Falar do Draft 2019 da NFL é falar em defesa. Para ser mais específico, em front seven, com enfoque aos pass rushers e jogadores de interior da linha defensiva. Neste recrutamento, as franquias da liga estarão diante de um leque de opções que impressiona pela qualidade mas também pela quantidade no setor.
Seu time quer um exímio defensive end, que seja a solução em uma das extremidades da linha defensiva? Sem problemas. A procura é por interior defensive linemen com capacidade de combater jogo aéreo e corrido? Tudo bem. Um outside linebacker rápido e instintivo? Check. Defensive tackles tradicionais, com força para três descidas? Check. Interior defensive lineman com agilidade de defensive end? Ok. Check. Check. Check. A classe de 2019 tem.
Tudo isso começa com Nick Bosa, defensive end de Ohio State e que provavelmente é o melhor prospecto da classe. Isso deve fazer com que Bosa seja o primeiro escolhido geral e resolva o problema de algum time na linha defensiva por anos. O irmão de Joey Bosa, dos Chargers, é o principal nome para saber nesta classe.
Ainda na linha defensiva, as franquias da NFL terão como ótimas opções Ed Oliver (Houston) e Quinnen Williams (Alabama). Ambos atuam no meio da DL e têm habilidade tanto contra o jogo corrido quanto diante do passe (talvez até mais para o segundo caso). Ademais, saiba sobre Josh Allen (Kentucky) e Rashan Gary (Michigan). Enquanto o primeiro é um outside linebacker de agilidade absurda, o segundo pode atuar em qualquer função da linha defensiva, em qualquer esquema, de qualquer lado.
Esses são possivelmente os cinco homens de front seven mais talentosos do Draft 2019.
Para não passar batido, os dois linebackers para se ter em mente nesta primeira análise são Devin White (LSU) e Devin Bush (Michigan). White é um daqueles LBs sideline-to-sideline de velocidade invejável. Bush tem leitura e cobertura das jogadas apurada. Eles devem ser os dois primeiros nomes da posição chamados no recrutamento. Mas lembre-se: a profundidade de linebackers do Draft 2019 chama atenção.
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Os defensive backs não têm profundidade como os pass rushers/defensive linemen, porém merecem destaque positivo. Entre os cornerbacks, um nome sobressai: Greedy Williams, produto de LSU. Williams talvez seja o único ótimo cornerback nº 1 neste draft. Boa estatura, ótimo trabalho de pés e leitura de jogo excelente. Fora ele, o Draft 2019 carece de exímios CBs — essa talvez seja a principal crítica para a posição nesta temporada.
Nos safeties, a situação possivelmente é ainda pior. O principal nome é Deionte Thompson, de Alabama. Thompson ainda precisa evoluir no entendimento de jogo, porém a explosão, velocidade e intensidade fazem dele o melhor safety deste ano. Apesar disso, ele não produziu como esperado em sua última temporada no college football.
No entanto, é preciso reconhecer cada vez mais defensive backs são produtos do sistema em que estão inseridos. Neste sentido, vale a pena ficar de olho no CB Deandre Baker (Georgia, ótimo em coberturas em zona e executando big plays), CB Byron Murphy (Washington, talvez o mais atlético de sua posição no ano, ideal para slot), S Nasir Adderley (Delaware, coberturas em zona) e no S Chauncey Gardner-Johnson (Florida, sólido nas leituras e no slot).
Do outro lado da bola, a linha ofensiva talvez ofereça o melhor (ou mais completo) leque de opções. A referência entre os bloqueadores é Jonah Williams, left tackle ex-Alabama. A envergadura de Williams não é a ideal para OT, mas a força e habilidade técnica nos bloqueios deve fazer dele um titular imediato na NFL. Jawaan Taylor, Florida, tem o melhor trabalho de pés desses bloqueadores e habilidade atlética que fazem dele um ótimo right tackle. Dalton Risner, de Kansas State, é quem fecha o Top 3 de offensive tackles no Draft 2019.
Falando na parte interior da linha ofensiva, a narrativa é a mesma: versatilidade e opções disponíveis. Como de costume, a interessante dúvida no posicionamento tackle-guard está presente. Cody Ford (Oklahoma), o qual foi OT em 2018 mas brilhou como G em 2017, é quem carrega ela. Adicionalmente, a classe de guards tem Chris Lindstrom (Boston College) como referência, visto que Lindstrom é a escolha mais segura para a função. Entre os centers, Garrett Bradburry (NC State) e Elgton Jenkins (Mississippi State) dividem opiniões pelo talento, mas Bradburry parece ter menor potencial para bust.
