Poucos torcedores do Miami Dolphins acreditavam em uma temporada tão competitiva quanto à apresentada pela franquia em 2016. Afinal, estou falando de uma equipe que havia vencido apenas seis partidas em 2015 e tinha acabado de trocar seu head coach, tendo adquirido um que até então nunca havia atuado na função.
Ainda assim, mesmo com algumas adversidades, os Dolphins foram capazes de vencer jogos interessantes. Sob o comando do estreante Adam Gase o time viu peças “desconhecidas” surpreenderem positivamente, encontrando ferramentas necessárias para incomodar seus adversários. No fim das contas então, um ano que era para ser de respostas, as quais mostrariam que rumos a franquia deveria tomar, acabou terminando com uma classificação aos playoffs, em uma disputa que há anos não era tão equilibrada na Conferência Americana.
Em outras palavras, em apenas uma temporada em Miami, Gase conseguiu levar a equipe à pós-temporada, que era algo que não acontecia desde 2008 – lembre-se que naquele ano Tom Brady não atuou pelos Patriots. Antes disso, a última vez que os Dolphins disputaram o mata-mata foi em 2001.
Desta maneira, é inevitável não olharmos com bons olhos para este Miami Dolphins. A equipe manteve peças importantes no elenco, e recrutou e contratou reforços interessantes, dando a entender que finalmente terá um time encaixado no começo da temporada. Além disso – e que é muito mais relevante, aliás – foi a maneira como os Dolphins venceram seus jogos na temporada passada. Depois de muito tempo, o time encaixou uma boa sequência de vitórias e se mostrou capaz de triunfar em confrontos apertados. Definitivamente, este Miami Dolphins de Adam Gase está mais forte do que no ano passado – e deve ser o time mais competitivo que a franquia tem em um bom tempo.
O elenco tem muitos nomes interessantes…
Ao que tudo indica, Ryan Tannehill terá o melhor elenco ao seu redor em toda sua carreira profissional. Desde 2012, o quarterback não via tanto talento no backfield, na linha ofensiva e principalmente no grupo de recebedores de Miami. É inegável que estamos esperando algo a mais de Tannehill desde que demonstrou que pode ser sólido na NFL; todavia, ele ainda não correspondeu à todas expectativas. Por que não ser agora?
Quando olho para o jogo terrestre desses Dolphins, logicamente, espero um Jay Ajayi dos padrões do ano passado – e a franquia sabe que precisará disso. Não tenha dúvidas que o ataque corrido é o ponto mais forte e importante desta ataque: em 2016, contanto os playoffs, o time da Flórida teve menos de 80 jardas corridas em oito partidas; nessas ocasiões, ele saiu derrotado em sete. Quando essa marca foi superada, Miami simplesmente não foi derrotado nenhuma vez. Mas tal produtividade do ataque terrestre dependerá, naturalmente, da linha ofensiva da franquia. Apesar de alguns questionamentos no setor (especialmente quanto à saúde de alguns atletas), estou esperando um grande ano de Mike Pouncey e, principalmente, Laremy Tunsil.
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Ademais, Ryan Tannehill terá três wide receivers extremamente explosivos e dinâmicos em Jarvis Landry, DaVante Parker e agora Kenny Stills. Esse trio não ser o mais espetacular da liga, porém oferece uma ameaça inevitável de big play a cada lance para os adversários, sem dúvidas. Além disso, vale lembrar que os Dolphins assinaram com o tight end Julius Thomas, o qual há alguns anos era visto como um dos principais da National Football League.
Defensivamente falando, talvez venha os maiores pontos de interrogação deste elenco. É preciso olhar com atenção para o grupo de linebackers e de defensive backs de Miami. De fato, nomes experientes e com ótima bagagem no futebol americano profissional estão por lá, entretanto, paralelamente a isso, eles estão rodeados por incertezas. Não à toa, os oponentes correram para uma média de 140,4 jardas por partida no ano passado contra essa defesa.
