Finalmente chegamos aos anos 2000 – os quais marcam o último capítulo desta série “História da NFL ” (os demais capítulos estão logo abaixo). Mais de nove décadas se passaram desde que o primeiro esboço da National Football League era colocado no papel. Desde então, como vimos nos últimos dias, muita coisa mudou.
A começar pelo seguinte fato: de uma liga sem o interesse do público e com problemas financeiros ao esporte favorito dos americanos. Já tivemos a época das defesas, dos ataques, da criação de novas estratégias… E tudo isso parece ter se juntado, adaptando a NFL da melhor maneira possível para que ela chegasse ao seu atual formato.
Foi justamente na década de 2000 que a National Football League definiu sua estrutura de oito divisões (quatro em cada conferência) e 32 times, uma vez que até 1995, Carolina Panthers e Jacksonville Jaguars não estavam atuando. Já em 1999, o Cleveland Browns decidiu retornar à liga após suspender as atividades do time por duas temporadas. Por fim, em 2002, Houston Texans foi fundado.
Cada década da liga teve suas peculiaridades, isso é fato, as quais apresentaram pensamentos completamente diferentes daquilo que o público estava acostumado. Assim sendo, é impossível pensar na NFL atualmente e não citar o que o Super Bowl se tornou (mais detalhes abaixo), como as fronteiras da liga se expandiram e como o estilo de jogo é ofensivo. É com esta ideia ainda, que podemos dizer que os anos 2000 não foram marcados por tendências ofensivas ou defensivas, mas sim por ambas (e com algo a mais ainda, que é o time de especialistas) – e quem ganha com isso somos nós, os fãs. Tanto que vimos lendários jogadores surgirem de todos os lados da bola; e o trio Tom Brady, Ray Lewis e Devin Hester – talvez os melhores de todos os tempos em suas funções – justificam isso.
Não se esqueça ainda de Peyton Manning (o qual formou uma das grandes rivalidades de todos os tempos com Tom Brady (foto de capa)), Drew Brees, Aaron Rodgers, Ben Roethlisbergers, Bill Belichick, Tony Dungy, Randy Moss, Marvin Harrison, LaDainian Tomlinson, Tony Gonzalez, Ed Reed, Julius Peppers, Brian Urlacher, DeMarcus Ware, Adrian Peterson, Antonio Gates… Enfim, são muitos nomes que foram capazes de marcar uma época mesmo atuando diante de uma grande concorrência.
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Outra coisa que mudou em relação às décadas anteriores foi o time do momento. Pela primeira vez na história, o New England Patriots dominou a NFL, tendo se tornado apenas o segundo time de todos os tempos a vencer três Super Bowls em um intervalo de quatro anos. Ao todo, entre 2000 e 2016, os Pats conquistaram cinco aneis.
Os parâmetros da época também são outros, naturalmente. Um quarterback com 2.500 jardas e 20 touchdowns não tem mais o mesmo reconhecimento que teria há 25 anos, por exemplo. Por isso, os números que Dan Marino teve em 1984 (5.084 jardas e 48 touchdowns) devem ser exaltados ao máximo. Foi por isso também que Tony Romo tanto apareceu em 2007 ao passar para mais de 4.200 jardas e 36 touchdowns. Contudo, reconhecendo os méritos do jogador dos Cowboys, devemos concordar que 4.000/+ jardas e 36 TDs não têm o mesmo status do que há alguns anos (portanto, valorize os recordes que perduram há mais de 20 anos também). Isto é a década de 2000 da NFL.
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Estamos falando de um tempo em que uma temporada abaixo das 4.000 jardas aéreas e 30 touchdowns, já abre as portas para certos questionamentos. Os wide receivers não mais precisam ser exímios ao executarem suas rotas. Se esse for enorme e ágil, pode ser considerado diferenciado. E o que dizer da posição de tight end, a qual parece cada vez mais andar ao lado dos ex-jogadores de basquete? Atualmente, talvez a melhor forma de destruir uma defesa é com um tight end atlético, que é capaz até de se posicionar em campo como um wide receiver; os confrontos individuais ficam totalmente a favor desse. A formação tradicional dos sistemas ofensivos está reforçando intensamente a ideia de três WRs em campo, com toque especial para o slot receiver…
Sim, os tempos são outros. Defensivamente, na linha defensiva, os olhares têm se voltado para os pass rushers que melhor combinam força e agilidade, uma vez que o compromisso desses em campo não é apenas ir atrás dos quarterbacks. Na secundária, a nova tendência (e aqui já fica uma pequena introdução para outro texto) parece mesmo ser os linebackers/safeties – eu disse que o impacto dos tight ends ágeis seria grande.
