Super Bowl LIV

Cinco fatos que merecem destaque após o Super Bowl LIV

A 100ª temporada da NFL chegou ao fim com a espetacular vitória do Kansas City Chiefs sobre o San Francisco 49ers por 31-20 em Miami. 

Como de costume, muita coisa pode ser dita sobre o grande jogo do campeonato, especialmente neste caso, em que altos e baixos predominaram para ambos os lados, tanto coletiva quanto individualmente.

É com isso em mente que separei os destaques que, para mim, despertaram as melhores conclusões após o Super Bowl LIV.

O espaço de Mahomes na história da NFL

Patrick Mahomes se tornou o quarterback mais jovem da história da NFL a vencer o prêmio de MVP do Super Bowl. Ele é também o terceiro jogador em geral mais jovem a ganhar tal honra e, se levarmos em conta ambos os prêmios ao mesmo tempo, ele volta ao primeiro lugar da lista. 

Tudo isso em seu terceiro ano profissional — e segunda temporada como titular. Brilhante, não? Mas saiba ainda que que ele obteve 5.000 jardas e 50 touchdowns aéreos em 2018, assegurando o prêmio de MVP da temporada regular também. 

A impressão que fica é que não existe uma fórmula para parar Mahomes.

A agressividade do adversário dos dois lados da bola parece crucial para derrotar os Chiefs sob o comando do camisa #15 — e isso ficou em falta para San Francisco, diga-se de passagem (ver mais abaixo). 

Vale lembrar ainda que o título dos Chiefs sacramenta uma pós-temporada marcada por reviravoltas de um time de enorme resiliência. Kansas City se tornou a primeira equipe da história a estar perdendo por 10/+ pontos em três jogos dos playoffs e ainda assim vencer os confrontos por diferença de 10/+ tentos. 

A própria atuação de Mahomes no Super Bowl LIV resume este cenário. Depois de três quartos iniciais muito abaixo da média, o quarterback brilhou no último — e decisivo — período ao completar oito dos 13 lançamentos tentados, para 114 jardas e dois touchdowns nos últimos 12 minutos do Grande Jogo. Ele sacramentou uma virada de 10 pontos que levou o troféu Vince Lombardi de volta a Kansas City depois de 50 anos.

Incrível. 

O lugar de Mahomes na história da NFL já está guardado e reservado. Resta saber qual o tamanho do espaço que ele precisa.

O legado de Reid

Andy Reid muito provavelmente chegaria ao Hall da Fama independentemente do resultado do Super Bowl LIV. Com seis aparições em finais de conferência, um Super Bowl disputado e mais de 200 vitórias na carreira, o treinador já tinha um excelente currículo.

Entretanto, após o Grande Jogo desta temporada, Reid, indiscutivelmente, coloca seu legado em outro patamar ao aumentar ainda mais cada um dos quesitos citados acima, além, obviamente, de conquistar seu primeiro campeonato. 

Reid, 61, agora liderou a equipe sob seu comando a pelo menos 10 triunfos nas últimas cinco temporadas. Isso, aliás, aconteceu em 14 dos 21 anos de trabalho do treinador.

No total, são 207 vitórias em temporada regular, sétima maior marca da história da NFL (e segundo entre treinadores em atividade). 

Ele também tem um prêmio de Técnico do Ano (2002) e um Super Bowl conquistado como assistente, pelo Green Bay Packers na temporada de 1996.

Se alguém merecia conquistar o Super Bowl LIV pelo passado “crucificado” pela ausência de um troféu, esse era Andy Reid.

Conquistar ou não um Super Bowl muitas vezes muda o legado dos profissionais ligados ao futebol americano. Às vezes isso é injusto, mas acaba por ser ponto forte nos debates sobre a NFL e sua história. História essa que Reid continua escrevendo alguns capítulos.

A mudança no plano de jogo e o conservadorismo dos 49ers

Um dos assuntos mais comentados após o Super Bowl LIV foi o gerenciamento de relógio e chamada de jogadas dos 49ers em momentos muito importantes do confronto. 

Especificamente, San Francisco foi questionado durante e após a partida por não ter usado um timeout na reta final do segundo quarto e por não ter corrido mais vezes com a bola no último período, em especial na campanha antes de devolver a bola para Kansas City com o placar 20-17.

O head coach Kyle Shanahan falou sobre o a decisão de não parar o relógio no fim do primeiro tempo e parte de sua explicação foi: 

“Eles tinham três timeouts. Estava 10-10”, disse o treinador. “A última coisa que eu queria fazer era permitir que eles pegassem a bola de volta com três tempos, especialmente com o quarterback e velocidade ofensiva deles, para irem lá e marcar antes do intervalo. Senti muito bem com os 10-10 para nós começando (o segundo tempo) com a bola.”

Com base nisso, opinei sobre tais decisões separadamente — CLIQUE AQUI para acessar o texto. 

O limite de Garoppolo

Garoppolo teve uma partida firme e dentro das expectativas por três períodos. Ele esteve longe de ser brilhante, mas conseguiu liderar os 49ers a boas campanhas — com os inexplicáveis erros de sempre — até o último período do Grande Jogo. 

