Não é de hoje que o lado empresarial da NFL coloca free agents interessantes no mercado. Neste caso, na “reta final” dos principais nomes na free agency, Indianapolis Colts e New Orleans Saints fizeram contratações interessantes.
No caso de Indy, o reforço em questão é Justin Houston. O outside linebacker foi cortado pelo Kansas City Chiefs após a franquia não ter conseguido envolve-lo em uma troca. E por que os Chiefs se desfizeram de Houston? Pois o defensor iria receber US$ 15 milhões em 2019 — Houston ainda tinha dois anos vigentes do seu contrato de seis temporadas assinado em 2016.
Tenha em mente que a equipe de Kansas busca abrir espaço no teto salarial visando os jovens talentos no elenco — o corte de Houston aliviará US$ 10 milhões para a franquia. Patrick Mahomes, Tyreek Hill e Chris Jones, os três principais playmakers dos Chiefs neste momento, mais cedo ou mais tarde precisarão de um grande contrato. Contratos esses que deverão estar entre os maiores das respectivas posições. Então, a fim de assegurar que os mais promissores permaneçam no elenco por mais tempo, Kansas City não teve o que fazer. Este é o lado empresarial da NFL.
Diga-se de passagem, a saída de Houston não foi a única no Arrowhead Stadium. Eric Berry também foi dispensado, e ele ainda não definiu seu destino. Ainda, Dee Ford, o qual recebeu a franchise tag da equipe nesta offseason, foi trocado para o San Francisco 49ers, onde assinou um novo contrato que dará a ele mais de US$ 17 milhões por temporada. Bem arquitetada ou não, a conjuntura dos Chiefs atravessa a ideia de abrir espaço no salary cap.
Uma vez no mercado, Houston se tornou alvo de equipes com espaço no teto salarial e necessidade de um sólido pass rusher. Uma vez no mercado, Houston se tornou um sensato alvo dos Colts. Indianapolis assinou um contrato com o ex-Chiefs por dois anos, US$ 24 milhões. Ele terá a terceira maior média salarial de Indy em 2019.
Houston não é mais aquele pass rusher de alguns anos atrás. Entre 2012 e 2014, ele ultrapassou os 10 sacks por temporada em todos os anos, incluindo 22 sacks em 2014, a segunda maior marca da história da NFL.
Hoje, aos 30 anos de idade, Houston ainda tem gasolina no tanque. Na temporada passada, em 12 jogos disputados, foram nove sacks, 12 hits em QBs, nove tackles para perda de jardas e uma interceptação. Agora, o veterano acumula dois anos seguidos com pelo menos nove sacks — são 18,5 em 27 jogos desde 2017.
Ele chega em um setor que não teve nenhum jogador com mais de nove sacks em 2018 — Denico Autry foi o líder do elenco no quesito, com nove. Autry, contudo, demorou para engrenar e brilhou apenas no último mês de campeonato, sobrecarregando o jogo do linebacker calouro Darius Leonard, o qual nem tem os sacks como arma principal e ainda terminou a temporada com sete.
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Em New Orleans, Ian Rapoport (NFL.com) reportou que os Saints irão assinar com Jared Cook. O tight end, que terá 32 anos nesta temporada, vem da melhor temporada de sua carreira, e chega para ocupar uma função que o ataque de Sean Payton tem carência há alguns anos.
Desde 2015, somente um tight end dos Saints obteve 800 jardas e seis touchdowns em uma temporada (Ben Watson, 2015). No entanto, entre 2011 e 2014, Jimmy Graham teve 4.396 jardas e 46 TDs.
Desde quando Graham foi trocado para os Seahawks, apesar de várias tentativas, os Saints não encontraram uma certeza na posição de TE. A mais nova alternativa do time, então, mesmo que não seja uma solução a longo prazo, é Cook.
Os valores do contrato entre Cook e Saints são desconhecidos uma vez que a transação ainda não fora oficializada, mas a boa notícia é que o jogador vem da melhor temporada da carreira. Ele totalizou 68 recepções, 896 jardas e seis touchdowns pelo Oakland Raiders em 2018. Juntos, os três tight ends de New Orleans somaram quatro TDs no ano passado.
Vale ressaltar que, ao que tudo indica, o principal motivo para Oakland não ter mantido Cook foi salarial. Em geral, os Raiders não estavam dispostos a pagar tudo o que o tight end queria, o que, imagina-se, sejam valores próximos dos mais altos da posição na atualidade. No momento, quatro TEs têm média salarial acima de US$ 9 milhões na NFL.
A diferença é que os Saints estão em posição de arcar com um salário elevado para um tight end com passado instável e limitado no quesito bloqueios. A linha ofensiva de New Orleans é uma das principais da NFL e a equipe tem em mente o objetivo de “vencer agora” enquanto Drew Brees ainda está por lá. Portanto, recrutar mais um alvo para o camisa #9 é sensato, principalmente por se tratar de um tight end.
Certo ou errado (leia-se: bom ou não para o time), a conjuntura de Chiefs e Raiders não estava alinhada com as respectivas ideias de Houston e Cook. Enquanto os times buscam cortar gastos, os jogadores querem sólidos contratos devido ao que fizeram em campo recentemente.
Colts e Saints souberam aproveitar isso.