Como a NFL é espetacular! No Thursday Night Football desta semana 13, o Dallas Cowboys, líder da NFC Leste mas que vem em uma temporada oscilante, recebeu o New Orleans Saints, apontado como o melhor time da liga no momento. Os Saints, aliás, somavam dez vitórias seguidas até a rodada. Mas isso chegou ao fim!
A NFL mostrou mais uma vez por que, literalmente, “cada jogo é um jogo”. Dallas teve sua defesa em ótimo dia, como de costume neste ano, e derrotou New Orleans. Agora, os Cowboys ficam mais próximos dos playoffs. Os Saints estarão na pós-temporada apesar da derrota, porém o fator mando de campo terá maiores obstáculos pela frente.
Como de costume após o TNF, concluímos alguns fatos sobre o confronto. E adianto que há muito o que ser comentado.
Sobre o jogo
A noite de quinta-feira foi uma daqueles que empolgou os torcedores do Dallas Cowboys – e não era para menos. Pela franquia, o quarterback jogou bem, o jogo corrido foi pontual, o grupo de recebedores apareceu e a defesa brilhou. A atmosfera no AT&T Stadium na abertura da semana 13 é o que os torcedores e jogadores em Arlington sempre esperam.
Chama atenção que para derrotar este New Orleans Saints é preciso ter um desempenho quase perfeito. Mas o Dallas Cowboys não conseguiu isso na noite. Os fumbles de Dak Prescott são inadmissíveis em grandes jogos. Bem como as duas penalidades de Randy Gregory, as quais mais se pareceram a turnovers. Apesar disso, os Cowboys triunfaram. Por quê? Pois a defesa esteve em um dia espetacular, Ezekiel Elliott foi decisivo e, verdade seja dita, os Saints viram problemas antigos reaparecendo. Ainda tenho dúvidas quanto aos dois últimos níveis da defesa de New Orleans. Quanto ao grupo de recebedores, idem.
De qualquer maneira, o Dallas Cowboys venceu. Esse era um resultado que os Cowboys precisavam. No entanto, imaginando um eventual duelo entre Cowboys e Saints nos playoffs, New Orleans seria (franco) favorito novamente. Sean Payton teria mais tempo para estudar o oponente e fazer seus ajustes, e Drew Brees estaria em outra pegada. Sem falar que o confronto provavelmente seria no Mercedes-Benz Superdome. Se as equipes se reencontrarem em janeiro, aí sim o Dallas Cowboys precisará de uma desempenho impecável. Por ora, a equipe se preocupa em chegar ao mata-mata ainda, o que ficou mais próximo agora.
A defesa do Dallas Cowboys
O atuação da defesa dos Cowboys ontem foi, possivelmente, a melhor da temporada até agora. Uma das melhores da década em calendário regular. E da história do time, acho que seja válido dizer. Tenha em mente que New Orleans chegou à rodada com o melhor ataque da liga em pontos e com o favorito a MVP under center. A conexão Drew Brees-Michael Thomas tinha porcentagem recorde. E Alvin Kamara é um dos líderes de touchdown no campeonato.
Incrivelmente, Dallas foi capaz de anular todos (!) esses fatores. Os Saints marcaram somente dez tentos, Brees ficou restrito à 127 jardas em sua pior partida de 2018, Thomas “só” recebeu cinco dos oito passes lançados em sua direção e Kamara passou em branco. Aliás, a jogada mais longa do running back camisa #41 foi uma recepção de oito jardas!
Desta maneira, o Dallas Cowboys segue como o único time a não permitir 30 pontos em um confronto nesta temporada. Os principais responsáveis por isso? São vários. Entre eles, DeMarcus Lawrence, o qual fechou a noite com quatro tackles, um sack, dois hits no QB e um fumble forçado. Chidobe Awuzie e Byron Jones foram muito bem nas coberturas, tendo desviado três passes. Anthony Brown, ao somar um sack, um hit no QB, um tackle para perda de jardas e dois passes defendidos, fez mais do que é encarregado.
Por fim, mas definitivamente não menos importante (pelo contrário), a dupla Leighton Vander Esch e Jaylon Smith foi impecável. Smith continua sendo um dos linebackers mais dinâmicos e explosivos da NFL. Vander Esch foi o líder do time em tackles no confronto, fazendo alguns deles que eram cruciais perecerem fáceis. Ele agora está cada vez mais nas conversas para Calouro Defensivo do Ano.
A defesa do New Orleans Saints
Ao contrário dos Cowboys, a defesa secundária do New Orleans Saints deixou a desejar. De fato, o setor forçou turnovers em momentos importantes, os quais não foram bem aproveitados pelo ataque. Contudo, o sistema defensivo dos Saints permitiu 100 jardas corridas (chegou ao duelo com média de 70 por partida) e viu Dak Prescott terminar com o segundo maior aproveitamento de passes da carreira (85,7%).
