Na cobertura da primeira semana da temporada regular da NFL em 2019, já analisei o embate entre Chicago Bears e Green Bay Packers que abriu a rodada, e comentei a respeito de 10 fatos que precisam ser destacados depois dos primeiros jogos.
Para fechar a análise sobre a semana de estreia, então, separei os cinco jogos sobre os quais comentei somente via Twitter ou podcast. Aqui estão eles:
Suficiente, a palavra que define a vitória dos 49ers
O ataque do San Francisco 49ers segue sem engrenar.
Atuando oficialmente pela primeira vez desde a lesão sofrida em 2018, Jimmy Garoppolo teve altos e baixos contra o Tampa Bay Buccaneers, e os 18/27, 166 jardas, 1 TD e 1 INT totalizados por ele no embate resumem bem a atuação.
Garoppolo não arriscou muitos passes em profundidade, mas errou lançamentos que não deveria, como a bola para Marquise Goodwin que deveria ter sido touchdown, por exemplo. A interceptação que foi retornada para touchdown foi o pior desses casos; o camisa #10 telegrafou o lançamento para Tevin Coleman.
O QB também teve momentos interessantes.
O touchdown de 39 jardas para Richie James chamou atenção positivamente. E a forma como Garoppolo, que já havia oscilado na pré-temporada e teve um primeiro período ruim contra os Bucs, deu a volta por cima e se manteve focado no plano de jogo merece elogios na semana 1.
Sem dúvidas, as oscilações gerais do sistema ofensivo de Kyle Shanahan também atrapalharam Garoppolo: dois TDs anulados por penalidades; grupo de running backs com média de 3,1 jardas por corrida; e a falta de um wide receiver nº 1. Nenhum WR de San Francisco foi acionado mais de três vezes no confronto.
A melhor notícia da rodada para os Niners foi, sem dúvidas, o sistema defensivo. Afinal, depois de totalizar apenas duas interceptações durante a temporada 2018 inteira, foram três picks contra os Buccaneers, incluindo duas delas retornadas para TD.
Isso para não falar no pass rush que, agora reforçado por Nick Bosa, teve sete hits e três sacks em Jameis Winston.
Por mais uma semana, os torcedores dos 49ers não viram uma atuação brilhante de Garoppolo. Tampouco de um ataque que se espera algo a mais pela presença do QB e, claro, de Shanahan. Mas foi uma atuação boa o suficiente para conseguir a vitória, apoiada fortemente por dois touchdowns defensivos.
A defesa dos Eagles em pauta (?)
Por algum momento, o confronto Philadelphia Eagles-Washington Redskins na semana 1 me lembrou o Buccaneers-Saints na semana 1 da temporada passada. O franco favorito jogava em casa, com altas expectativas, mas os visitantes contaram com uma ótima e surpreendente atuação de um quarterback que poucos acreditam, fizeram grandes jogadas…
Coincidentemente, quando Tampa Bay derrotou New Orleans ano passado, DeSean Jackson roubou a cena, ao lado de Ryan Fitzpatrick. Um ano mais tarde, retornando aos Eagles, Jackson foi o diferencial para seu “novo” time.
A conexão Carson Wentz para Jackson funcionou oito vezes, duas delas para mais de 50 jardas, rendendo ao todo 154 jardas e dois touchdowns. Então sim, a chegada de um veterano como Jackson acrescenta muita verticalidade e faz os Eagles ainda melhores, liderados por um QB que se mostrou saudável — e brilhante — novamente.
Que tal os números de Wentz em terceiras descidas? 12/13, 197 jardas e três touchdowns!
Isso pode ser necessário embora a defesa de Philadelphia tenha mostrado mais problemas do que o roteiro indicava. Principalmente na secundária, Doug Pederson tem ajustes a fazer: os defensive backs dos Eagles permitiram 380 jardas a Case Keenum.
Prescott merece um novo contrato
Desde 2016, apenas Tom Brady teve mais vitórias do que Dak Prescott.
Calouro Ofensivo do Ano há três temporadas, Prescott soma 71 touchdowns e 25 interceptações em sua carreira profissional.
Tudo isso depois de ter sido escolha de quarta rodada no Draft 2016, sem levantar enormes expectativas como outros nomes recrutados desde então.
Até hoje, o camisa #4 acumulou menos de US$ 5 milhões em contrato na NFL.
Considerando o quanto um franchise quarterback é importante no futebol americano, e o indiscutível encaixe ideal que Prescott tem para o atual Dallas Cowboys, é normal imaginar e assegurar um novo contrato para ele.
