Quando o momento não é bom, ser derrotado facilmente pelo arqui-rival é o evento necessário para que mudanças mais drásticas sejam tomadas.
E poucos quarterbacks atuais representam isso melhor do que Mitchell Trubisky.
Em 2017, o Chicago Bears estava longe de ser um time como hoje em dia, que briga pelos playoffs e até almeja Super Bowl. Há duas temporadas, os Bears já demonstravam uma defesa sólida, porém o ataque era um problema.
Depois de 16 partidas disputadas em 2017, Chicago marcou em média 16,5 pontos por confronto.
Mas as coisas poderiam não ter entrado nos trilhos já no ano seguinte e o time eventualmente não teria conseguido tamanha competitividade como vemos hoje.
De 2017 para 2018, a troca de John Fox por Matt Nagy como head coach buscou os ajustes necessários para um elenco limitado ofensivamente. Todavia, esta não foi a única coisa que mudou nos Bears na semana 1 de um ano para o outro.
Há duas temporadas, Mike Glennon começou o campeonato como titular, depois de ter recebido o maior contrato de sua carreira (3 anos, US$ 45 milhões). Porém, os Bears precisaram de pouco mais de um mês para perceber o erro e compreender que Glennon não seria a resposta para a franquia under center, mas sim um novato recrutado na segunda escolha geral que estava no banco de reservas na ocasião.
Foi depois de um confronto entre Packers-Bears no Lambeau Field, na semana 4 de 2017, que a diretoria e comissão técnica de Chicago decidiu sacar Glennon dando a primeira oportunidade como titular a Trubisky.
As coisas não iam bem para os Bears.
Vindo de uma campanha 3-13 em 2016, os primeiros quatro confrontos em 2017 ficaram marcados por apenas uma vitória. Adicionalmente, no último dos três revezes, justamente para o rival de Green Bay por 35-14, o que estava under center se mostrou um grande problema para Chicago.
Glennon, que não tinha conseguido liderar seu time a mais de 18 pontos em três das quatro partidas como titular, tornou-se o primeiro jogador dos Bears nos últimos 40 anos a sofrer três turnovers nos primeiros dois quartos das quatro primeiras partidas da temporada. Aquela foi a última vez que Glennon começou um jogo na carreira.
Como citado, sofrer goleadas contra o maior rival tem consequências. É um daqueles resultados que pode abalar o vestiário, demitir o treinador, resultar na troca do quarterback titular…
A partir da semana 5 de 2017 diante do Minnesota Vikings, Trubisky ganhou a missão como QB nº 1 do time. Naturalmente, o novato vindo de North Carolina oscilou em seu primeiro ano profissional, totalizando apenas 59,4% de aproveitamento nos passes.
Além disso, foram somente sete touchdowns (com sete interceptações) e quatro vitórias totais nas 12 partidas até o final daquele campeonato.
Mas o revés diante dos Packers há duas temporadas indicou que o planejamento dos Bears naquele momento estava errado. Ajustes precisam ser feitos e o primeiro deles já fazia parte da equipe.
Ter colocado Trubisky como titular em 2017 após uma sofrida derrota contra os Packers iniciou um novo processo de reformulação no sistema ofensivo dos Bears. Meses depois, por exemplo, Nagy foi contratado. Anthony Miller, Allen Robinson, Taylor Gabriel, Trey Burton, todos esses foram nomes dedicados especialmente à nova era simbolizada por Trubisky.
Consequentemente, o quarterback precisa provar que consegue liderar um grupo indiscutivelmente competitivo a patamares maiores. 12 vitórias com o título da NFC Norte, a primeira conquista divisional dos Bears desde 2010, foi um começo brilhante para tudo isso.
Entretanto, mais difícil do que chegar à esse nível é se manter nele. Ou seja, 2019 promete ser uma temporada de suma importância para o futuro dos Bears, em especial porque a equipe precisa ver mais um ano de evolução de Trubisky.
Para a semana 1 da temporada 2019, Trubisky obviamente não perderá o posto se derrotado para os Packers, independentemente do resultado. Mas com a pressão de ter sido a segunda escolha geral do Draft 2017 e ter a melhor defesa da temporada passada do outro lado da bola, o jovem quarterback dos Bears sem dúvidas precisa provar que é capaz de vencer nos grandes jogos, como este de abertura de campeonato.
Na carreira, Trubisky tem uma vitória e duas derrotas, com 703 jardas, três touchdowns e nenhuma interceptação contra Green Bay.