Oito franquias da NFL trocaram de treinadores nesta offseason. A menos de três meses da temporada 2019, e com o Draft e free agency concluídos, é hora de explorar o contexto de cada um desses head coaches em seus novos times. Portanto, este é mais um texto (de oito) desta série – artigo antigo.
Mais uma temporada decepcionante e fora dos playoffs para o Tampa Bay Buccaneers tornou a situação de Dirk Koetter insustentável. O ataque do time mostrou poder de fogo. Mas deixou claro que precisa de ajustes, principalmente nas trincheiras. Do outro lado da bola, o sistema defensivo continua sendo uma “dor de cabeça” para Tampa Bay. Fora das quatro linhas, idem, os Bucs precisam ser um time mais preparado. A franquia da Flórida não vai à pós-temporada desde 2007 e totaliza quatro head coaches diferentes nos últimos 10 anos. A fim de mudar este contexto como um todo, os Buccaneers foram em busca de um nome experiente e conhecido no futebol americano profissional.
Por que os Bucs contrataram Bruce Arians?
Bruce Arians era um dos principais treinadores disponíveis no mercado desde que optou por retornar às sidelines. Isso porque, antes de decidir parar pela primeira vez, Arians era um dos melhores treinadores da NFL. Ele tem dois prêmios de Técnico do Ano na carreira (2012 e 2014), conquistados por dois times diferentes. O primeiro desses foi com o Indianapolis Colts, quando era coordenador ofensivo e técnico interino de Chuck Pagano. Duas temporadas depois, já com o Arizona Cardinals, o head coach de 66 anos levou o prêmio novamente. Além disso, ele era o assistente técnico, assim como técnico de wide receivers e coordenador ofensivo, do Pittsburgh Steelers nos dois últimos títulos conquistados pela franquia.
O período de Arians com os Steelers foi um dos melhores de sua carreira como coordenador/assistente. Com os Colts em 2012, quando o time recrutou Andrew Luck, também. Vale lembrar que aquela foi a segunda passagem de Arians em Indianapolis, já que ele era o técnico de QBs da equipe entre 1998 e 2000, quando Peyton Manning chegou à NFL.
Arians trabalhou pela última vez nos Cardinals, onde ficou de 2013 a 2017, e levou o time à final da NFC uma vez. Depois disso, ele decidiu se aposentar por questões de saúde. Contudo, ele parece estar recuperado e preparado para uma nova missão.
Desafios
Ajudar Jameis Winston
Se tem algo que Arians é especialista, é a posição de quarterback. Não apenas pelo fato de ele ter jogado na posição pela universidade de Virginia Tech, mas também por todos os trabalhos que já fez. Neste sentido, os Buccaneers acertaram ao contratar Arians. Afinal, a posição de quarterback não está completamente resolvida com Winston.
Tenha em mente que o camisa #3 está em seu último ano de contrato. Tampa Bay irá renovar com Winston? E mais: como será este contrato? Winston, que foi recrutado como primeira escolha geral no Draft 2015, ainda precisa se provar na NFL.
Em quatro temporadas até agora, o quarterback teve seu melhor ano em 2016 (4.090 e 28 touchdowns). Naquele campeonato, ele venceu nove jogos, também a principal marca da carreira até agora. Contudo, desde que obteve 4.000 jardas e 20 TDs em seus dois primeiros anos na liga, Winston caiu de produção consideravelmente. Ademais, continua sofrendo turnovers, assim como lesões/suspensões.
Winston entra em 2019 depois de ter sido titular em apenas nove jogos na temporada passada, dos quais venceu apenas três. Ele teve mais turnovers (21) do que touchdowns totais (20) em 2018.
Desta maneira, Arians precisa encontrar uma maneira de extrair o melhor de seu quarterback. Melhorar a tomada de decisões, não segurar a bola por muito tempo e saber quando lançar em profundidade, são algumas das aéreas que Arians pode ajudar o jogador de 24 anos.
Mais que encontrar uma resposta a curto prazo, isso seria a notícia que os Bucs precisam para o futuro.
Ajustar o ataque terrestre
O ataque corrido dos Buccaneers foi um dos seis da NFL com média inferior a 100 jardas terrestre por partida. A média de 3,9 jardas por tentativa, segunda pior da liga, também não impressiona. Ao todo, os Bucs marcaram somente 11 TDs correndo com a bola em todo o ano.