No último quarto, o camisa #10 completou três dos 11 passes que tentou, para 36 jardas e uma interceptação, tendo ainda sofrido sack em uma quarta descida. 

Ele fechou a noite, portanto, com 20/31, 219 jardas, um touchdown e duas interceptações. 

Se os 49ers tivessem dominado os Chiefs nas trincheiras, como fizeram diversas vezes no campeonato 2019/20, as estatísticas finais de Garoppolo talvez tivessem sido suficientes para o triunfo. Contudo, San Francisco precisou de algo a mais do quarterback, em dois momentos vitais, e ele não realizou as jogadas. 

Detalhei no tópico acima (se preferir, neste link), o conservadorismo e diferentes chamadas ofensivas dos 49ers no Super Bowl LIV. Esse segundo item inclui o último quarto, quando o time californiano tentou uma corrida e dois passes na campanha seguinte ao touchdown dos Chiefs que cortou a vantagem dos Niners no marcador de 10 para três tentos. 

Ambos os passes foram incompletos.

De fato, a defesa dos Chiefs fez um bom trabalho em ambas as jogadas, principalmente pelo meio da linha defensiva com Chris Jones. Contudo, o quarterback diferente — que costuma sair vitorioso em jogos decididos nos pequenos detalhes — precisa completar um passe de cinco jardas no último período e garantir um first down muito importante. 

Garoppolo não fez isso. O signal-caller, no entanto, teve uma nova chance, desta vez atrás no marcador, 20-24. 

Com aproximadamente 1:40 restante na partida, os 49ers estavam na linha de 49 jardas do campo de ataque, em uma terceira para 10 jardas. 

Garoppolo percebeu Emmanuel Sanders na linha de 10 jardas com vantagem sobre os marcadores após a rota em profundidade. Tomou a decisão certa de acionar o “desmarcado” wide receiver. Porém, o lançamento acabou muito à frente de Sanders.

Neste lance, as desculpas são mínimas e a explicação é simples: Garoppolo errou o passe. E sim, erros acontecem. Assim como os jogos acabam perdidos. 

Seria, na pior das hipóteses, um lance que deixaria San Francisco dentro da linha de cinco jardas, com a possibilidade de queimar o relógio (ou gastar todos os timeouts dos Chiefs) e marcar um touchdown “simples” que provavelmente venceria o confronto.

A reação de Shanahan nas sidelines após o lance ilustra o tamanho da oportunidade que San Francisco perdeu.

Garoppolo teve uma atuação positiva nos primeiros três quartos do Super Bowl LIV, jogando melhor — e mais seguro — do que Mahomes. No último quarto, contudo, Mahomes apareceu e protagonizou os lances positivos, enquanto Garoppolo sumiu.

Três heróis indispensáveis aos Chiefs

Chris Jones — Jones foi, possivelmente, o melhor jogador em campo no Super Bowl LIV. A posição de defensive tackle não costuma receber os devidos créditos durante as partidas e os números do camisa #95 nem foram tão brilhantes. 

Todavia, tenha em mente que ele foi o responsável por atingir e forçar Garoppolo a lançar a interceptação no primeiro quarto. Foi Jones que desviou o passe na terceira descida para cinco jardas que devolveu a bola aos Chiefs com o placar 20-17. E foi Jones que desviou um dos passes de Garoppolo com Kansas City vencendo por 24-20 e menos de 1:49 no relógio.

Damien Williams — Nos playoffs da temporada 2019, Williams totalizou 46 corridas e 11 recepções para 290 jardas combinadas e seis touchdowns. Disso, 135 jardas e dois TDs vieram no Super Bowl. 

Impulsionado por um sistema ofensivo imprevisível e orquestrado brilhantemente, Williams surgiu como o trunfo dos Chiefs e fez a diferença. De um jogador não-draftado e mais tarde dispensado pelo Miami Dolphins, Williams fez história como um dos nomes mais importantes desta campanha.

Mitchell Schwartz — Se a posição de defensive tackle não ganha o merecido reconhecimento o que dizer sobre os jogares de linha ofensiva em um Super Bowl? O reconhecimento coletivo vem à tona, mas nem sempre o lado individual dos bloqueadores ganha destaque. 

Bom, este não é o caso aqui. Pelo menos não com Schwartz.

O offensive tackle, que acumula consecutivamente mais de 120 jogos como titular e 7.800 snaps, terminou a pós-temporada com 90 snaps de jogadas de passe jogados e apenas uma pressão cedida em Mahomes, de acordo com o Pro Football Focus. 

Mesmo em momentos que a linha ofensiva dos Chiefs sofreu — como em parte do Super Bowl LIV, por exemplo — Schwartz foi uma certeza em seu sistema ofensivo.

Comentários (1)
  1. Felipe Soares disse:

    O trio Chris Jones, Damien Williams e Mitchell Schwartz com certeza amassaram o jogo, são grandes jogadores!
    http://www.thecheckout.com.br

Deixar uma resposta

Seu endereço de email não será publicado. Os campos marcados são obrigatórios *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: