Se você, leitor, pensa que o futebol americano é inveriável e intocável em termos de regras e táticas, está enganado. Na semana passada, por exemplo, foi falado mais sobre a CFL, principal liga do futebol americano praticado na Canadá, e no que ela se difere da NFL, a maior liga de futebol americano do planeta. De fato, essencialmente, estamos falando de futebol americano em ambos os casos, entretanto, dentro da modalidade existem variações, as quais chegam a alterar consideravelmente o estilo e configuração de cada campeonato. Além disso, não pense que essa mudança de regras se dá porque essas duas ligas acontecem em países diferentes. Saiba que no college football (NCAA), o qual vê seus jogos acontecendo também nos EUA, existem diferenças interessantes nas regras quando comparadas às da National Football League. Mas você sabe quais distinções são essas?
Os pés para uma recepção
Imagine uma jogada de futebol americano nas proximidades das linhas finais do campo (laterais ou end zone). Na NFL, enquanto ter o domínio da bola ainda é algo discutido pela liga devido às polêmicas nos últimos anos, algo é indiscutível para que uma recepção seja concretizada nessa situação: o recebedor precisa ter os dois pés dentro de campo com o controle da bola. Em contrapartida, no college football, a regra não é exatamente essa. No futebol americano universitário, o jogador também precisa ter a posse completa da bola nesse caso, porém, ele só precisa tocar um pé dentro do gramado para configurar uma recepção. Talvez você não se lembre, mas essa regra fazia parte da NFL até o começo dos anos 2000.
Como o tempo de jogo passa
Principalmente nos momentos finais das partidas, as regras do college football e da NFL se diferem consideravelmente. Isso porque enquanto no futebol americano profissional o cronômetro para quando marca dois minutos para o fim tanto do segundo quanto do quarto período (o chamado Two-Minute Warning), isso não existe no universitário. Ademais, em situações normais de jogo, na NFL o time que está atacando só consegue congelar o tempo quando completa uma jogada se sair pelas laterais ou pedir um timeout. No entanto, na NCAA, além dessas duas alternativas, existe uma terceira: conquistar um first down. É isso mesmo, todas as vezes que um time do college football conquista um first down (independentemente se ele foi tackleado em campo) o cronômetro para até o começo da jogada seguinte.
Essa diferenciação nas regras beneficia um time do college football que está em busca de uma virada nos segundos finais dos jogos.
Down by contact
Um recebedor agarra a bola e, sem ser tocado por ninguém, cai no gramado. Na NFL, ele pode levantar e continuar correndo até que um defensor consiga executar o tackle, já que a liga exige que algum adversário force o fim da jogada nessa situação. No college football, não existe o down by contact, portanto, a partir do momento que o jogador vai para o chão com o controle da bola (ou encosta o joelho no campo, por exemplo), o lance é considerado encerrado.
Interferência de passe defensiva
No college football, quando uma interferência defensiva é marcada em um recebedor que está a mais de 15 jardas da linha de scrimmage, além do first down automático ao time que ataca, a defesa é penalizada com 15 jardas. Caso a falta tenha sido cometida antes dessas 15 jardas do ponto onde a jogada começou, o first down automático ainda é marcado e a bola é posicionada no ponto onde a infração aconteceu. Essa última situação é exatamente o que acontece em interferências de passe defensiva na NFL, independentemente de onde a falta tenha acontecido.
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Prorrogação – não existe empate no college football
A prorrogação do futebol americano universitário, quando necessária, permite que cada time tenha a mesma quantidade de posses da bola para tentar pontuar, que inicialmente é uma para cada lado. As equipes, então, partindo da linha de 25 jardas do campo do oponente, têm a chance de marcar. Nessas variações alternadas de posse, o primeiro time que pontuar (e não for correspondido pelo adversário na chance que teve) vence.
Imagine que o Time A comece atacando na prorrogação contra o Time B. Porém, a defesa aparece bem e, ao invés de um touchdown, o A sai de campo somente com um field goal. A posse, então, passa a ser do Time B que tem três possibilidades a partir de então: a) marcar um TD e ganhar o jogo; b) marcar um FG, manter o jogo empatado e devolver a bola para o Time A (dando continuidade às posses alternadas); e c) sair de campo zerado e perder o confronto, já que o Time A, na oportunidade que teve, conseguiu três pontos.
Em contrapartida, na NFL, durante a temporada regular, existe a possibilidade de empate. O overtime do profissional consiste em mais um período de 15 minutos, no qual se o time que começar com a posse da bola após o cara-ou-coroa marcar um touchdown, vence um jogo. Se esse sair de campo zerado (ou somente com um field goal), o adversário tem a oportunidade de empatar (fazendo com que a prorrogação ainda continue) ou virar o confronto com um touchdown, colocando números finais à partida.
Outras diferenças
– Punição nas penalidades. Na NFL, false start faz o time infrator voltar cinco jardas; no college football, são dez, por exemplo.
– Largura entre as hash marks. As hash marks são aquelas colunas de pequenas linhas que ficam nas partes centrais dos campos de futebol americano; elas limitam até onde um snap pode ser feito. Assim sendo, saiba que a largura entre as hash marks é maior no college do que na NFL (40 pés x 18,6 pés). Portanto, um field goal, por exemplo, pode ser chutado de um ponto/ângulo mais difícil no universitário.
– Distância do extra point. Desde que a NFL alterou a regra do extra point e colocou o snap para o chute sendo feito na linha de 15 jardas, ela configurou mais uma diferença em relação às regras do college football, já que nesse o snap para o extra point acontece na linha de três jardas.
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