Houve uma época, em que ultrapassar as 5.000 jardas era algo inimaginável para um quarterback da National Football League. Mas o tempo se passou, e a essência dessa posição foi se alterando “gradativamente”, digamos assim. Em meio às mudanças nos sistemas ofensivos da liga de um modo geral, o quarterback foi ganhando mais importância, quebrando padrões, até chegar no que conhecemos atualmente: a posição mais importante do futebol americano.
Nem mesmo quando Dan Marino lançou para 5.084 jardas em 1984, impondo na época a temporada mais prolífica da carreira de um QB, acreditou-se que temporadas acima das cinco mil jardas aéreas fossem se tornar “comuns”. Por certo tempo, esse pensamento estava correto, afinal, apenas depois de 24 anos um outro quarterback conseguiria repetir o feito de Marino. Entretanto, aquela temporada de 2008 de Drew Brees acabou coincidindo com uma “era dourada” para os passadores do futebol americano, fato que culminou em produtividades aéreas absurdas para a função.
Aquilo que desde a fundação da NFL até 2007 havia acontecido apenas uma vez, veio a repetir oito vezes entre 2008 e 2016. Sim, na última década, em várias ocasiões pudemos ver quarterbacks ultrapassando as 5.000 jardas de passe, incluindo o recorde do quesito, 5.477, que pertence a Peyton Manning (2013).
Entretanto, engana-se quem pensa que o fato mais espetacular dessa história seja que nove quartebacks já ultrapassaram as 5 mil jardas pelo ar, sendo oito nos últimos nove anos. O mais impressionante de tudo isso é saber que todas essas nove ocasiões foram protagonizadas apenas por cinco nomes diferentes.
Tudo isso graças a Drew Brees! O quarterback do New Orleans Saints simplesmente parece uma “máquina de fazer passes”. O que o camisa #9 tem feito desde que deixou San Diego (sim, ele já foi jogador dos Chargers) e foi para New Orleans é quase que inacreditável. Em meio à incertezas quando ao seu ombro lesionado, ele foi capaz de garantir conquistas coletivas e individuais que a franquia jamais havia imaginado nesses últimos anos. Se a cidade de New Orleans reergueu-se da destruição causada pelo Furacão Catrina, e a temporada de 2006 dos Saints é o marco principal disso, estou certo que Brees é, de longe, o personagem principal nessa história.
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Quem diria que o New Orleans Saints, uma equipe que jamais havia disputado um Super Bowl antes, iria conquistar o SB XLIV sob o comando de um QB “jogado fora há alguns anos”, e contra o Indianapolis Colts de Peyton Manning. A marcante frase citada por Everaldo Marques ,“Um retorno para a história”, tem vários sentidos; todos eles positivos, aliás.
Não é sempre que vejo Drew Brees sendo realmente colocado entre os maiores quarterbacks de todos os tempos, e não consigo entender porquê isso acaba acontecendo. Em termos coletivos, ele já conquistou o “tão crucial” anel. Individualmente falando, acredito eu, ele é ainda mais inquestionável.
Como falado no começo do texto, a NFL já teve nove temporadas de quarterbacks acima das 5.000 jardas aéreas. Dessas, cinco pertenceram a Drew Brees. CINCO! Em outras palavras, se somarmos todas as outras temporadas de cinco mil jardas aéreas da história, elas não igualam o total alcançado por Drew. Diga-se de passagem, as outras foram alcançadas por Dan Marino (5.084 em 1984); Matthew Stafford (5.038) e Tom Brady (5.235) – ambos em 2011; e Peyton Manning (5.477 em 2013).
Brees, por sua vez, alcançou o feito em 2008 (5.069), 2011 (5.476), 2012 (5.177), 2013 (5.162) e 2016 (5.208). Um consequência clara de tudo isso é o fato do camisa #9 já ter liderado a National Football League em jardas de passe por sete temporadas, outro recorde para sua posição.
Se você não reparou, esteja atento a um detalhe: se somarmos apenas as cinco temporadas de pelo menos 5 mil jardas aéreas da carreira de Drew Brees, temos um total de 26.092 jardas. Isso é mais que Ryan Fitzpatrick acumulou nos seus 11 anos de NFL, Matt Schaub em 12 e Michael Vick em 14. E não pense que essa comparação pode ser usada apenas para quarterbacks “não tão bons assim”: ela também é superior ao total de jardas que Joe Theisman, Jim Plunkett, Bob Griese, Bart Starr, Daunte Culpepper, Roger Staubach e Archie Manning, conseguiram em suas carreiras no futebol americano profissional.
Outro fato impressionante sobre a produtividade de Brees é que ele já disputou pelo menos 15 jogos de uma temporada regular 14 vezes e só não conseguiu bater as 4.000 jardas aéreas em duas delas. A última vez que isso aconteceu ele ainda estava em San Diego, Peyton Manning não sabia o que era ser campeão na NFL, Andrew Luck tinha apenas 16 anos de idade…
Analisar a carreira de Drew Brees, em todos os sentidos, faz você se encantar e apaixonar cada vez mais pelo futebol americano. Em termos de produtividade, além de tudo isso, você fica ainda mais impressionado, afinal parece não existir limites dentro do pocket para Brees. Ainda que existisse, a impressão que fica é que ele encontraria alguma maneira de quebrá-los – e da forma mais “ridícula possível”, aliás.
Onde colocaremos Brees entre os melhores de todos os tempos? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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