Por um lado, como citado, dois fumbles de suma importância foram forçados. Além disso, os Saints totalizaram sete sacks em Prescott. Cinco da dupla Cameron Jordan e David Onyemata. Em contrapartida, os recebedores dos Cowboys conseguiram muita separação nas rotas durante o confronto. Lembre-se: Michael Gallup deveria ter matado o jogo bem antes se o passe tivesse sido certeiro.
A pressão no quarterback foi sólida, todavia, as coberturas de passe, tanto dos libebackers quanto dos defensive backs, pecaram. Eli Apple e P. J. Williams voltaram a ter dias ruins, e sobrecarregaram o jogo de Marshon Lattimore, o melhor DB do elenco.
A corrida para o MVP ganha mais um capítulo
O épico embate entre Chiefs e Rams ajudou consideravelmente Drew Brees na corrida pelo MVP. Verdade seja dita, o duelo apenas fez com que Brees ficasse isolado no topo das conversas, visto que as atuações do camisa #9 em 2018 são eram todas basicamente impecáveis. Eram pois o confronto frente ao Dallas Cowboys marcou o pior desempenho de Drew Brees na temporada. E mais: provavelmente o pior desempenho entre todos os reais candidatos ao prêmio de MVP. Brees fechou a semana 13 com 18/28 nos passes, 127 jardas, um touchdown e uma interceptação. Sem dúvida, Patrick Mahomes, Jared Goff, Todd Gurley, Philip Rivers, Aaron Donald, ou quem quer que você considere no topo da disputa, nenhum deles foi tão mal assim. Pelo menos não até agora.
Desta maneira, o desfecho da rodada será de suma importância para a corrida ao prêmio individual mais cobiçado do campeonato, o qual acabou de ganhar mais um capítulo. E um muito intrigante, diga-se de passagem.
Dak Prescott
A pressão sobre Dak Prescott é grande. Afinal, ele é o quarterback titular de um dos maiores times da NFL, mas que não vence o Super Bowl há décadas, e já tem um Calouro Ofensivo do Ano no currículo. Sem falar no fato de que o camisa #4 almeja um novo contrato, uma vez que o seu de calouro termina no ano que vem.
Contra New Orleans, então, o QB do Dallas Cowboys passou no teste. Não, sua atuação não foi brilhante. Não com dois fumbles, um deles perdidos, da forma como foi. Ainda, mesmo com 24/28 nos lançamentos, ele obteve apenas um touchdown contra uma secundária que teve rendimento abaixo da média. E um lançamento que era “para matar a partida” foi errado por ele.
De qualquer forma, Dak Prescott fez aquilo que era o mais importante: venceu. Houve também uma corrida em terceira descida “de gente grande” conquistada por ele, justiça seja feita. Aliás, o comportamento de Prescott em third downs, em geral, foi positivo. Pelo resultado final, Dak Prescott passou no teste. No fim das contas, partidas com a esse TNF pesarão para Jerry Jones durante as próximas offseason. Não tenha dúvidas disso.
O grupo de recebedores dos Saints
É difícil apontar somente um responsável pelo rendimento ruim do ataque de New Orleans diante de Dallas. Entretanto, entre os fatores que culminaram nisso, o grupo de recebedores dos Saints precisa ser citado. A verdade é que o New Orleans Saints não tem wide receivers e tight ends espetaculares no plantel.
Com exceção de Michael Thomas, que é um dos melhores WRs da NFL, os demais alvos do setor não impressionam. Os ótimos lançamentos de Drew Brees facilitam o trabalho desses outros recebedores na maioria das vezes. Todavia, em um jogo complicado, quando a defesa adversária está em um bom dia, essa limitação fica em pauta. Muitas vezes, o talento individual de recebedores precisa aparecer. O TNF da semana 13 foi um exemplo disso. Brees não conseguiu ajudar seus alvos, como de costume. E nem os alvos o ajudaram.
O futuro para esses times
A vitória do Dallas Cowboys contra o New Orleans Saints confirma que o time de Jason Garrett permanecerá na liderança da NFC Leste. Além disso, pressiona Eagles e Redskins, que se enfrentam na rodada. E mais: o momento já não é favorável para esses dois times. Washington acabou de perder Alex Smith para o restante da temporada. E Philadelphia vem demonstrando falhas em seu jogo neste momento, além de ter encontro marcado com Cowboys, Rams e Texans nas rodadas seguintes.
Para os Saints, o revés não deverá ter grande impacto na NFC Sul, visto que a diferença da equipe no topo ainda é considerável. Contudo, o mesmo não pode ser dito no que diz respeito ao cenário da Conferência Nacional nos playoffs em geral. Isso pois, caso o Los Angeles Rams vença na semana 13, a franquia passará a controlar seu destino para garantir folga e mando de campo durante a pós-temporada.