As temporadas recentes não têm sido generosas com o Dallas Cowboys. Decepções, fracassos, polêmicas, os quais ficaram marcados desde o field goal que Tony Romo não conseguiu segurar a bola nos playoffs de 2006, passaram pela interceptação do mesmo contra os Giants que tirou que tirou Dallas da pós-temporada há alguns anos, e chegaram até a questionada chamada na reecepção de Dez Bryant no Lambeau Field.
Falar dos Cowboys é falar de uma franquia que já disputou o Super Bowl oito vezes e venceu o Grande Jogo em cinco ocasiões – segunda melhor marca da história. Contudo, já são 21 anos de seca, apesar da criação de bons times neste período. Só que no mundo da NFL, a hora das equipes sempre chega, especialmente se tratanto de um dos times mais populares do mundo; portanto, a dúvida sobre quando o America’s Team voltará ao topo da liga se torna cada vez maior.
Por uma ironia do esporte – e o futebol americano sabe ser irônico –, no momento em que todos menos esperavam, o Dallas Cowboys despontou, encontrou seu time mais promissor das últimas décadas e voltou a figurar entre as potências da NFL.
O quarterback não é veterano, o running back ainda não conhece totalmente os “atalhos do campo” (ou pelo menos não era para conhecer), o grupo de recebedores não é dos mais badalados, o treinador é um dos mais subestimados da liga e a defesa está longe de reunir grandes talentos.
Mas sim, é desta forma, em meio a um cenário completamente improvável, que o Dallas Cowboys tem vencido seus jogos e surpreendendo a todos. A consistência, o talento e a técnica visto nos triunfos de Dallas neste momento – e alguns deles já foram espetaculares – fazem da equipe a melhor da NFL, acredite ou não.
Uma das melhores linhas ofensivas da NFL
Ao longo da história da National Football League, de modo geral, já vimos o jogo ser “representado” por diversas posições. Na década de 80, por exemplo, os running backs de certo modo eram os jogadores mais importantes dentro de campo; no começo dos anos 2000, a liga se tornou dos quarterbacks. É natural que os planos de jogo se adaptem ao atual estilo que a NFL impõe (normalmente mediado pelas regras).
Todavia, recentemente, nas últimas três ou quatro temporadas para ser mais específico, temos visto mudanças neste cenário. Mudanças que ainda conferem ao quarterback o status de posição mais importante em um time, porém que aumenta a importância das linhas ofensivas. Um bom grupo de bloqueadores, mesmo passando despercebido na maioria dos casos, tem impactado profundamente dentro de campo em diversos aspectos. Sobre isso, o Dallas Cowboys talvez seja a franquia com mais autoridade para falar do assunto.
Possivelmente, a linha ofensiva do Dallas Cowboys é a melhor da liga neste momento. Tennessee Titans, Oakland Raiders, Houston Texans, Buffalo Bills, todos eles têm feito um grande trabalho com o setor nesta temporada; entretanto, nos Cowboys, ele talvez seja o mais completo do campeaonto. Dak Prescott sofreu 13 sacks nesta temporada, a 3ª melhor marca da NFL. Além disso, o jogo corrido de Dallas, com 1.449 jardas terrestres, é o segundo melhor de 2016. Apenas duas franquias tem sua offensive line ranqueada no Top 5 nesses dois quesitos citados, Dallas Cowboys e Oakland Raiders.
Dak Prescott e Ezekiel Elliott têm sim muito talento, contudo saiba que sem os ótimos bloqueadores de Dallas, suas vidas seriam bem mais complicadas e essa explosão repentina desta temporada, talvez tardasse um pouco. Mas isso é exatamente isso que as ótimas linhas ofensivas fazem: tornam bons jogadores em ótimos, e os mantém neste posto.
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Entre os cinco bloqueadores titulares da equipe, estão Tyron Smith, escolha de 1ª rodada em 2011 e um dos melhores offensive tackles da história da NFL; Zack Martin, escolha de 1ª rodada em 2014; e Travis Frederick, 1ª rodada em 2013. Nenhuma equipe da liga atualmente, com exceção dos Cowboys, tem mais de dois jogadores titulares de linha ofensiva que vieram como escolhas de primeira rodada. E o mais impressionante é que nas partidas em que Smith esteve fora por lesão, o ataque corrido de Dallas totalizou 194 e 199 jardas pelo chão, mostrando o quão forte é este setor.
Muitas vezes é difícil concretizar como uma linha ofensiva é boa – as estatísticas não são tão exatas em muitas das ocasiões. Contudo, basta assistir a um jogo dos Cowboys para percer o quanto seus bloqueadores são técnicos. Além disso, saiba que a menos que seu quarterback seja um Hall of Famer certo – coisa que Prescott não é – se ele está brilhando, é porque está sendo bem protegido.
