Uma das maiores manchetes para o Super Bowl 50 é como Peyton Manning liderará seu ataque diante de uma defesa como a dos Panthers. Isso pois, além da qualidade do setor adversário, o sistema ofensivo do Denver Broncos se mostrou instável durante a temporada regular e nas duas partidas da pós-temporada.
Então algumas pessoas podem perguntar: como é essa defesa do Carolina Panthers?
Essa é uma defesa muito sólida e compacta, liderada, de um modo geral, por duas estrelas: Luke Kuechly e Josh Norman. A principal característica desse sistema defensivo fica por conta de como ele participa dos jogos: os Panthers foram a equipe que mais forçaram turnovers durante a temporada regular (39, sendo 24 INT e 15 fumbles), os quais resultaram em quase dez pontos por partida em média.
Outro ponto a se destacar aqui é o equilíbrio nos três níveis principais da defesa (linha, LBs e secundária). Como falado, a secundária foi a que mais interceptou passes dos QBs adversários; e o pass rush também trabalhou muito bem, somando 44 sacks na temporada (6ª melhor marca da Liga em 2015) e restringindo os rivais a 322,9 jardas totais por jogo (234,5 aéreas (11ª) e 88,4 terrestres (4ª)), além de ceder poucos pontos (19,2 (6ª)).
Então é isso, uma defesa com um corpo de linebackers muito bom, onipresente, e que é o grande responsável pelo equilíbrio geral do setor. Sempre lembrando que a grande essência desse sistema defensivo é a participação, seja por sacks ou, principalmente, com turnovers.
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Olhando as defesas das outras equipes da NFL em 2015/16, é possível perceber algumas que se parecem com a dos Panthers. A que mais se assimila é a dos Cardinals, por ser a segunda que mais forçou turnovers (33) e pelo equilíbrio apresentado. Contudo, os Broncos não enfrentaram a franquia do Arizona nesta temporada. Se formos olhar assim, ficaremos com dois sistemas defensivos em mãos, com destaque maior para o primeiro: Kansas City Chiefs e Pittsburgh Steelers.
A defesa do time comandado por Andy Reid tem semelhanças com aquela treinada por Ron Rivera. Importante destacar que a de Carolina joga no sistema 4-3, com Luke Kuechly e Thomas Davis de líderes na posição de LB e Josh Norman e Kurt Coleman comandando a secundária. A defesa do Kansas City Chiefs, apesar de usar uma formação 3-4, apresenta uma forma de jogo como a de CAR: entre os linebackers, destacamos Justin Houston, Derrick Johnson e Tampa Hali, os quais executam muitas funções e podem atuar nas mais diversas situações (assim como Kuechly e Davis). Mais atrás, a maior relevância é dada para Eric Berry e ao calouro Marcus Peters, o qual foi quem mais interceptou passes na Liga em 2015.
Apesar de ter forçado dez turnovers a menos que Carolina durante a temporada regular, a defesa dos Chiefs foi melhor no quesito pontos cedidos por jogo (18) e em sacks (47). No mais, quando o assunto é jardas cedidas por passes e corridas, números bem parecidos.
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Vale lembrar, então, que os Broncos jogaram contra os Chiefs duas vezes ao longo da temporada 2015!
O primeiro jogo foi na semana 2, em Kansas, com vitória dos visitantes por 31 a 24. Naquela ocasião, o ataque de Denver não permitiu tantos turnovers (apenas uma interceptação) – talvez esta seja a razão da vitória -, mas ficou restrito a apenas 299 jardas (256 de passe) e sofreu três sacks. Importante lembrar que o ataque dos Chiefs teve cinco TOs no confronto, fato que manteve o então apagado sistema ofensivo do Denver Broncos no jogo. Esse só apareceu na campanha decisiva, quando P. Manning demonstrou sintonia com Demaryius Thomas em passes de média e longa distância, até o TD de Emmanuel Sanders com menos de um minuto para o fim da partida.
O segundo jogo na semana 10, teve vitória dos Chiefs por 29 a 13. Muitos se lembrarão deste jogo pois foi aquele em Manning quebrou o recorde de jardas aéreas na carreira, mas acabou sendo substituído no terceiro quarto. O camisa #18 completou apenas 5 de 20 passes, teve quatro interceptações, dois sacks e saiu de campo com um rating zerado, algo que nunca havia acontecido em sua carreira até então.
Se formos analisar, o ataque do Denver Broncos não teve uma atuação convincente em nenhum dos dois jogos citados. Em termos de jardas totais, a equipe não passou das 300 em nenhum (299 no primeiro e 221 no segundo) e o jogo corrido também não teve nenhuma atuação com mais de 70 jardas. Ou seja, Peyton Manning e Cia. tiveram problemas. Como falado, a derrota só não veio na semana 2 pelo questão do saldo nos TOs (+4).
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Queria destacar um outro jogo rapidamente: Broncos x Steelers na Rodada Divisional. A defesa dos Steelers também tem semelhanças com a do Panthers em alguns quesitos: turnovers forçados (foram 30) e sacks (48). No jogo que aconteceu há praticamente duas semanas, Peyton Manning foi sackado apenas uma vez e não sofreu nenhum TO. Resultado final: 23 a 16 para os Broncos.
Podemos concluir que…
Podemos concluir que, nos jogos em que P. Manning se mostrou saudável contra essas defesas, o ataque não foi nada brilhante (como não foi ao longo do ano todo), mas fez aquilo que era necessário para triunfar: cuidar bem da bola. É fato que a atmosfera, motivação e o contexto do Super Bowl 50 serão totalmente diferentes, o desafio será ainda maior para Denver. Contudo, o caminho do sucesso para os Broncos está desenhado: estar com o ataque em sintonia para conseguir uma ou outra big play e, acima de tudo, proteger a bola.
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