Foi mais sofrido do que se esperava, mas não deveria haver surpresa alguma na opção do Washington Redskins em colocar Case Keenum como titular, ao invés de Dwayne Haskins.
De fato, o quarterback calouro tem maiores expectativas dado o talento que fez dele uma escolha de primeira rodada em 2019. Mas ficou claro nesta pré-temporada que Haskins não está pronto.
Haskins será o titular dos Redskins na semana 4, e derradeira, desta pré-temporada, mas justamente porque é raro que os treinadores escalem os titulares neste tipo de confronto.
Até agora, o novato confirmou a competitividade, mobilidade e toque na bola especial nas três partidas que fez em agosto. Ele completou 22 dos 41 passes que tentou, para 305 jardas, um touchdown e duas interceptações, ambas na estreia profissional do jogador.
Em geral, a precisão deve melhorar, especialmente no que diz respeito às tomadas de decisão, o que é normal para um quarterback de 22 anos que foi titular no college football apenas uma temporada.
Jogadas como o passe para touchdown de 55 jardas contra o Cincinnati Bengals são o que animam os torcedores dos Redskins e levantam a pergunta: quando escalar Haskins?
É difícil projetar uma rodada específica para a estreia do calouro e nem existe garantia que isso acontecerá em 2019. Tudo faz parte de um projeto. E o planejamento inicial dos Redskins passa por ter um veterano under center, enquanto o calouro ganha experiência na NFL.
Em tese, o ideal para Washington é que Keenum — ou Colt McCoy — mantenham o time competitivo e evitem a possibilidade desse lançar um potencial franchise quarterback antes da hora em um sistema ofensivo sob pressão.
Foi o plano que o Kansas City Chiefs fez com Patrick Mahomes, por exemplo.
Se os Redskins conseguirão colocar isso em prática é outra história.
Nos últimos anos, o time teve relativo sucesso lançando quarterbacks, com Robert Griffin III e Kirk Cousins, esse último já com Jay Gruden. Contudo, o ataque da equipe vem de um ano ruim, terminando como 29º e 28º em pontos e jardas conquistadas, respectivamente.
O que anima Washington, e com razão, é o fato da franquia ter um dos backfields mais completos da NFL atualmente.
Se Adrian Peterson conseguir se manter saudável vindo da oitava temporada da carreira com 1.000/+ jardas corridas, jogando ao lado de Derrius Guice, sétimo RB selecionado no Draft 2018 e agora recuperado de lesão no joelho, independemente de quem esteja under center, terá uma dupla capaz de estar em campo para as três decidas.
Sem falar em Chris Thompson, que teve apenas 43 corridas ano passado, mas as 41 recepções (55 targets) em 10 jogos disputados mostram que, enquanto Peterson e agora Guice movem as trincheiras, Thompson pode expandir o campo em curta distância.
Por outro lado, as incertezas prevalecem neste setor a menos de duas semanas para o kickoff inicial.
Será de responsabilidade de Kevin O’Connel, ex-técnico de quarterbacks/coordenador do ataque aéreo e agora coordenador ofensivo, de arrumar a casa ao lado de Gruden. Eles serão apoiados também por Tim Rattay, novo técnico de quarterbacks.
Rattay é mais um coordenador que tenta prosperar na transição do universitário para o profissional. Técnico de QBs de Louisiana Tech em 2018, ele viu seu titular J’Mar Smith com o pior de seus dois anos começados pela universidade até agora (57% de aproveitamento, 3.160 jardas, 15 TDs, 10 INTs).
Para sobreviver a tudo isso num primeiro momento, faz mais sentido apostar em Keenum, que tem 57 partidas como titular na carreira, e não em Haskins. Escalar o calouro seria ter a possibilidade de mudar o cenário “dá água para o vinho” imadiatamente, mas também estragar um projeto a longo prazo.
Sem Trent Williams, o qual segue com futuro indefinido, a linha ofensiva dos Redskins perde muito. E qual a contribuição que o grupo de recebedores do time terá em 2019, depois de um 2018 muito ruim?
Washington foi o único time da NFC em que o jogador que liderou o elenco em jardas recebidas teve menos que 600 jardas (Jordan Reed, 558).
Keenum, que oscilou com seis vitórias, 18 TDs e 15 INTs com o Denver Broncos ano passado, já esteve sob circunstâncias até piores que essa na carreira, e agora tem a temporária missão de preparar o terreno para um jovem QB.
Washington não pode errar com Haskins, ou o objetivo de encerrar um jejum de Super Bowl, que agora dura desde 1991, pode ficar ainda mais obscuro.
Em cinco anos no comando dos Redskins, Gruden foi aos playoffs uma vez, e a pressão no cargo é inevitável. Assim como Keenum, o qual acaba de ganhar a chance de ser titular na semana 1 pelo segundo ano consecutivo na NFL.
Gruden disse que acredita que Keenum tem ótimas chances de derrotar o Philadelphia Eagles na abertura da temporada. Será a primeira vez de Keenum no Lincoln Financial Field desde a derrota na final da Conferência Nacional dois anos atrás.
Na ocasião, ele foi derrotado completando 28/48 dos lançamentos, com 271 jardas, um touchdown e duas interceptações. Em temporada regular, será a primeira vez que o veterano de 31 anos encara os Eagles.