, mas na NFL ninguém sabe quando algum jogador irá se lesionar; apenas por isso. Como eu disse em um post na semana passada: “Os Jaguars agora devem organizar o que está ao redor de seu QB, e não ele por si só.”
Shahid Khan – o proprietário do JAC – agora deve se preocupar em fixar o jogo corrido, a linha ofensiva, a defesa… A posição mais importante, ao que tudo indica, está em boas mãos.
Digo isso pelo que vi nas sete primeiras partidas do Jacksonville Jaguars em 2015. Blake Bortles vem demonstrando excelentes sinais. Em sete jogos, apesar da sua porcentagem de acertos nos passes ser mais baixa em relação a 2014 (55,7%), ele tem números sólidos. 15 touchdowns, oito interceptações e 1.812 jardas, e nós nem estamos. Bortles, continuando assim, será o segundo quarterback da história de Jacksonville a passar das 4.000 jardas aéreas em uma temporada (o outro foi Mark Brunell em 1996) e se aproximará dos 40 TDs lançados, marca que nenhum jogador da história da franquia alcançou. Além disso, David Garrard tem o recorde de mais passes para touchdown em um ano para JAC, com 23. Blake irá ultrapassá-lo.
E Bortles não vem agradando apenas pelos números. Algumas jogadas protagonizadas por ele não podem ser feitas por um QB qualquer. Que tal aquele passe contra o movimento do corpo e saindo do pocket contra TB? Ou esse mais recente contra os Bills para ganhar o jogo?
Ademais, ele vem elevando o nível de jogo de seus companheiros. Allen Robinson e Allen Hurns estão pegando fogo com seus big plays neste momento; T. J. Yeldon, enfim, marcou seu primeiro TD corrido…
Falando um pouco mais de Bortles-Jaguars em 2015. O time tem campanha de 2-5, está desacreditado para os playoffs, mas ainda tem chances reais do título de divisão. Aliás, a AFC Sul poderia (talvez até merecesse) ter o Jacksonville Jaguars como líder, e não o pífio time que o Indianapolis Colts apresentou até agora. Facilmente, JAX poderia ter vencido os Bucs na semana 5 e os Colts na semana 4. Contra Tampa, o RB Corey Grant sofreu um fumble que deu seis pontos ao adversário (placar final 38×31); e contra Indy, no Lucas Oil Stadium, o kicker Jason Myers errou dois field goals chave – um já com o cronômetro zerado e outro na prorrogação.
Enfim.
Há algum tempo já queria falar mais sobre Blake Bortles, e os Jaguars também. O time ainda está longe de ser bom, e na maioria dos fundamentos ainda peca muito. Contudo, que fique claro, o Jacksonville Jaguars encontrou seu líder; providenciou um quarterback “desacreditado” para ocupar a posição mais importante do futebol americano. E ele não é um “tapa-buracos” qualquer.
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