Batalha nas trincheiras, pressão ao quarterback adversário, turnovers… Esses são três fatores cruciais em uma partida de futebol americano e, pelo que vimos nos Super Bowls anteriores, quem leva a melhor na maioria deles normalmente garante o Troféu. Desta forma, antes das decisões é comum analisarmos o encontro entre o ataque do time A contra a defesa do time B (e vice-versa). Para o Super Bowl LI, isso não será diferente.
Nenhum ataque foi melhor do que o do Atlanta Falcons durante a temporada regular. Tanto que o time foi o que mais anotou touchdowns e first downs. Além disso, liderou a liga em pontos por partida, 33,8, o que totalizou 540 pontos durante o ano, a oitava maior marca da história da NFL. Todavia, tudo que Matt Ryan e os Falcons conquistaram até agora se resumirá em apenas um jogo. E não é um jogo qualquer. Em alguns dias Ryan tem pela frente o confronto mais importante de sua carreira: um Super Bowl contra o New England Patriots de Brady-Belichick e que, de quebra, ainda tem a melhor defesa da liga.
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Mas vamos detalhar um pouco melhor esse sistema defensivo de New England!
Com críticas ou não, essa defesa dos Patriots foi a mais eficiente e equilibrada da NFL em 2016. Cedendo apenas 15,6 pontos por partida – de longe a melhor marca do campeonato –, Bill Belichick construiu um sistema capaz de “enganar seus adversários”, positiva ou negativamente. Talvez por isso esse setor recebe menos créditos do que deveria. Ou então seja tão criticado mesmo com ótimas estatísticas, afinal muitas pessoas ainda não confiam neste sistema já que, além de Ben Roethlisberger, ele não enfrentou grandes adversários (os outros dois melhores talvez tenham sido Andy Dalton e Russell Wilson, o qual liderou seu time a 31 pontos naquele jogo, sendo que ambos estiveram longe de seus melhores momentos).
Continuando: a defesa do New England Patriots, além de ter cedido poucos pontos (ela limitou seus adversário a menos de 20 tentos em 13 das 16 últimas partidas que disputou), fez um bom trabalho permitindo jardas totais (foi a oitava melhor da NFL – 326,4 jardas por jogo), sendo que muito disso se deve pelo front seven do time que foi o 4º melhor do ano contra o jogo terrestre. Saiba ainda que nos últimos dez jogos apenas três equipes conseguiram totalizar mais de 100 jardas corridas contra esta defesa. Roubando a bola, os Patriots aparecem como 14º da NFL (23 turnovers na temporada); conseguindo sacks, como 16º (34).
Ou seja, com um grupo de frente muito sólido, o qual é comandado por Dont’a Hightower, os Pats fazem de tudo para impedir o sucesso dos running backs adversários, sobrecarregando ainda mais os quarterbacks rivais. Esses, aliás, não têm conseguido jogar bem contra New England (o que não aconteceria se não fosse pela boa fase de nomes como Devin McCourty e Malcolm Butler) e o resultado disso é uma defesa que cede em média pouco mais de dois touchdowns por partida.
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Considerando então que a defesa do New England Patriots teve como principais armas parar o jogo corrido adversário, vencer a batalha das trincheiras e limitar seus oponentes a poucos pontos, podemos encontrar algumas similaridades com outras três defesas da NFL: a do Denver Broncos e, principalmente, do Seattle Seahawks e New York Giants. Contudo, sabendo que os Falcons não enfrentaram os Giants nesta temporada e que a defesa dos Broncos, apesar de também ceder poucos pontos, tem como destaque o combate ao jogo aéreo (ela cedeu mais de 130 jardas terrestres por partida em 2016), a comparação direta fica com o sistema defensivo dos Hawks.
Em termos de pontos, jardas totais, jardas aéreas e jardas corridas cedidas por partida, Seattle teve, respectivamente, a 3ª, 5ª, 8ª e 7ª melhor defesa da NFL. Já New England, por sua vez, apareceu nesta mesma ordem com a 1ª, 8ª, 12ª e 4ª colocação para os quesitos.
Tendo isso em mente, vale ressaltar que Atlanta Falcons e Seattle Seahawks se enfrentaram duas vezes nesta temporada, e o resultado de ambos os confrontos foram diferentes. Na semana 6 do calendário, os Seahawks venceram por 26-24, em um jogo que gerou muita polêmica devido à não marcação de uma penalidade. Deixando isso de lado, é preciso detalhar o que Seattle fez naquela partida no CenturyLink Field: acima de tudo, os Seahawks pararam os running backs dos Falcons. Juntos, Devonta Freeman e Tevin Coleman tiveram 52 jardas, sem terem marcado nenhuma vez na partida. Além disso, o setor foi capaz de interceptar Matt Ryan uma vez. Não se esqueça ainda que naquela tarde Ryan foi “sackado” quatro vezes.
Já recentemente, em partida válida pela Rodada Divisional dos playoffs, os Falcons deram o troco e venceram por 36-20. Mas por que tanta diferença de um jogo para o outro? Bom, nessa pós-temporada, Seattle não conseguiu forçar nenhum turnover e os running backs dos Falcons tiveram praticamente 100 jardas totais na partida (algo que não é espetacular mas é bem superior do que as 52 jardas do primeiro encontro), marcando ainda uma vez. Saiba ainda que Freeman totalizou 80 jardas recebidas. Além disso, Ryan não foi tão pressionado na partida disputada no Georgia Dome.
Podemos concluir que…
De fato, New England ainda não enfrentou um quarterback tão bom quanto Matt Ryan nesta temporada, e podemos afimar que raríssimas vezes esteve diante de um sistema ofensivo tão equilibrado (talvez só contra Pittsburgh isso tenha acontecido). Desta forma, Ryan sabe a importância que Devonta Freeman e Tevin Coleman terão no Super Bowl, afinal, ter um ataque unidimensional contra Bill Belichick normalmente não é uma boa opção. Os Falcons viram seus running backs “apagados” contra os Seahawks e saíram derrotados.
Em um ano de MVP, talvez não seja possível parar completamente Matt Ryan. Mas, assim como no caso de Tom Brady, os ótimos quarterbacks têm problemas quando são incomodados. Concluindo: ter Freeman e/ou Coleman envolvidos no plano de jogo e deixar Ryan confortável dentro do pocket são fatores cruciais para que o ano de Atlanta termine em grande estilo.
Como o ataque dos Falcons irá diante da defesa dos Patriots? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
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