Os estilos de jogo são outros, a ideologia em campo também. A cobrança nas respectivas posições nem de perto são aquilo que já foram um dia. Mas no fim, isso “pouco” importa. Estamos falando de futebol americano, da NFL. Tudo que aconteceu nesses 96 anos de história da liga, parece ter se encaixado perfeitamente no cenário em que estamos acostumados. Cenário ideal para quem acompanha o futebol americano, este esporte impressionante, e de uma história espetacular!
Veja mais: “História da NFL”
– (Cap. I) Como tudo começou
– (Cap. II) A grande depressão, a quebra de uma padrão e o surgimento das primeiras lendas
– (Cap. III) 2ª Guerra Mundial, a cultura do jogo e o fim da barreira racial
– (Cap. IV) O maior jogo de todos os tempos e o fim da AAFC
– (Cap. V) Vince Lombardi faz história e a AFL entra em pauta
– (Cap. VI) Defesas dominantes e uma temporada perfeita
– (Cap. VII) “West Coast Offense” e o destino adverso para alguns times
– (Cap. VIII) O período das redenções (e dos ataques também)
O Super Bowl foi além da decisão do futebol americano; tornou-se um espetáculo
Acredito que não seja necessário introduzir o Super Bowl aqui. É o maior evento esportivo dos Estados Unidos, aquele que movimenta milhões de dólares em apenas um dia e tem as maiores audiências de televisão. Saiba que as sete maiores audiências da história da TV americana foram em Super Bowls. Não à toa, ele é transmitido para mais de 200 países e 15 segundos de seus comerciais ultrapassam os três milhões de dólares. No mundo, apenas a decisão da UEFA Champions League supera a decisão do futebol americano.
Para se ter uma noção, os americanos consideram o domingo do Super Bowl um feriado não oficial. Além disso, o consumo de comida nos EUA no Grande Jogo é o segundo maior do ano, ficando atrás apenas do Thanksgiving Day.
Como apresentado no título, o Super Bowl é muito mais que a final do futebol americano. Até quem não se considera um verdadeiro fã de football, fica em frente a televisão por alguns momentos durante o Grande Jogo. O show do intervalo, então, dispensa comentários. O que a NFL conseguiu fazer com sua final, transformando-o nisso que acompanhamos atualmente no primeiro domingo de fevereiro, é algo a ser aplaudido de pé.
International Series
Desde que a NFL foi criada, ao longo dos anos, algumas de suas partidas aconteceram fora dos Estados Unidos. Todavia, a liga fez questão de internacionalizar o esporte na metade dos anos 2000 e acabou criando a International Series.
Com ela, a National Football League garante que anualmente, a NFL estará fora dos EUA, garantindo ao público os mesmos espetáculos que acontecem em solo americano. A partida de estreia desta série aconteceu em 2007, em Londres (Estádio Wembley), entre New York Giants e Miami Dolphins. O sucesso do jogo foi tão grande (mais de 40.000 ingressos vendidos nas primeiras 90 horas) que desde então, pelo menos uma partida de futebol americano profissional visita a Inglaterra.
Saiba ainda que desde 2013, este número de um jogo foi apenas subindo: naquele ano, Londres viu dois confrontos da NFL por lá. Um ano mais tarde, foram três. Em 2017, serão quatro.
“Ah, mas só na Inglaterra?”Bom, a relação entre EUA e Inglaterra pesou um pouco neste caso, e com certeza a estrutura do país, e a paixão e tradição por esportes mais ainda Todavia, a temporada passada ultrapassou as fronteiras inglesas e protagonizou uma partida da NFL no México após 11 anos. Diga-se de passagem, para o próximo ano, está oficializado que a Cidade do México receberá uma nova partida da maior das ligas americanas.
Houveram alguns boatos e, acredite ou não, eles parecem fazer cada vez mais sentido… A NFL não está tão distante do Brasil; bem mais próximo do que muitos jamais imaginaram.
Fontes: Wikipedia, Pro Football Hall of Fame, History.com, The Official Treasures of the NFL.
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