Será que agora vai? Essa provavelmente é uma das perguntas mais feitas pelos torcedores do Oakland Raiders (e pelos amantes do futebol americano também) nesta nova fase da franquia. Isso pois, recentemente, temos visto atuações empolgantes e belos lances da equipe californiana.
Assim sendo, com vários jogadores talentosos no elenco, os Raiders tentam, depois de muito tempo, figurar entre as potências da Conferência Americana novamente, já que a equipe não tem uma temporada vitoriosa desde 2002. Aliás, desde 2002 também, os Raiders não começavam uma temporada 3-1, como agora.
Para isso, a aposta da diretoria fica nas jovens promessas, que fazem de Oakland hoje uma ameaça clara para qualquer adversário. Diferente de anos anteriores especialmente na postura dentro de campo, pelo menos até agora, o time tem tido sucesso. Mas não se engane, muita coisa ainda deve ser corrigida também.
Um passado recente para ser esquecido
O século XXI não vem sendo nada gentil com o Oakland Raiders. Verdade seja dita, o time teve seus bons momentos entre as temporadas de 2000 e 2002, quando foi campeão de divisão três anos consecutivos e somou 33 vitórias neste período, incluindo uma participação no Super Bowl XXXVII (quando fora derrotado pelo Tampa Bay Buccaneers). Neste curto período, analisar a Conferência Americana implicava em apontar os Raiders, comandados pelo quarterback Rich Gannon (jogador mais valioso da liga em 2002), como um dos fortes candidatos a vencê-la.
A partir de então, mais nada, além de vários fracassos. Desde 2003, Oakland não teve nenhuma temporada com mais vitórias do que derrotas, acumula 13 temporadas seguidas sem classificação aos playoffs, viu nove nomes diferentes de head coaches, não terminou nenhum ano acima da terceira colocação na AFC Oeste e acabou decepcionando uma das torcidas mais empolgantes da NFL. Sobre esse assunto, por exemplo, poucas situações foram tão desapontadoras quanto o resultado da opção por JaMarcus Russell – possivelmente o maior fracasso da história da liga em termos de Draft – como 1ª escolha em 2007. Isso resume muito bem como os anos 2000 estão, até agora, para os Raiders.
A era-McKenzie
Em 2011, os fãs do Oakland Raiders se depararam com um dos momentos mais comoventes da história da franquia: Al Davis, que dedicou todos os 45 anos de sua carreira como executivo do Oakland Raiders, faleceu aos 82 anos após uma parada cardíaca. Davis, conhecido principalmente por ter sido defensores dos direitos civis, fez os Raiders (em Oakland ou Los Angeles) um dos times mais vencedores das décadas de 1970 e 80. Seu nome entrou ao Hall da Fama em 1992 e ele é até hoje o único indivíduo na história da NFL a ser assistente técnico, treinador principal, general manager, comissário (da AFL em 1966) e proprietário de alguma franquia.
Há cinco anos, na data de sua morte, Al Davis era general manager da franquia. Assim sendo, sem um dos maiores ícones da história do clube, a incerteza sobre quem seria o substituto de Davis no cargo era profunda. Lembrando mais uma vez que poucas equipes da liga eram tão pressionadas quanto Oakland naquela época.
Dias se passaram e o futuro dos Raiders ganhou um novo capítulo: o fim da “Era-Davis”, então, deu início a “Era-McKenzie”. Reggie McKenzie, que trabalhou como executivo dos Packers entre 1994 e 2002, fora contratado para a função de general manager dos Raiders.
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Desde então, McKenzie tem reformulado muito bem o elenco dos Raiders e é um dos grandes responsáveis pelo novo momento do time. Após dois anos sem grandes mudanças, ele efetivamente começo a impactar a equipe em 2014: naquele Draft, selecionou Khalil Mack – um dos melhores defensores da NFL atualmente – e Derek Carr – que em 2015 passou para 32 touchdowns, a maior marca da franquia desde 1969 e tem se mostrado um dos nomes mais promissores na posição de quarterback. Um ano mais tarde, o novo general manager adquiriu o talentoso Amari Cooper na primeira rodada do Draft e ainda contratou o ex-coordenador defensivo Jack Del Rio para o cargo de treinador principal.
