Oito franquias da NFL trocaram de treinadores nesta offseason. A menos de três meses da temporada 2019, e com o Draft e free agency concluídos, é hora de explorar o contexto de cada um desses head coaches em seus novos times. Portanto, este é mais um texto (de oito) desta série — artigo anterior.
Apesar da presença de Aaron Rodgers, o Green Bay Packers totalizou apenas 13 vitórias nas duas últimas temporadas, nas quais em ambas a franquia ficou fora da pós-temporada. De fato, Rodgers sofreu com lesões tanto em 2017 quanto em 2018, algo que foi determinante para a não-classificação dos Packers. Todavia, ao mesmo tempo, a queda de rendimento do camisa #12 (muito devido às recorrentes lesões) mostrou que muita coisa estava errada em Green Bay, dos dois lados da bola. Assim, Mike McCarthy foi demitido depois de 13 temporadas e, buscando mais um Troféu Vince Lombardi na era Rodgers, os Packers foram em busca de um novo head coach.
Por que os Packers contrataram Matt LaFleur?
Já era esperado que Green Bay fosse atrás de um treinador de mentalidade ofensiva. Matt LaFleur, neste caso, vai além isso, visto que ele tem um passado de sucesso trabalhando com quarterbacks.
Ele foi o técnico de QBs do Washington Redskins entre 2010 e 2013, período em que a franquia recrutou Robert Griffin III e Kirk Cousins. RGIII, aliás, venceu o prêmio de Calouro Ofensivo do Ano ao lado de LaFleur. Ademais, o treinador de 39 anos teve uma temporada, novamente acima da média, comandando os QBs da universidade de Notre Dame até ser contratado pelo Atlanta Falcons, por onde ficou entre 2015 e 2016. Por lá, novamente treinando os quarterbacks, esteve no sistema ofensivo de Kyle Shanahan, o qual orquestrou Matt Ryan na temporada de MVP do camisa #2.
Depois disso, a pedido de Sean McVay, LaFleur se tornou coordenador ofensivo do Los Angeles Rams em 2017. Um ano mais tarde, atuou na mesma função vestindo as cores do Tennessee Titans. Em Nashville, contudo, o ataque coordenado por ele marcou em média menos de 20 pontos por partida.
Enquanto LaFleur será treinador principal pela primeira vez na carreira e seu trabalho na temporada passada foi decepcionante, poucos nomes na NFL sabem tanto de ataque — e já estiveram em tantos sistemas ofensivos sólidos — quanto LaFleur nos últimos 10 anos.
Desafios
Aaron Rodgers precisa de um “sistema”
Um dos fatores que resultou na demissão de Mike McCarthy, direta e/ou indiretamente, foi o relacionamento entre Rogers e o head coach. Em 2018, por exemplo, houve momentos em que ambos chamaram jogadas diferentes para o restante do time durante os jogos. O porquê de tal desgaste? Bom… Derrotas começaram a surgir, McCarthy se mostrou estagnado ofensivamente e o rendimento do ataque caiu.
Um dos desafios de LaFleur, portanto, é reerguer o sistema ofensivo de Green Bay.
A principal parte disso é extrair o melhor de Rodgers novamente. Enquanto inserir o talento do camisa #12 dentro de campo não é uma tarefa difícil, deixar o quarterback improvisar e extender tantas jogadas, como aconteceu em 2018, não é o melhor caminho. Faltou um sistema para Rodgers no comando do ataque. Estamos falando do terceiro setor que mais tentou lançamentos na temporada passada, e em muitas delas vimos Rodgers segurando demais a bola e jogando “sem organização”. Será preciso mais sensatez neste sentido se a franquia quiser conquistar mais um Super Bowl na era Rodgers.
Como LaFleur pode fazer isso é uma boa pergunta.
Envolver o ataque terrestre nas campanhas com mais frequência é uma alternativa. Afinal, Aaron Jones se mostrou uma peça confiável no backfield. Ainda, ajustar a linha ofensiva principalmente para as jogadas de passe é uma prioridade. David Bakhtiari e Corey Linsley foram os únicos que se destacaram na proteção a Rodgers em 2018. Adicionalmente, o grupo de bloqueadores dos Packers foi um dos 10 piores da NFL tanto em sacks quanto em hits permitidos desde 2017.
Além disso…
Os recebedores têm várias incertezas
O grupo de recebedores dos Packers certamente foi um dos motivos para as adversidades enfrentadas por Rodgers — e o ataque como um todo — no campeonato passado. Nesta caso, muita coisa não funcionou, mas quando um elenco conta com um quarterback de tal escalão, é preciso exigir que todos aquele ao seu redor estejam em alta.
Os Packers tiveram 20 drops em 2018, a 10ª maior marca da NFL em 2018. Considerando que A-Rod é o QB, esse número é intolerável.
Verdade seja dita, as estatísticas só não foram ainda piores pois Devante Adams teve a melhor temporada de sua carreira. Com 111 recepções, 1.386 jardas e 13 touchdowns, Adams foi um dos principais wide receivers da liga.
No entanto, nenhum outro jogador da posição obteve 40 passes recebidos. Tampouco mais de dois TDs aéreos. Somente dois recebedores de Green Bay tiveram mais de 50 jardas recebidas em média por partida.
Claro, isso se dá pois Equanimeous St. Brown e Marquez Valdes-Scantling, duas apostas, eram calouros em 2018. E Geronimo Allison e Randall Cobb, nomes relevantes nesta lista, sofreram com lesões.
Por fim, é inevitável não falar da produção dos tight ends dos Packers, mais especificamente de Jimmy Graham. Depois de assinar um contrato de três anos, US$ 30 milhões, o TE obteve apenas dois touchdowns, igualando a pior marca de sua carreira.
Graham precisa ser o diferencial no meio do campo para o sistema ofensivo. Esse deve ter recebedores seguros, pelo menos. Um ano a mais de experiência deve evoluir os wide receivers de Green Bay consideravelmente em 2019. LaFleur precisa assegurar que isso aconteça.
Os problemas defensivos dos Packers acabaram?
A offseason 2019 deixou claro que Green Bay não gostou do que viu de seu sistema defensivo na temporada passada. E com razão.
O setor foi apenas o 22º da NFL em pontos cedidos por partida. A secundária, apesar de todas as investidas recentes da franquia para reforçar o setor através do Draft, ainda não se concretizou como esperado. De fato, Jaire Alexander e Josh Jackson melhoraram o setor na posição de cornerback, porém uma das posições de safety dos Packers segue com incertezas. Como consequência disso, Adrian Amos foi contratado na intertemporada e Darnell Savage Jr. selecionado na primeira rodada do recrutamento.
Outro ponto questionável no sistema desta defesa foi o pass rush. Afinal, apenas dois jogadores totalizaram mais que cinco sacks pelo time. Desses, Kyler Fackrell foi o único que superou dois dígitos.
Enquanto a quantidade de sacks do time ao término do campeonato (44) não configura uma das piores marcas da liga, tenha em mente que 5,5 desses svieram de defensive backs. Outros cinco foram de Clay Matthews e Nick Perry combinados, e ambos se foram na free agency.
Ficou claro que o front seven precisa de ajustes, principalmente no que diz respeito à consistência na pressão aos quarterbacks adversários. E novas medidas também foram feitas para resolver tal questão: Preston Smith e Za’Darius Smith assinaram com os Packers, enquanto Rashan Gary foi selecionado como 12ª escolha geral.
Todos eles serão coordenados por Mike Pettine, o qual foi mantido no cargo. O que muda para Pettine, além dos novos atletas dentro de campo, é que ele terá um novo head coach para trabalhar ao lado.