Por isso gostei especialmente da escolha de Raekwon McMillan no último Draft, o ex-Ohio State tem muito a acrescentar por lá com sua habilidade atlética. O outro selecionado de maior destaque – Charles Harris – chega para um pass rush já bastante refinado com as presenças de Cameron Wake e Ndamukong Suh, e será um nome interessante para a rotação da linha defensiva do time já neste ano.
…e Adam Gase parece saber exatamente o que está fazendo
Não pense que o fato da defesa dos Dolphins não ter sido das mais sólidas na temporada passada e nem apresentar ótimos jogadores em todos os níveis garante que ela repetirá as atuações ruins mais uma vez. Como falado, nomes de muito talento fazem parte dela (Wake, Suh, Alonso, Maxwell, Jones), e muitas vezes o encaixe ideal de um sistema defensivo passa pela aparição de dois elencos surpresas, os quais muitas vezes são frutos de decisões do treinador. Então, não duvide de Adam Gase neste sentido.
Talvez seja cedo demais para colocarmos Gase em um dos níveis mais altos dos head coaches da NFL. Entretanto, é preciso concordar que dos que começaram a atuar agora ele é um dos mais adaptados ao cargo. A experiência adquirida em Denver por ele com aquele histórico ataque dos Broncos de 2013 é algo que facilita as coisas para ele, tanto em termos de como o QB deve se relacionar com seus WRs, quanto em termos de como um ataque influencia no rendimento da sua própria defesa – e isso será de suma importância para os Dolphins.
Além de tudo isso, devemos reconhecer que sob o comando de Adam Gase o Miami Dolphins parece ter aprendido a vencer, mesmo que proporções ainda resguardadas, digamos assim. Em outras palavras, que tal lembrarmos que sob o comando de Joe Philbin (treinou a equipe entre 2012 e 2015) Miami teve campanha 12-13 em jogos decididos por sete ou menos pontos, e que com Gase esse retrospecto foi de 8-2, incluindo 2-0 em prorrogações?
Com um elenco tecnicamente inferior a este, Gase fez um excelente trabalho no ano passado, demonstrando a habilidade de extrair o melhor de cada jogador. Agora, com um ano a mais de experiência (e lembre-se que estou falando de um técnico de apenas 39 anos) e um elenco que nas mãos de um bom líder deve render muito, é inevitável que Miami não almeje algo a mais para a temporada.
Os Dolphins precisam não ser mais os Dolphins que estamos acostumados
Está na hora do Miami Dolphins construir um time realmente competitivo, ainda mais pelo fato do time estar situado na AFC Leste. Desbancar o favoritismo dos Patriots nessa divisão pode ser difícil, porém, ao mesmo tempo, isso implica que a equipe deverá competir pelo Wild Card, o que deve implicar ao menos dez vitórias novamente.
Certamente que o espírito recente do Miami Dolphins não ajuda; há anos a equipe não forma um grande time. Mas saiba que um grande time nem sempre é aquele que conta apenas com grandes astros nos dois lados da bola. É preciso ter uma mescla entre talento e competitividade; competitividade essa aprendida ao vencer partidas apertadas, em um trinfo fora de casa sob grande pressão… Enfim. Coisas que esse time dos Dolphins, de certa forma, conseguiu fazer no ano passado.
O primeiro passo para alcançar esse grupo ideal no caso de Miami é que o jogo corrido continue funcionando e que a defesa da equipe seja capaz de pressionar os quarterbacks adversários. O segundo talvez seja concretizar um bom ambiente em torno de Ryan Tannehill, que é o cérebro da equipe. Depois disso, será a hora para os outros nomes talentosos do elenco aparecerem, as fragilidades do ano passado serem corrigidas, os calouros ganharem espaço… São muitas coisas. Estou cada vez mais certo que um time campeão começa pela sideline, pela organização de tudo que acontece dentro das quatro linhas. Justamente por isso, estou confiante que este Dolphins é o melhor grupo que Miami tem nas últimas dez temporadas – pelo menos.
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