A primeira experiência de todos esses nomes juntos, que aconteceu em 2015, não teve o resultado merecido e esperado. Com campanha 7-9, os Raiders não conseguiram concretizar os bons momentos dentro de campo em vitórias, mas deixaram claro que poderiam fazer barulho em um futuro próximo.
E por que não em 2016, já que o time tanto se reforçou? Na última offseason, Oakland foi atrás de nomes importantes e que, teoricamente falando, eram as principais necessidades da equipe após a última temporada. Kelechi Osemele, Bruce Irvin, Sean Smith e Reggie Nelson, todos eles, os quais tiveram um 2015 bem acima da média, juntaram-se ao elenco dos Raiders para este ano. Aquilo que já estava bom, ficou ainda melhor.
Mas por que este Oakland Raiders é perigoso?
Poucos times combinam velocidade, explosão e talento quanto este Oakland Raiders. Com as peças ofensivas que tem – Carr, Cooper, Latavius Murray, Michael Crabtree -, os Raiders têm competido de igual para igual contra qualquer sistema defensivo da NFL.
Defensivamente também, por mais que a fase não seja boa (mais detalhes abaixo), um time que tem Mack, Irvin, Nelson e Smith, tem de ser respeitado. A qualquer momento, eles podem fazer grandes jogadas e eventualmente decidir uma partida.
De fato, o Oakland Raiders ainda peca quanto ao equilíbrio entre ataque e defesa, visto que enquanto ofensivamente, após as primeiras quatro semanas de 2016, a franquia é uma das melhores da liga e tem média de 27 pontos por partida (7ª melhor marca da NFL este ano) e 392,2 jardas por jogo (3ª), defensivamente falando, o setor de Oakland é um dos piores da NFL.
Além disso, Derek Carr é o 4º melhor quarterback da liga em passes para touchdown, com nove, e o 2º em rating (contando apenas jogadores com pelo menos 100 passes tentados), com 104.6. Ainda, Carr tem apenas uma interceptação no ano e é o quarterback (com pelo menos 150 snaps), com menos sacks sofridos, apenas dois.
Vale ressaltar ainda que o Oakland Raiders é a única franquia da NFL neste momento que tem dois recebedores com pelos menos 300 jardas recebidas: Amari Cooper (318) e Michael Crabtree (308). Aliás, Crabtree é também um dos quatro líderes da liga em touchdowns aéreos, com quatro.
Em contrapartida, após primeiras quatro partidas deste ano, os Raiders cedem em média por jogo 460 jardas totais e 325,5 jardas aéreas, ambas as piores marcas marcas da liga. Além disso, permite também 134,5 jardas corridas por confronto, a segunda pior marca da NFL. O único quesito defensivo que “salva” – e ainda assim não é nada empolgante – é a média de pontos cedidos por jogo, 26,5, o 22º melhor do campeonato. Em outras palavras, como os números mostram, o sistema defensivo de Oakland pode até ser considerado o pior desta temporada.
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Como no ano passado, o Oakland Raiders não começou a temporada voando, mas parece estar melhorando a cada rodada. Lembre-se que as três vitórias em quatro jogos que a franquia tem em 2016 vieram como visitante. Oakland conseguiu ser um páreo duro para os Falcons – um dos melhores times da NFL neste ano – apesar da derrota e desbancou a empolgação dos Titans em Knoxville e encerrou a invencibilidade dos Ravens em Maryland.
Ainda é cedo para cravar que o jejum de pós-temporada de Oakland vai terminar e que a equipe está entre as grandes potências da liga. Sabemos que muita coisa ainda precisa melhorar, mas dê um voto de confiança aos Raiders, as peças para que isso aconteça sem dúvidas estão lá.
Não, os Raiders não têm um elenco perfeito, mas a química e atmosfera que rodeia Oakland neste momento são as melhores possíveis. Boas a ponto de encherem os olhos e empolgarem não apenas os fanáticos torcedores do Oakland Raiders, mas todos aqueles que apreciam um bom futebol americano.
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