“Pode ser uma daquelas vitórias de confirmação”. Essas foram as palavras usadas pelo técnico do Carolina Panthers Ron Rivera para definir o triunfo da franquia na semana 7. E não tem como dizer que ele está errado.
Pela segunda rodada seguida, os Panthers estiveram em apuros fora de casa para um time da NFC Leste. A diferença é que o time não conseguiu virar contra os Redskins na semana 6. Agora, diante dos Eagles, Carolina deu a volta por cima e venceu uma das partidas mais marcantes de sua história. Partida essa que, além disso, mostra toda a competitividade do Carolina Panthers.
Pela primeira vez desde que Cam Newton chegou à NFL, os Panthers ficaram zerados durante os três primeiros períodos de um jogo. Isso fez com que o time chegasse ao último quarto perdendo por 17-0, sem atravessar um grande dia, e com seus melhores jogadores apagados. Parecia uma derrota certa, a qual mudaria completamente a narrativa da equipe neste momento. E aqui vemos o porquê da importância deste triunfo.
Newton jogou o melhor futebol americano de sua carreira nas três últimas campanhas do confronto. A defesa de Carolina, de repente, conseguiu parar o ataque dos Eagles. E aquilo que parecia improvável aconteceu.
As três campanhas derradeiras da equipe de Charlotte na partida foram de 80, 87 e 69 jardas, respectivamente. Todas terminaram em touchdowns. Por outro lado, as três últimas posses de Philly no duelo resultaram em 13 jogadas, um first down, 70 jardas percorridas (incluindo penalidades) e um fumble. O Carolina Panthers cresceu nos dois lados da bola e mostrou que pode, de fato, ser competitivo.
Um ataque encaixado
Cam Newton atravessa a melhor fase profissional desde quando foi o MVP em 2015. O que é ainda mais importante é que o camisa #1 tem aparecido nos momentos mais decisivos. Ele totalizou 16/22, 201 jardas e dois TDs no último período contra os Eagles. As 30 interceptações totais entre 2016 e 2017 deram lugar a apenas quatro até agora na temporada.
Mas não pense que Newton tem “apenas” boas estatísticas. Ele também tem feito aquilo que os líderes de cada time devem fazer: elevando o nível de quem está ao seu redor. Tenha em mente que 11 jogadores diferentes receberam pelo menos um passe pelo Carolina Panthers em 2018. Desses, oito também têm no mínimo um touchdown. O grupo de recebedores dos Panthers ainda é questionável, porém a forma como Cam tem envolvido todos no plano de jogo merece destaque. Nesse sentido, o que precisa melhorar, por incrível que pareça, é a produtividade de Greg Olsen, que voltou de lesão.
Vale destacar ainda o jogo corrido do Carolina Panthers, ponto mais eficiente da franquia até agora. A média de 136,3 jardas terrestres por partida é a quarta melhor marca da NFL no ano. Chama atenção que o ataque de Carolina não se baseia nas corridas essencialmente, mas sim em passes curtos. Não à toa, Christian McCaffrey tem se encaixado cada vez mais no sistema (ele totaliza 40 recepções – em 46 lançamentos em sua direção – nesta temporada).
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O “X da questão” no poder ofensivo dos Panthers é a forma como o time abre as defesas adversárias. Quando Cam Newton está em formação shotgun, por exemplo, em qualquer descida que seja, não é aconselhável que os oponentes abram espaço no primeiro nível defensivo. Isso pois Newton pode facilmente encontrar um de seus running backs em rotas curtas ou correr com a bola, algo que ele faz muito bem. A propósito, ele lidera a liga em jardas corridas entre os QBs.
Mas ao mesmo tempo, os defensores rivais precisam se preocupar com o braço de Cam Newton. Já falamos que ele vem envolvendo os mais diversos recebedores no plano de jogo. Muitas vezes, isso abre espaço no front seven, fato que, com um bom trabalho da linha ofensiva (que vem acontecendo), o jogo corrido funciona. Carolina tem média de 5,2 jardas por tentativa no campeonato, a mais alta entre as 32 franquias.
Uma defesa OK, com um nome brilhante
Defensivamente, o destaque é Luke Kuechly – como de costume. Kuechly segue atuando em alto nível e mantendo seu sistema defensivo, o qual tem falhas consideráveis em certos setores, competitivo.
No último jogo, por exemplo, o camisa #59 obteve 14 tackles, sendo quatro para perda de jardas. Um deles, aliás, foi em uma segunda descida nos minutos finais da partida. A ótima leitura do linebacker na jogada fez com que os Panthers recebessem a bola logo depois. O grupo de LBs do Carolina Panthers segue em alta.
Diga-se de passagem, os linebackers ainda são os mais responsáveis por pressionar os quarterbacks adversários. Isso pois a linha defensiva dos Panthers não está repetindo, em 2018, a efetividade de 2017. Em média, Carolina obtém poucos mais de dois sacks e quatro hits aos QBs oponentes por jogo. É pouco, principalmente para um time que está na NFC e em uma divisão com Drew Brees e Matt Ryan.
Hoje, o Carolina Panthers é capaz de derrotar qualquer adversário
Você ficaria surpreso em ver este Carolina Panthers no próximo Super Bowl? Certamente que a franquia não está entre as favoritas e nem tem um elenco tão brilhante quanto alguns rivais. Todavia, a impressão que fica após sete semanas é que os Panthers tem cacife para derrotar qualquer oponente, em qualquer estádio da NFL.
Se colocarmos os elencos da liga em comparação, Carolina aparecerá entre os principais. Não são muitos os times que têm quarterback, backfield em geral, linha ofensiva, linebackers e técnicos acima da média. O Carolina Panthers tem.
Os pontos mais questionáveis da franquia são: grupo de recebedores, linha defensiva e secundária. O primeiro vem aparecendo bem; o último está na média da NFL em 2018. Ou seja, não são muitas as fragilidades deste elenco. Além disso, há talento individual tanto no ataque quanto na defesa, e isso faz muita diferença.
Sem contar que estamos falando do terceiro time mais experiente da liga nesta temporada em média de idade. É possível encontrar nomes experientes em todos os setores do elenco dos Panthers. Newton, Kuechly, Olsen, Torey Smith, Ryan Khalil, Julius Peppers, Dontari Poe, Mike Adams…
Após o triunfo da semana 7, Cam Newton disse: “Vocês falam sobre bons times e o desenvolvimento do DNA de bons times – vencer fora de casa, vencer jogos apertados, é algo que você deve fazer”. Não só por isso, mas hoje o Carolina Panthers é um bom time de futebol americano. O qual todos devem evitar uma vez no mês de janeiro.