Por isso, Prescott merece uma enorme extensão contratual. Aliás, seria genial, à la Tom Brady, da parte dele aceitar não ser talvez o mais bem pago de todos para tornar um elenco promissor mais competitivo por mais tempo.
Mas o ponto aqui é merecimento, e Prescott já marcou, há algum tempo, os requisitos para almejar um novo contrato. Não somente pelo o que ele fez contra o New York Giants na semana 1, que foi uma atuação também à la Brady.
Os Giants têm uma defesa frágil e estão entre os piores times da NFL atualmente. O que não faz a atuação de Prescott, ao mesmo tempo, ter sido “só mais uma.”
Em Arizona, o empate da inconsistência
O retrospecto do Detroit Lions na era Matthew Stafford contra a NFC Norte é negativo (25-28), porém são desempenhos como este diante do Arizona Cardinals que muitas vezes custam maior competitividade aos Lions.
De fato, Detroit estreou fora de casa contra um time em ascensão. Contudo, a equipe de Matt Patricia tinha 18 pontos de vantagem no quarto período e não venceu. As falhas no final depois de um começo esperançoso não são aconselháveis para uma equipe que está em uma das divisões mais disputadas da NFL.
Faltou gás à defesa, que começou bem, mas caiu de produção à medida que a partida foi jogada. Stafford perdeu consistência também. Nesse caso, a ausência de um jogo corrido mais sólido é sentida.
Junte tudo isso à uma comissão técnica que não chamou as jogadas certas no período mais importante do confronto e, no lance que possivelmente “mataria” os Cardinals fez um pedido de timeout que anulou o próprio ganho. Um tiro no pé.
Do outro lado, os primeiros 45 minutos de Kyler Murray na NFL oficialmente, os mesmos de Kliff Kingsbury, foram desastrosos.
Nenhuma chamada ofensiva parecia funcionar, e as coisas pioravam com a defesa sem respostas do outro lado da bola, bem como a inconstância da linha ofensiva.
Contudo, enquanto os Lions caíram de produção no decorrer do embate, os Cardinals melhoraram. Melhoraram sabendo aproveitar os erros adversários, principalmente nos dois últimos níveis da defesa.
Os passes em profundidade começaram a funcionar para Murray, David Johnson teve maior participação e a defesa também evoluiu.
Detroit caiu tanto de produção no desenrolar do primeiro desafio da temporada 2019 que por pouco não saiu de campo sequer sem um empate. Os Cardinals flertaram com a vitória e tiveram boas notícias, mas o começo foi tão abaixo da média que custou o resultado.
Empataram dois times que foram “8 e 80” e “80 e 8” na semana 1. Foi o empate da inconsistência.
Os ajuste s para Carroll e Taylor
Pelo fator Russell Wilson, o confronto foi mais equilibrado do que muitos esperavam, entre Seattle Seahawks e Cincinnati Bengals. E assim são as coisas na NFL: o time que tem o melhor QB do embate não consegue dar continuidade à boas jogadas no ataque, e a defesa, principalmente na secundária, mostra-se abaixo da média.
Enquanto isso, o adversário, que tem um quarterback com braço potente e talento individual em setores específicos do elenco, consegue implantar um plano de jogo exatamente explorando pontos em que o rival não estava preparado.
Isso quase custou mais um triunfo em casa para os Seahawks, por pouco não roubado pelo estreante Zac Taylor contra o veterano Pete Carroll.
Um ataque que tem Wilson e Chris Carson, e é baseado principalmente no jogo terrestre, deve melhorar no decorrer da temporada. Isso faz com que esteja bem claro o que Taylor e Carrol precisam ajustar para o futuro próximo.
A secundária dos Seahawks foi desastrosa contra os Bengals. Em entrosamento, posicionamento, comunicação e timing, os defensive backs de Seattle, outrora referências na NFL, precisam melhorar.
Não é difícil entender, portanto, por que Andy Dalton totalizou 418 jardas aéreas fora de casa. Taylor é um head coach especialista em ataques e, mais ainda, em quarterbacks. O problema para ele foi ver os running backs produzindo 31 jardas em 13 carregadas. Joe Mixon agora ainda é dúvida para a semana 2.
Taylor foi feliz na primeira preparação de plano de jogo, porém precisa estar ciente que não enfrentará uma secundária vulnerável toda semana. E essa variação, combinada aos ajustes, configura os principais treinadores da liga. Já é um bom teste para o jovem head coach.
Por outro lado, Carroll tem plena consciência de que, por melhor que Wilson seja, os Seahawks não têm talento o suficiente para vencer com tantos erros defensivos. É preciso mais equilíbrio.