E se alguém lhe dissesse que o Tampa Bay Buccaneers é a equipe da NFL com a segunda maior folha salarial em seu ataque? E que 16 times estão acima do New Orleans Saints nessa mesma lista?
Você sabia que, enquanto 14 franquias tem uma folha salarial (combinação dos salários anuais dos jogadores) na casa dos US$ 100 milhões para o sistema ofensivo, apenas quatro estão nessa mesma situação do outro lado da bola? Desses, dois times gastam mais de US$ 100 milhões (em média salarial, importante ressaltar mais uma vez) tanto no ataque quanto na defesa. Os outros 14 times estão “mais equilibrados” neste caso, no que diz respeito ao teto salarial.
Curioso que, hoje, na relação mostrada abaixo, Pittsburgh Steelers e San Francisco 49ers, defesas que carregaram grandes incertezas em 2018, têm folha salarial maior que Los Angeles Chargers, Baltimore Ravens, Buffalo Bills, entre outros setores que vêm tendo melhor rendimento.
Abordar questões contratuais na NFL em um só artigo não é “a coisa mais apurada do mundo”. Contudo, o período sem futebol americano, bem como o custo-benefício adquirido pelas franquias, principalmente em determinados setores, impulsionaram a ideia de escrever sobre o assunto.
Ataques

Vamos a alguns destaques sobre os valores acima.
A foto tem o Atlanta Falcons no topo — e não deveria haver uma grande surpresa por isso. Matt Ryan, Devonta Freeman, Julio Jones, todos esses jogadores estão entre os mais bem pagos de suas posições. O que explica em partes por que a franquia investiu duas escolhas de primeira rodada no Draft 2019 para a linha ofensiva. Curiosamente, essa OL é uma das que mais “gasta” da liga. O preço pago por uma conta tão alta no ataque é visto no investimento do outro lado da bola (ver mais no item abaixo).
Ainda, o que me chamou atenção foi o Washington Redskins tão alto na lista. Repare como os gastos com tight ends, por ora, são os mais altos da NFL. Estamos falando de um time que ainda está a procura de um wide receiver principal e tem uma grande incerteza na posição de quarterback. Para esse segundo caso, claro, a escolha de Dwayne Haskins pode mudar completamente o cenário.
Os números do Kansas City Chiefs para wide receivers é US$ 28,4 milhões. Isso é mais do que o New Orleans Saints tem como montante total para running backs, wide receivers e tight ends combinados (US$ 26,5 mi).
E que tal o Los Angeles Rams, que teve o melhor e segundo melhor ataque da liga em 2017 e 2018, respectivamente, e aparece “apenas” com US$ 91,9 milhões no ataque? A posição de running back do time certamente é um fator que inflaciona esse preço. Afinal, Todd Gurley, o running back mais bem pago da NFL, é parte da equipe de LA.
Em termos de running backs, chama atenção como o Buffalo Bills é a organização que mais paga neste caso, com mais de US$ 15 milhões. E detalhe: o quarterback Josh Allen foi quem liderou os Bills em jardas terrestres na temporada passada, com 631. Tudo isso explica por que surgiram rumores de que LeSean McCoy seria dispensado (Buffalo aliviaria mais de US$ 6 milhões no teto salarial). Adam Schefter, contudo, apurou que por ora o time não tem a intenção de cortar o veterano.
Voltando a falar de outro time da NFC Leste, a situação do Dallas Cowboys com os atuais valores será intrigante. Repare como o valor na posição de QB é baixo — o menor da NFL neste momento, aliás. Mas Dak Prescott precisará de um novo contrato em breve. Amari Cooper, idem. A estratégia de Jerry Jones por trás disso é algo para ficar de olho.
Gostaria de destacar também as conjunturas de Bills, New York Jets, Houston Texans, Chicago Bears e Baltimore Ravens: todos esses times têm quarterbacks com contratos de calouro na atualidade. É preciso aproveitar isso até que no mínimo um deles “se torne o mais bem pago da história da liga” em um futuro próximo.
Ainda sobre situações confortáveis ofensivamente, a grata surpresa em Philip Lindsay na temporada passada deixa o Denver Broncos com um sólido jogo corrido e por um preço muito baixo. O segundo menor da NFL, superado apenas pelo Pittsburgh Steelers, que encontrou uma também barata solução para a saída de Le’Veon Bell em James Conner, escolha de terceira rodada em 2017.
Falando em Steelers… O time é o que tem a folha salarial mais generosa em wide receivers. Isso, claro, está diretamente ligado à saída de Antonio Brown nesta offseason. O principal WR da equipe a partir de agora — Juju Smith-Schuster — ainda está sob o contrato de novato e a expectativa é que o segundo anista James Washington seja o outro titular no sistema.
Por fim, o fato de o Miami Dolphins ser o último na lista casa com o atual momento da franquia. Os Dolphins passam por um processo de reformulação e evidentemente têm capacidade para construir um novo — e competitivo — ataque. O resumo da atual situação de Miami tem Josh Rosen como ícone: o quarterback, que é um dos mais promissores da NFL atualmente, tem apenas o 52º maior salário da liga em sua posição. Adicionalmente, os Dolphins são o único time a gastar, neste momento, menos de US$ 10 milhões em quatro dos cinco setores ofensivos em questão (a única exceção são os wide receivers).
Defesas

