Pela primeira vez desde dezembro de 2013, o Chicago Bears lidera a NFC Norte. E somente pela segunda vez nas três últimas temporadas disputadas, a franquia venceu partidas consecutivas. Curioso é que, se Aaron Rodgers não tivesse “feito mágica” na estreia, os Bears estariam 3-0 neste momento. Curioso porque, enquanto a defesa do time vem correspondendo superando às expectativas, o mesmo não pode ser dito sobre o ataque. Na verdade, sobre Mitchell Trubisky. Mas lembre-se: na NFL, tudo começa pelo quarterback.
Este “novo” Chicago Bears, de Trubisky, Matt Nagy, Khalil Mack e companhia, continua dando esperança aos torcedores. Afinal, estamos falando de uma equipe que se reforçou bem nos últimos anos e construiu um dos elencos mais promissores da liga. Por se tratar do primeiro ano da nova comissão técnica de Nagy, esse projeto está quase perfeito.
Além de duas vitórias em 2018, os Bears têm uma defesa que totaliza 14 sacks. E essa é a mesma obtém oito turnovers forçados e que cede somente 5,1 jardas por jogada aos adversários. E mais: dois defensores diferentes já marcaram TD na temporada. Contudo, a narrativa começa a mudar quando, salvo os 27 pontos marcados pelo kicker Cody Parkey até agora, os dois jogadores de defesa marcaram dois de apenas seis touchdowns que o Chicago Bears tem no ano. Em outras palavras, o ataque da franquia só marcou quatro TDs em três partidas.
Com três semanas passadas, o desequilíbrio entre ataque e defesa no Chicago Bears é evidente. Muito disso, claro, em decorrência das pouco impressionantes atuações de Mitchell Trubisky. Em 2018, o segundo-anista ficou marcado até agora pela falta de precisão e consistência. E não por alguém que estivesse no caminho certo para vingar como segundo prospecto geral de 2017, como deveria.
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Trubisky (24/35, 220 jardas, 1 INT e 1 fumble contra ARI), mais uma vez não foi sólido. Ele errou alvos fáceis, deveria ter saído de campo com mais de dois turnovers sofridos e só liderou Chicago a um touchdown. Os Bears venceram marcando apenas 16 pontos, visto que o ataque dos Cardinals é o pior da temporada. Agora em 2018, Mitchell Trubisky totaliza dois TDs, três INTs, rating de 77,8 e média de 178 jardas aéreas por confronto.
Nenhuma vez neste campeonato o sistema ofensivo do Chicago Bears obteve mais de 320 jardas totais. Tendo em mente que o jogo corrido da equipe tem média de 115,7 jardas por partida, fica notório onde está o maior problema. O ataque dos Bears precisa ser mais sólido. Trubisky precisa dar mais equilíbrio nos dois lados da bola ao time. Neste ano, ainda não vimos um jogo em que o camisa #10 teve mais TDs do que INTs, para se ter uma noção.
Entre os times que se mostraram competitivos até agora, os Bears possivelmente são o mais desequilibrado. Talvez só os Chiefs (melhor ataque e terceira pior defesa da NFL em pontos) seja pior neste caso. Os Saints, que estão perto disso, idem.
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Uma situação da partida contra o Arizona Cardinals na semana 3 resume bem o momento de Trubisky na Windy City. O QB completou um de seus melhores passes na temporada no terceiro período: um de 39 jardas para Allen Robinson. Sete jogadas mais tarde, Jordan Howard marcou em corrida de uma jarda. O problema é que os Bears quase saíram zerados após possivelmente o pior lançamento de Mitchell no confronto. Uma tentativa contra o movimento do corpo, no meio do campo. Essa deveria ter sido interceptada por Tre Boston. Esses altos e baixos durante os jogos não podem acontecer nos confrontos mais importantes.
Mitchell Trubisky precisa entender que vencer os Cardinals com Sam Bradford (e o estreante Josh Rosen) e os Seahawks com Russell Wilson cometendo erros cruciais, é normal. Talvez até obrigação, pelas diferenças e investimentos nos elencos. Mas Arizona não estará nos playoffs. Seattle provavelmente também não. Chicago deve se nivelar pelos times que estarão lá.