Em 2018, a pior divisão da NFL é a NFC Leste. Fato um tanto quanto surpreendente, visto que o atual campeão saiu desse grupo na temporada passada. E que investimentos interessantes foram feitos por seus times na offseason. Contudo, com 11 semanas disputadas, a NFC Leste é marcada por franquias que oscilam demais, sem uma super potência definida.
A NFC Leste não tem um Rams, um Saints, um Patriots, um Steelers. Em contrapartida, conta com um Washington Redskins que não consegue repetir ótimas atuações consecutivamente. Um Dallas Cowboys que demonstra grandes limitações ofensivas. Um Philadelphia Eagles com a “ressaca” pós-Super Bowl. E um New York Giants que já tem sete derrotas.
Tudo isso, então, fez com que o Dallas Cowboys, que perdeu a maioria dos confrontos complicados que teve, incluindo uma das piores derrotas do campeonato, estivesse vivo na briga pelos playoffs. Mais que apenas na briga, os Cowboys devem ser vistos como favoritos divisionais neste momento. Pasmem (parte 2), até mesmo os Giants ainda podem vencer a divisão. Bem como os Eagles, os quais acabaram de sofrer a pior derrota (41 pontos) de um atual campeão na história da era Super Bowl.
Mas por que, hoje, o Dallas Cowboys é o favorito na divisão leste da Conferência Nacional? O que aconteceu para a equipe, a qual evidentemente não convence em 2018, chegar a este ponto?
Uma derrota inaceitável
Até a semana 7, uma antes da rodada de folga, Dallas ainda não sabia o que era vencer duas partidas consecutivas. Pior: os Cowboys ainda não tinham repetido atuações de 20/+ pontos por duas semanas em sequência. Mas tudo isso foi aturado até o confronto contra o Tennessee Titans, na rodada nº 9.
Diante dos Titans, os Cowboys estavam em casa, no horário nobre, depois de uma semana de bye, e contra um adversário que marca em média menos de 19 pontos por jogo. Ainda assim, o desempenho do grupo comandado por Jason Garrett foi um fiasco. Dallas saiu derrotado por 28-14, sendo os pontos do time em consequência de fumbles “inexplicáveis” do ataque de Tennessee. Em outras palavras, não é um absurdo imaginar os Cowboys com um (ou nenhum!) touchdown em Monday Night Football naquela ocasião.
Não foi uma derrota daquelas que faz o elenco abaixar a cabeça por alguns minutos, levantá-la e depois seguir para o próximo desafio. Foi um revés daqueles que toma os noticiários, repensa contrato de quarterback e, claro, aumenta a pressão sobre o treinador. Tudo isso aconteceu para com o Dallas Cowboys.
Na NFL, tudo é possível
Mas é agora que a incerta NFC Leste entra em cena. Após a pífia derrota para Tennessee, o Dallas Cowboys tinha que enfrentar o arqui-rival Philadelphia Eagles na sequência. Aí sim um embate que, dependendo do desfecho, demite head coaches. Importante ressaltar que, naquele ponto, os Redskins lideravam a divisão com um jogo de vantagem sobre os Eagles, e dois sobre os Cowboys (além da vantagem no confronto direto).
Então, como na NFL tudo acontece como planejado, Dallas visitou e não teve chances contra os Eagles. Ao contrário do que muitos pensavam, os Cowboys foram até a Philadelphia e, com um bom desempenho, derrotaram os Eagles. Ofensiva e defensivamente, Dallas fez jogadas que confirmaram o merecimento daquele triunfo que parecia improvável.
Uma rodada mais tarde, já na semana 11, o Dallas Cowboys venceu duas partidas consecutivas pela primeiras vez na temporada ao derrotar os Falcons, novamente longe de Arlington. Não, não foi uma performance empolgante, visto que Dallas marcou somente seis pontos nos três primeiros períodos e demonstrou problemas no jogo aéreo de novo. Contudo, os melhores jogadores do time apareceram, em especial no sistema defensivo, e, com um field goal no final, a vitória aconteceu.