Um dos motivos foi a falta de profundidade no backfield.
O titular Peyton Barber, o qual ainda busca se provar como RB nº1, pouco teve suporte de outros corredores. Isso porque o calouro de segunda rodada Ronald Jones perdeu sete jogos por lesão, e não teve consistência quando saudável. Sem ele, Jacquizz Rodgers pouco pode fazer. Evoluir os running backs e o sistema corrido em geral, portanto, é um dos desafios para Arians.
Além disso, a linha ofensiva tem espaço para melhora, principalmente no ataque corrido. Impressiona que o grupo de bloqueadores dos Bucs ficou quase intacto em termos de lesões e ainda assim não tenha se firmado. Falta mais sincronia, variações e pequenos ajustes aos jogadores.
Neste sentido, renovar com Donovan Smith na free agency foi uma decisão sensata. Todavia, Smith foi basicamente o único “reforço” para a OL do elenco durante a offseason. Ou seja, Arians, ao lado do técnico de linha ofensiva recém-contratado Joe Gilbert, tem trabalho pela frente.
Lembrando que até mesmo para a questão em torno de Winston (tópico acima), consertar o jogo corrido é de suma importância.
Como ajustar a defesa de Tampa Bay?
Tampa Bay contratou Todd Bowles como coordenador defensivo a fim de encontrar uma resposta para esta pergunta. Basicamente todos os técnicos de posições de defesa dos Bucs mudaram nesta offseason, diga-se de passagem.
Bowles levanta questões pelo trabalho feito como treinador do New York Jets, porém ninguém deve questionar seu conhecimento defensivo. Além disso, o melhor momento de Bowles nas sidelines foi pelos Cardinals em 2013 e 2014, quando trabalhou com Arians.
A missão da dupla agora é organizar uma defesa com fragilidades em todos os níveis.
No pass rush, Tampa Bay tem limitações para pressionar os QBs adversários. No combate ao jogo corrido, idem. Jason Pierre-Paul (12,5) foi o único defensor do elenco com mais de 6,5 sacks. Ao todo, foram apenas 38 para a organização durante o campeonato. Pierre-Paul, contudo, deverá perder no mínimo um mês desta temporada regular por conta de lesão. Ademais, Gerald McCoy agora está em Carolina, o que faz Tampa Bay perder, desta vez permanentemente, seu terceiro atleta com mais sacks em 2018.
Já no interior da linha defensiva, o fato de Vita Vea ter sofrido com lesão interferiu nos problemas do time. Saudável e com um ano a mais de experiência, Vea deve corresponder às expectativas, desta vez jogando ao lado de Ndamukong Suh.
Para o grupo de linebackers, as incertezas continuam, e os Bucs mostraram saber disso pelas aquisições feitas na offseason.
Com a exceção de Lavonte David, foram poucas notícias boas para o plantel. Kwon Alexander foi para San Francisco, mas Shaq Barrett e Deone Bucannon foram contratados. E Devin White foi recrutado como quinta escolha geral no Draft. A expectativa de Tampa Bay com White é encontrar uma certeza no segundo nível da defesa, alguém capaz de cobrir os dois lados do campo e não perder tackles “fáceis”. White é um playmaker que, pelo menos em tese, os Bucs não viam há um bom tempo.
Por fim, a secundária talvez seja o setor com mais incógnitas. Quantas incógnitas? Algumas, as quais são resumidas pelo Draft 2019 do time. Entre as quatro primeiras escolhas dos Buccaneers nos dois últimos Drafts, pelo menos duas em cada ano foram destinadas para defensive backs.
Neste ano, por exemplo, os cornerbacks Sean Bunting e Jamel Dean e o safety Mike Edwards foram selecionados nas três primeiras rodadas.
A última vez que Tampa Bay não recrutou um defensive back nos dois primeiros rounds foi em 2015. Desde então, nove CB/Ss foram chamados.
Todavia, ainda estamos falando de um grupo que cedeu 8,2 jardas por tentativa de passe e teve apenas nove interceptações em 2018. Para piorar, o líder do time em INTs no ano — Andrew Adams — assinou com o Detroit Lions. Fora ele, nenhum outro jogador totalizou mais que um passe interceptado.
Encontrar a formação ideal, encaixar os novatos, criar uma identidade à esta secundária e encontrar um playmaker são desafios para a nova temporada.