Qual é o limita da dor da derrota? Até que ponto perder um jogo impacta para os próximos anos de determinado time? É preciso que algo mude drasticamente? A melhor opção é ir atrás de alguma mudança ou talvez esperar as coisas acalmarem seja o mais adequado?
Bom, não foram tantos times da National Football League que já passaram por isso ao longo dos anos. Na verdade, da forma como a partida em Houston terminou, arrisco a dizer que foi algo inédito. Contudo, houveram situações parecidas, como a derrota dos Bills para os Giants no Super Bowl XXV; ou até mesmo o próprio triunfo dos 49ers sobre os Bengals no Super Bowl XXIII, por exemplo. Temos ainda os Seahawks em 2014 e até mesmo os Panthers em 2003. Enfim, esses foram apenas alguns dos vários exemplos de derrotas lamentáveis em Super Bowls que poderiam ser citados aqui. Entretanto, lamentar agora não vai mudar o que já está escrito na história, portanto, por mais difícil que seja, é hora de pensar no futuro.
Desta maneira, os Falcons tentam se preparar para não serem apenas um grande derrotado em Super Bowl; a franquia agora corre atrás de consertar os principais erros da temporada passada, se manter competitiva em 2017 e permanecer entre as potências da NFL por mais alguns anos.
Os pontos positivos
Não foi porquê o Atlanta Falcons sofreu uma virada de 25 pontos em um Super Bowl que tudo o que o time tinha de bom deve ser esquecido; pelo contrário. É preciso lembrar que estamos falando de um grupo que teve o sétimo melhor ataque de todos os tempos em termos de pontos. Além disso, Matt Ryan vem de uma temporada de MVP e Julio Jones é considerado por muitos – merecidamente – o melhor wide receiver da atualidade.
Saiba ainda que Devonta Freeman, o qual brilhou em 2016, tem tudo para se firmar como um dos melhores running backs da liga, assim como Dan Quinn na função de head coach – o trabalho dele foi fantástico no ano passado.
Não se esqueça também desta linha ofensiva que, apesar de não estar no nível mais alto da NFL, soube proteger Ryan e abrir espaço para Freeman por grande parte da temporada, o que significa que não serão precisos grandes esforços para mantê-la competitiva.
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Defensivamente falando, Atlanta teve o líder de sacks da temporada, Vic Beasley, com 15,5 – a segunda maior marca da história da franquia. Beasley está apenas em seu segundo ano profissional e já deve ser visto como um dos nomes discutíveis para Defensor do Ano de 2017. Além dele, Keanu Neal, Deion Jones e De’Vondre Campbell são jogadores que se tornaram titulares absolutos mesmo sendo calouros e devem manter suas formas por mais alguns anos.
Tudo isso mostra que os Falcons não foram uma mera “zebra” no Super Bowl LI. De certo modo, podemos dizer que o time da Georgia tem tudo para repetir boas campanhas, mesmo sabendo que na NFL, literalmente, o que está no papel não ganha jogo. Em contrapartida, nem tudo são flores por lá, e nem deveriam após possivelmente a pior derrota da história da equipe. Foi mostrado tudo de bom que o Atlanta Falcons tem para tentar repetir a ótima campanha de 2016 e 2017, todavia que isso aconteça, alguns pontos precisam ser levados com atenção…
Perdas de nomes importantes
Talvez este seja o maior “problema” da NFL e é justamente ele que torna a liga tão competitiva. A questão do teto salarial no futebol americano profissional, mesmo odiado por muitos, torna ainda mais complicado prosperar ao longo dos anos. A realidade é que dificilmente você consegue manter seu time intacto de um ano para o outro mesmo tendo sido campeão. Lembre-se dos Broncos, por exemplo, que após a conquista do Super Bowl 50 tinham que se preocupar em renovar os contratos de Von Miller, Malik Jackson, Brandon Marshall e Danny Trevathan, quatro dos melhores defensores daquela pós-temporada. Como era esperado, apenas dois permaneceram.
Segurando um pouco o assunto renovação contratual/free agency, é preciso ressaltar outra questão para as equipes em alta na NFL: a procura por treinadores. Com a instabilidade que temos visto dos head coaches da liga, basta uma campanha que chame atenção para que o head coach, coordenador ofensivo e/ou defensivo responsáveis por isso sejam cobiçados. Em 2016, nenhum ataque foi melhor que o do Atlanta Falcons, o qual era executado por Matt Ryan e orquestrado por Kyle Shanahan. Resultado: os 49ers, time que teve um treinador diferente nas últimas quatro temporadas, foram atrás de Shanahan e assinaram com ele por seis anos. De fato, não foi surpresa para ninguém que Shanahan tenha decidido optar pela função de técnico principal, porém se preparar para uma vida sem o melhor coordenador ofensivo da liga no ano passado não deverá ser nada fácil.
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Paralelamente à saída de Kyle Shanahan, temos os free agents dos Falcons para 2017. Na defesa, a qual não terá mais Richard Smith, e sim Bryan Cox (ex-técnico de linha defensiva), como coordenador defensivo, dois nomes merecem maiores considerações. São eles: Jonathan Babineaux, possivelmente o melhor defensive tackle e um dos líderes da equipe, e Dwight Freeney, o qual ainda não sabe aposentará neste ano. Do outro lado da bola, o guard Chris Chester, que jogou muito bem na temporada passada, é um nome que Atlanta adoraria manter no elenco.
Então a situação é a seguinte: os Falcons não terão mais Kyle Shanahan chamando as jogadas de ataque; e nem Richard Smith na defesa. Mudanças nem sempre são fáceis, uma vez que elas requerem tempo de adaptação. Mas este time tem tempo de sobra? Ainda, a questão dos agentes livres é uma que Atlanta precisa resolver da melhor maneira possível, já que evitaria novos tipos de preocupações.
As consequências de uma das derrotas mais sofridas da história
Os torcedores dos Seahawks achavam que Russell Wilson não erraria na linha de uma jarda; o dos Bills estavam certos que Scott Norwood acertaria aquele field goal de 47 jardas; o dos Bengals não imaginavam que Joe Montana marcharia 92 jardas com pouco mais de três minutos para o fim do jogo… O dos Falcons praticamente começaram a comemorar quando a diferença no placar era de 25 pontos e restavam aproximadamente 23 minutos para o término da partida. Como explicar? Talvez não seja possível. Como superar? Bom…
Perder em uma decisão, nunca é fácil, mesmo sabendo que você em tese foi o segundo melhor time do campeonato. Contudo, ser derrotado como os Falcons foram no Super Bowl LI é algo “e quebrar o coração.” Aquele era apenas o segundo Super Bowl da história da franquia, que também disputou o Grande Jogo da temporada de 1998 e teve que esperar 18 anos até estar no NRG Stadium. São 51 anos (e contando) sem a conquista de um Troféu Vince Lombardi para o Atlanta Falcons.
Tudo isso junto deixa qualquer fã amedrontado; temendo que esta seca demore mais algumas décadas para terminar e que a grandeza do seu time de coração nunca atinja outro patamar. Realmente, não é fácil. Todos os touchdowns (e foram vários) que Atlanta marcou, os sacks de Vic Beasley, as viradas, as centenas de first downs, as corridas de Freeman… Nada disso voltará. Uma pena que não tenha se concretizado como merecia.
2017 já começou – e os Falcons sabem disso. Pode não ser adequado considerar o Atlanta Falcons uma grande franquia da NFL em termos de conquistas e tudo mais. Contudo, para seu torcedor, Atlanta é gigante. Resta-nos saber se o time em si corresponderá a esse status e dará uma volta por cima sem ao menos ter chegado no lugar mais alto ainda. Afinal, passamos a conhecer os grandes times pelo seus comportamentos na hora da derrota.
O que devemos esperar dos Falcons daqui pra frente? Mande para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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