Paralelamente a isso, Philly foi goleado pelos Saints e os Redskins derrotados pelos Texans em Washington. E detalhe: Alex Smith sofreu uma trágica lesão com recuperação prevista para 6-8 meses. Ou seja, Dallas voltou a ser segundo colocado na NFC Leste, um jogo atrás de Washington, que não contará mais com seu QB titular em 2018. Por fim, vale salientar que Cowboys e Redskins se enfrentam na semana 12.
Por que gostar deste Dallas Cowboys?
Estamos falando de uma das defesas mais eficientes da NFL em 2018. De fato, o sistema defensivo do Dallas Cowboys poderia ser melhor em aspectos importantes, como third downs, por exemplo. Porém, no fim das contas, esse é um setor que cede 19 pontos por jogo, a terceira melhor marca da liga. E a franquia soma 28 sacks no ano, uma das dez melhores.
Nomes como Leighton Vander Esch, Jaylon Smith e DeMarcus Lawrence estão elevando o nível dos Cowboys defensivamente. Aliás, é difícil encontrar neste momento uma dupla de linebackers melhor que Vander Esch e Smith. Sem falar em Tyrone Crawford, Chidobe Awuzie, Byron Jones, nomes também subestimados que estão aparecendo bem.
Do outro lado da bola, Ezekiel Elliott cada vez mais se torna um dos melhores corredores de sua geração. Já são mais de 1.200 jardas de scrimmage e sete touchdowns totais para ele nesta temporada.
E não seria justo deixar de falar de Amari Cooper, o qual aos poucos vai se encaixando no sistema ofensivo do Dallas Cowboys. A presença de Cooper no elenco, não somente pelas boas estatísticas do wide receiver, criou uma referência entre os recebedores da franquia. Agora, Allen Hurn, Michael Gallup, Cole Beasley, e companhia, podem executar suas funções em campo sem a pressão de quem será o nº 1 do elenco. Cooper faz isso.
Por que não gostar?
Quem acompanha o Shotgun com frequência, sabe: sou um defensor de Dak Prescott. Entretanto, os desempenhos do camisa #4 são dignos de críticas até o momento. Ele precisa ter mais consistência passando a bola. Por melhor que Elliott seja, o quarterback é a peça mais importante de um time. Ou era para ser. Se não for, como acontece no Dallas Cowboys, esse precisa dar a mínima competitividade ao grupo. Mas isso nem sempre acontece.
O calendário dos Cowboys até agora também preocupa. Afinal, as vitórias aconteceram frente a Giants, Lions, Jaguars, Eagles e Falcons. Não são oponentes realmente fortes neste ano, tanto que a campanha combinada deles é de 18-34. Em compensação, quando enfrentou melhores competidores, perdeu todas: Panthers, Seahawks, Texans, Redskins e Titans.
Não por acaso, espero o campeão da NFC Leste sendo o candidato mais fraco aos playoffs da NFC. Se for o agora favorito Dallas Cowboys, precisará melhorar demais para ter competitividade em janeiro, uma vez que equipes como Carolina e Seattle estarão presentes lá, e não New York e Detroit.
O Dallas Cowboys tem chances de mostrar que é realmente competitivo
O Dallas Cowboys me preocupa quanto ao rendimento da franquia diante de oponentes complicados. Contudo, deve ser ressaltado que o calendário de Dallas até a semana 17 tem alguns compromissos interessantes, os quais podem elevar a moral do time. Além de Washington na semana 12, New Orleans, Philadelphia, Indianapolis, Tampa Bay e New York são os desafios restantes. Saints e Colts são os testes mais complicados – talvez não tão importantes quanto Redskins e Eagles, contudo – até o fim de dezembro.
Por ora, o Dallas Cowboys é o favorito na NFC Leste. Se Dallas conseguirá assegurar esse favoritismo é outra história. E se o time estará nos playoffs mais por méritos seu do que pelo nivelamento de sua divisão também é outra história, ainda mais diferente. O começo de ambas será contra os Redskins, em Dallas.