O futebol americano – isso não é novidade pra ninguém – é um dos esportes que mais vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Tanto em termos da prática do esporte nacionalmente, quanto em audiência da National Football League (e college football também) pela televisão e internet, o crescimento do esporte da bola oval para o público brasileiro tem sido enorme.
Juntamente a isso, tem-se também uma maior familiarização do público com o esporte em si. As pessoas passam a querer saber mais do que apenas regras básicas. Histórias, grandes jogadores, estratégias, táticas, penalidades, Draft, Pro Bowl, Super Bowl… Enfim, entender e conhecer tudo que esta por trás deste esporte fantástico.
Foi numa dessas percepções que várias vezes fui perguntado sobre como funciona a numeração nas camisas dos jogadores na NFL – e inclusive essa foi uma sugestão de pauta de um de nossos leitores no Twitter do Shotgun. “Qualquer jogador pode vestir qualquer número, como no futebol?” Com isso em mente, e aproveitando a última semana oficial sem a National Football League, decidi dissertar mais sobre o assunto.
Como funciona
“Qualquer jogador pode vestir qualquer número, como no futebol?” A resposta para a pergunta é não, não pode. Na National Football League, devido a um sistema instaurado nas regras em 1973, a numeração presente na camisa de cada atleta tem suas limitações. Tais limitações, então, são dadas em decorrência da posição em que o jogador atua. Em outras palavras, a liga distribui os números possíveis por posição, por uma série de pequenos fatores.
Na NFL, são usados todos os números entre 1 e 99 – como falado no item seguinte, o 0, 00 e 100 não são mais permitidos no profissional. Essa fragmentação dos números por função, de uma maneira geral, está ligada à uma ideia de organização e disposição em campo, sendo fundamental na disposição de quais jogadores estão ilegíveis em uma jogada, por exemplo.
É importante ressaltar ainda que, desde quando a NFL colocou em seu livro de regras a questão da numeração (Regra 5, Sessão 3, Artigo 3c, Nota 1), algumas adaptações já foram feitas, a fim de abrir o leque de opções disponíveis para os jogadores. Por exemplo, em 2004 os wide receivers puderam optar, além de #80-89, pelas camsas #10-19 – os primeiros nomes a fazerem isso foram Larry Fitzgerald, Roy Williams e Reggie Williams. Houve ainda os defensive linemen podendo usar entre #50-59, em 2010; e linebackers entre #40-49, há dois anos.
Em suma, essas são as relações posição-números existentes na NFL:
QB, P, K – 1-19
RB, DB – 20-49
C – 50-79
G, T – 60-79
WR – 80-89 / 10-19
TE – 80-89 / 40-49
DL (NT/DT/DE) – 50-79 / 90-99
LB – 40-59 / 90-99
College football
A disposição dos números para os jogadores do futebol americano universitário, apesar de essencialmente a mesma, é um pouco diferente do que vemos na NFL. No college football, de acordo com a Regra 1, Sessão 4, Artigo 1, a NCAA recomenda que haja a seguinte divisão entre os atletas:
Backs – 1-49
Center – 50-59
Guard – 60-69
Tackle – 70-79
End – 80-99
Além disso, dois fatores merecem destaque quando estamos tratanto dos números de camisa no college. 1) por uma tradição, quanto menor for o número, em tese, mais importante é o jogador. Por mais que isso não seja uma “regra interna”, pela maneira como os jogadores universitários eram tratados no passado, essa ideia acabou se espalhando entre as escolas. E 2) ao contrário da NFL, no universitário é permitido que dois (ou até mais, dependendo da ocasião) jogadores usem o mesmo número. A única restrição é que esses não podem estar em campo na mesma jogada.
Mudança de funções
Tendo conhecimento de como funciona a numeração na NFL, você talvez já tenha se deparado com situações em que um jogador vestindo números entre 10-19 (um wide receiver, por exemplo) atuou como running back, que usam camisa entre #20-49. Isso acontece quando um jogador, mesmo não tendo mudado sua posição, altera a função na qual está atuando.
Por exemplo, o wide receiver Ty Montgomery, dos Packers, passou a atuar como running back pela maioria das campanhas da equipe, sempre vestindo a #88. Devido ao sucesso na nova função, então, o jogador decidiu mudar sua posição para RB, fazendo com que sua numeração se altere para a temporada 2017.
As camisas mais tradicionais
Como você já deve ter percebido, tradição é algo que está diretamente relacionado à National Football League. Os americanos valorizam a história consideravelmente e, no caso dos esportes, é perceptível isso. Assim sendo, alguns números passaram a significar mais do que outros na NFL. Algumas camisas, além de especificar a posição em que o jogador atua, tornaram-se parte da identidade dos atletas, marcando definitivamente a carreira de cada um deles.
Ao longo da história, duas camisas ficaram especialmente marcadas a liga: a #32 e a #12. O “peso” existente em ambas se dá devido à grande quantidade de jogadores lendários que já vestiram elas. No caso da #32, por exemplo, nomes como Jim Brown (talvez o maior running back que já existiu), O. J. Simpson, Franco Harris e Marcus Allen honraram esse número em suas época. Para se ter uma noção, combinados, esses quatro nomes resultam em seis Super Bowls.
No caso do número 12, a história dos quarterbacks, justifica porquê esta é a camisa mais famosa da posição. Joe Namath, Terry Bradshaw, Rogers Staubach, Jim Kelly, Ken Stabler, John Brodie, Aaron Rodgers, Tom Brady… Só aqui, foram 14 anéis de Super Bowl.
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