Passado os processos de nascimento e estabilização, a National Football League tinha pela frente a década de 1940, período considerado por muitos historiadores do esporte como um “irmão do meio” da NFL, já que estava entre as décadas de 1920 e 1930, período inicial da liga, e 1950 adiante, quando ela eclodiu.
Enquanto por muitos os anos 40 foram vistos como “perdidos”, uma vez que melhorias e desenvolvimentos foram influenciados negativamente pelo acontecimento da 2ª Guerra Mundial, em pelo menos três aspectos, podemos encontrar mudanças vigentes até hoje no futebol americano. Culturalmente falando, em especial, a NFL se viu reforçada na década de 1940 – e isso é algo crucial para qualquer esporte.
“História da NFL”
– National Football League (NFL): Como tudo começou (1920)
– A grande depressão, a quebra de um padrão e o surgimento das primeiras lendas: A década de 1930 da NFL
A 2ª Guerra Mundial e suas consequências dentro de campo
Em dezembro de 1941, os Estados Unidos da América oficialmente entraram na 2ª Guerra Mundial – de repente, o futebol americano americano não parecia tão importante por lá. O acontecimento que tomou conta do mundo por alguns anos, dentro e fora de campo, teve consequências diretas no football (e poderíamos ficar horas aqui listando tudo isso).
A começar que duas semanas após o ataque japonês a Pearl Harbor, Chicago Bears e New York Giants se enfrentaram no Wrigley Field pela decisão daquela temporada; pouco mais de 13.000 pessoas compareçam ao confronto apenas. Para se ter uma noção, aquele foi o menor público da história a testemunhar uma partida de pós-temporada da NFL.
Além disso, a National Football League declarou que 995 profissionais ligados à ela serviram os EUA na Segunda Guerra, sendo a maioria deles jogadores em atividade. Isso mesmo, quase mil atletas tiveram que deixar suas equipes de um dia para o outro e ir ao campo de batalha — no dia 7 de dezembro, data em que os Estados Unidos começaram sua participação na Guerra, algumas partidas da NFL estavam acontecendo e de repende quem estava no estádio (jogadores, torcedores, técnicos, assistentes, médicos) recebeu a notícia que deveriam voltar às suas casas imediatamente (eles ainda não sabiam o real motivo de tal anúncio).
As trincheiras naquele momento, para a NFL e seus jogadores enviados, eram outras. E não pense que foram “jogadores qualquer”, pelo contrário. Não haviam restrições deste tipo nas seleções e portanto nomes como Ward Cuff, George McAfee, Sid Luckman, Joe Maniaci, Joe Kuharich, Tommy Thompson.
Mas como a liga conseguiria se manter por tempo indeterminado sem tantos atletas? Bom, algumas medidas foram feitas na época e, acredite ou não, o impacto de todas aquelas ausências foi relativamente fragmentado. As duas providências mais comuns foram a união de duas equipes (isso mesmo!) e a volta de jogadores que estavam aposentado e não com idade superior à permitida pelo serviço militar americano.
Na primeira dessas ações, a NFL acabou vendo a junção de dois times, como falado. Por exemplo, o Pittsburgh Steelers se uniu ao Philadelphia Eagles na temporada de 1943, criando temporariamente o “Steagles”, ou também “Phil-Pitt”. Um ano mais tarde, Pittsburgh ainda participou da temporada combinado com os Cardinals. Pode parecer estranho saber que isto aconteceu, ainda mais com o que vemos da NFL na atualidade; contudo, era isso ou suspender as atividades da franquia, algo que, aliás, chegou a acontecer com o Cleveland Rams em 43.
No segundo caso, os fãs da liga foram “presenteados” com os retornos de grandes nomes, como Bronko Nagurski, o qual se aposentou em 1937, mas participou da temporada de 1943 pelos Bears. Além dele, Ken Strong voltou a vestir as chuteiras cinco anos após ter parado, pelos Giants; e Arnie Herber também retornou ao Green Bay Packers.
No fim da Guerra, a National Football League oficializou que 19 jogadores ou ex-jogadores morreram em combate.
Estratégias, estética e cultura: as principais mudanças da década
Sem dúvidas, a Segunda Guerra Mundial fez com que, de um modo geral, a década de 1940 emperrasse as atividades da NFL. Entretanto, em meio à tanto caos e incertezas, seria injusto não reconhecermos o que de positivo aconteceu naquele período.
A começar pela formação em T, uma das mais tradicionais do futebol americano. Tal estratégia foi primeiramente implantada no Chicago Bears na década de 1930. Contudo, ela só caiu nas graças das equipes e passou a ser usada pela maioria dos times após a conquista dos Bears – única franquia que usava tal formação na época – sobre os Redskins por 73-0. Chicago ainda conquistou os títulos de 1941, 1943 e 1946, modelando ainda mais aquele tipo de ataque. Desde então, mediado pelas peças que têm no elenco, os times passaram a adaptar a formação em T, e viram o quão produtiva ela podia ser.
Ainda neste sentido de inovações, a década de 1940 levou ao futebol americano os desenhos dos logos nos capacetes dos times. Isso mesmo, os helmets customizados que estamos acostumados não tinham sido pensados até que Fred Gehrke, running back dos Rams, desenhou os chifres de seu mascote no próprio capacete (ainda de couro; isso só viria a mudar na prática por volta de 1950), passando a ideia aos demais companheiros de profissão.
Culturalmente falando, muitos historiadores da área consideram que a NFL se tornou realmente uma liga nacional (abrangendo todo o território dos Estados Unidos) quando os Rams tiveram que ir de Cleveland para Los Angeles, fazendo com que a National Football League se tornasse a primeira liga dos esportes americanos a ter uma franquia na Costa Oeste dos EUA. Logo de cara, na nova localidade, os astros dos Rams foram também contratados para atuaram como atores algumas vezes.
A barreira racial do futebol americano era quebrada
É possível dizer que a maior contribuição da década de 1940 para a NFL foi na integração racial do esporte. Se você voltar nos nomes dos principais jogadores citados neste capítulo, no primeiro, ou no segundo, raramente verá que algum eles eram negros, já que a barreira a ser quebrada por um jogador negro ao entrar na National Football League era bem mais complexa do que para um atleta branco – contrário ao que vemos atualmente, quando 70% dos jogadores da liga são considerados negros.
Na National Football League, em 1946, o Los Angeles Rams assinou com dois jogadores negros, Kenny Washington e Woody Strode, após ambos terem brilhado em seus tempos universitários por UCLA, quebrando finalmente a barreira racial existente no futebol americano e também nas outras ligas americanas – Washington é considerado o primeiro jogador Afro-Americano a assinar um contrato oficial na era moderna da NFL (pós 2ª Guerra Mundial). Diga-se de passagem, no futebol americano em geral, a participação dos negros começou no fim dos anos 20, mas, devido à inúmeros motivos (entre eles o preconceito vigente na época), sua efetivação na Liga Nacional de Futebol Americano não acontecia como esperado.
Vale ressaltar que ao mesmo tempo que os Rams faziam isso na NFL, os Browns, que já estavam em Cleveland, também ajudavam neste processo. A franquia contratou dois jogadores Afro-Americanos, Bill Willis e Marion Motley, para disputar a temporada da All-America Football Conference (AAFC), que por algum tempo competiu com o sucesso da NFL.
(Capítulo IV) National Football League (NFL): A década de 1950 – no site em 16/03
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