Juventude e experiência unidas por muito talento
A formação dos Cowboys em 2016, ofensiva e defensiva, condiz com equipes campeãs. De fato, ainda é muito cedo para cravar qualquer futuro para este time; todavia, nos vencedores recentes do Super Bowl temos visto uma ótima combinação de juventude e experiência dentro de campo, a qual é mediada por muito talento das duas partes. Dak Prescott, Ezekiel Elliott, Dez Bryant, Jason Witten, Sean Lee, Barry Church, Orlando Scandrick, Morris Claiborne… Sim, o Dallas Cowboys parece estar neste “padrão”.
Poucos times da NFL têm sido tão equilibrados dentro de campo como os Cowboys. Após dez semanas, Dallas tem o 3º melhor ataque da liga em jardas totais (412,7 por jogo), o 1º em jardas corridas (161) e o 4º em pontos (28,7). Ainda, sofreu apenas sete turnovers em 2016, segunda melhor marca da temporada.
Defensivamente falando, é o 3º em jardas terrestres, cendendo pouco mais de 80 jardas por confronto e o 8º em pontos, com apenas 18,9 tentos permitidos por confronto. Apenas um time (Pittsburgh) foi capaz de marcar mais de 23 pontos contra os Cowboys neste ano.
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Individualmente, é impossível não citar Ezekiel Elliott. O calouro vindo de Ohio State é o líder da liga em jardas terrestres e, em pouco mais de dois meses como profissional, mostrou que os Cowboys fizeram a opção correta em selecioná-lo na 4ª posição do Draft. Na história da NFL, apenas três running backs correram para mais de 1.000 jardas nos primeiros nove jogos de sua carreira, e Elliott é um deles.
O outro novato, Dak Prescott, tem jogado como se estivesse na NFL há anos. Ele é o líder de um dos ataques mais dinâmicos do futebol americano e tem vencido seus jogos de maneiras impressionantes. No ano, totaliza 18 touchdowns e duas interceptações – apenas Tom Brady, Matt Ryan e Drew Brees têm um rating superior ao do camisa #4, que é de 106.2 (contando quarterbacks com pelo menos 100 tentativas). Bela companhia! Ainda, vale ressaltar que Prescott tem jogado em tão alto nível que muitos torcedores do Dallas Cowboys “se esqueceram” de Tony Romo, o melhor quarterback da franquia na última década.
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Dak Prescott também feito aquilo que os grandes quarterbacks costumam fazer: envolver e elevar o nível dos jogadores a sua volta. Em 2016, sete nomes diferentes já marcaram pelo menos um touchdown recebido nos Cowboys, sendo que quatro desses fizeram isso mais de uma vez. O líder de passes, jardas e touchdowns recebidos de Dallas no ano é Cole Beasley.
Mas como Jason Garrett juntou tudo isso?
Falar deste Dallas Cowboys é falar de Prescott, Elliott, Bryant… e Jason Garrett! O trabalho feito pelo treinador da franquia em 2016 é espetacular. Como falado, a linha ofensiva é muito boa e alguns jogadores ofensivos têm muito talento, contudo, a defesa do time, que também vem sendo muito importante, não tem super estrelas porém demonstra uma boa consistência ao longo das partidas.
Além disso, a secundária dos Cowboys já teve desfalques relevantes em 2016, assim como a linha ofensiva, mas ainda assim manteve o nível e deixou o time em posição de vencer seus oponentes. Saiba que nada disso aconteceria sem uma boa mente no comando da equipe.
O plano de jogo estabelecido por Garrett, dando liberdade a Prescott e protagonismo a Elliott se encaixou perfeitamente no elenco. Em outras palavras, Ezekiel Elliott abusa das corridas e tem sucesso com isso, já que a linha ofensiva vai muito bem. Isso abre espaço nas defesas adversárias e tira um pouco da pressão sobre Dak Prescott – algo importante quando se trata de um calouro. O quarterback então fica em uma situação melhor de passe e é capaz de encontrar todos os alvos disponíveis.
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Nesta temporada, todo o trabalho feito em Dallas tem gerado resultados: após nove jogos, os Cowboys têm oito triunfos, estão isolados na liderança da NFC Leste e de quebra têm a melhor campanha de toda a NFL – apenas um time foi derrotado uma vez em 2016 e esse é o Dallas Cowboys. E não pense que o calendário ajudou nesta conquista; Dallas triunfou diante de Redskins, Packers e Steelers, todos fora de casa; e como mandante bateu os perigosos times dos Eagles e Bengals.
Esta é a primeira vez desde 1977 que os Cowboys emplacam uma sequência de oito vitórias. Naquele ano, diga-se de passagem, a equipe marchou até a conquista do Super Bowl.
Os adversários, o desempenho dentro de campo, a campanha, os profissionais e as estatísticas não mentem: nenhum time da NFL tem jogado tão bem quanto o Dallas Cowboys após dez semanas disputadas. A franquia agora deve conter a empolgação para dar continuidade ao excelente momento, nada foi conquistado ainda. A cada semana que passa o time de Dallas tem se mostrado mais espetacular e o resultado disso pode ser mais histórico do que todos pensavam ao começo da temporada, literalmente.
O Dallas Cowboys é o melhor time da NFL neste momento? Deixe sua opinião nos comentários!
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