Mais destaques, desta vez no lado defensivo.
Observando os gastos gerais das franquias da NFL na defesa, o que mais se destaca é a presença dos Texans em primeiro. Especificamente, US$ 30,7 milhões entre cornerbacks é um dos três valores mais altos da liga. E a má notícia para Houston é que a posição ainda é repleta de incertezas para o elenco. Em contrapartida, o valor adquirido na função de safety é muito interessante pelo que foi visto na temporada passada. Justin Reid foi um dos grandes steals do time recentemente.
Redskins e Cowboys entram em cena mais uma vez aqui. Apesar de Dallas estar abaixo dos US$ 80 milhões neste caso, a defesa da equipe foi uma das melhores da NFL no ano passado. O pilar daquele sistema defensivo — o grupo de linebackers — explica isso, já que Leighton Vander Esch e Jaylon Smith estão em seus primeiros contratos profissionais. No caso de Washington, a defesa da equipe parece estar no caminho certo, especialmente no front seven, o que é impulsionado por um excelente custo-benefício na linha defensiva.
Ainda abaixo dos Redskins no que diz respeito à linha defensiva está o New York Giants. A saída de Olivier Vernon aliviou a folha salarial da equipe. Dexter Lawrence, escolhido no Draft 2019, é a referência desta nova fase da DL novaiorquina.
Enquanto isso, Steelers e Ravens teêm prioridades diferentes em suas defesas. Repare que ambas as organizações têm folha salarial parecidas neste caso, mas a maior diferença está em como o investimento é destinado. Baltimore é o time que mais gasta em secundária (S e CB), porém o segundo que menos gasta no front seven. Inclusive, isso representa parte desta offseason da equipe, a qual perdeu jogadores de front seven que estavam almejando maiores contratos (Za’Darius Smith, C. J. Mosley, Terrell Suggs). Já Pittsburgh, tem aproximadamente 70% de seus gatos defensivos concentrados em linha defensiva e grupo de linebackers. Importante ressaltar que um substituto para Ryan Shazier ainda não foi encontrado. A mais nova investida dos metaleiros foi feita no promissor Devin Bush, 10ª escolha geral do último draft.
Ademais, tenha em mente que apenas dois times gastam menos que US$ 10 milhões em dois setores do elenco de acordo com os números mostrados na imagem: Giants e Panthers.
Tanto na linha defensiva quanto entre os safeties, os salários/valores a serem pagos por New York são baixos comparado ao restante da NFL. Respectivamente, isso é consequência das recentes saídas de Vernon e Landon Collins. Porém, é evidente que o elenco dos Giants precisa de mais talento individual a partir de agora.
No caso de Carolina, os safeties e cornerbacks da equipe são os setores em questão. Vale ressaltar que esses foram os pontos mais priorizados pelos Panthers no Draft 2018, já que desde que aquele grupo que disputou o Super Bowl 50 se desfez, a diretoria da franquia não teve sucesso em manter o alto nível da secundária dentro de campo.
Por fim, não é nada surpreendente o fato de o Oakland Raiders ser último na lista dos gastos defensivos. A nova passagem de Jon Gruden pelos Raiders entra apenas em sua segunda temporada. A saída de Khalil Mack (que coloca o investimento defensivo do Chicago Bears lá em cima, aliás) abriu espaço para uma fase defensiva de Oakland. Por exemplo, dois prospectos de primeira foram recrutados nesta classe, e a expectativa é de que Gruden e companhia sejam mais ativos defensivamente nos próximos anos.
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Tenha em mente que as questões contratuais na NFL vão além das médias salariais. O cap hit é diferente e não segue a mesma proporção temporada por temporada. Há o valor garantido por trás disso. Existe o dead cap, ligados a nomes que já deixaram o elenco… Enfim. Além disso, ainda estamos em maio, o que indica que cortes serão feitos pelos times até o começo da temporada regular, o que diminuirá os valores indicados no artigo. Por ora, a ideia foi mostrar um pouco mais do quanto sua franquia investe em ambos os lados da bola de um modo geral. É mais uma alternativa para aproveitar o período mais parado da offseason.
Esta é a lista completa, ranqueada pela folha salarial ofensiva, dos gastos da cada franquia da NFL neste momento.

O que mais lhe chamou atenção?
*As informações da foto são de acordo com o overthecap.com
**O screenshot dos valores disponibilizados pelo OverTheCap foram atualizados pela última vez em 28 de maio de 2019, às 10h30min (horário de Brasília).
***Em nossa conta no Instagram, postamos perguntas sobre a folha salarial das equipes. Caso alguma das respostas esteja diferente do que foi visto na rede social, é devido à atualização dos valores. Os dados do Instagram foram adquiridos em 20 de maio de 2019.