“E os quarterbacks, Caio?” Bom, vamos falar dos quarterbacks no Draft 2019!
A classe deste ano é “estranha”. Sabemos que não se compara com a do ano passado, a qual teve cinco QBs chamados na primeira rodada. Para esta temporada, todos os principais — estou falando de quatro nomes — são grandes enigmas. Junto a isso, não são tantos os times que precisam de QBs cedo no draft. Por exemplo, todas as três primeiras escolhas de 2019 (Cardinals, 49ers e Jets) fizeram esforços para adquirir novos titulares no ano passado. Assim sendo, fica mais difícil prever quantos serão recrutados na primeira rodada.
Sabemos todavia que Dwayne Haskins (Ohio State) tem boas chances de ser o primeiro QB chamado. Haskins tem a estatura, braço, mobilidade e toque na bola de um titular na NFL. Contudo, teve pouca experiência como no college football, o que pode causar desafios. Já o melhor braço da classe, pertence possivelmente a Drew Lock (Missouri). Porém, o comportamento de Lock em campo às vezes preocupa; falta consistência e precisão nos passes. Daniel Jones (Duke) é o contrário: ele sobressai nos quesitos entendimento de jogo e inteligência under center, mas peca no toque na bola. Por fim, mas definitivamente não menos importante, o Draft 2019 tem como personagem Kyler Murray (Oklahoma). Murray venceu o Troféu Heisman em 2018 e é o mais atlético da posição — não por acaso, o Oakland Athletics (MLB) o recrutou na primeira rodada do ano passado. Porém a altura e sistema de jogo podem ser complicadores para o talento de Murray.
O nome de Murray cresce cada vez mais para o recrutamento. Ele já desafia Haskins como o primeiro quarterback selecionado e pode até figurar como primeira escolha geral.
Seguindo no backfield, a posição de running back não impressiona. Longe disso. Ao contrário do que foi visto nos últimos anos, o Draft 2019 não conta com um ótimo prospecto na posição. Portanto, não espere que seu time chame um corredor muito cedo — se isso acontecer, desconfie do valor adquirido. Em contrapartida, para rodadas tardias (quando ótimos RBs têm sido encontrados nas últimas temporadas), há nomes interessantes. Usar escolhas de terceira, quarta, quinta rodada em running backs neste ano deve valer a pena. Melhor ainda se o nome em pauta for Joshua Jacobs (Alabama), David Montgomery (Iowa State), Damien Harris (Alabama) ou Devin Singletary (Florida Atlantic).
Já entre os recebedores, temos visto o grupo de prospectos com maior valorização desde o final da temporada do futebol americano universitário. Principalmente no Combine, wide receivers e tight ends da classe de 2019 se saíram bem, o que deve colocar um WR na primeira metade da primeira rodada. D. K. Metcalf (Ole Miss), talvez o grande atleta do Draft 2019 em termos físicos, deu show no Combine, firmou-se como o melhor WR deste ano e deverá ser chamado cedo. Ele é uma constante arma em profundidade.
Ademais, A. J. Brown, também produto de Ole Miss, surge como o melhor slot receiver do recrutamento. Marquise Brown (Oklahoma), pelo estilo de jogo, velocidade e estatura, lembra DeSean Jackson. Ou seja, é um refinado alvo vertical. Nenhum dos demais wide receivers em 2019 são espetaculares. No entanto, são acima da média; essa tripulação é interessante.
Já nos tight ends, dois nomes puxam a fila, enquanto alguns outros agradam por peculiaridades. Em geral, a classe é sólida na posição; tem profundidade e dois nomes com nível para sair logo na primeira rodada. Esses dois nomes, aliás, são prospectos de Iowa: T. J. Hockenson e Noah Fant. Hockenson, em tese, tem tudo que um TE de elite precisa. Ele bloqueia com lampejos de OL e recebe como se fosse um grande WR no slot. É o mais completo deste grupo e por isso situa-se no topo. Logo abaixo está Fant, o qual impressiona no quesito velocidade; ele está mais para running backs do que tight ends nesse sentido. No segundo nível, os nomes de Irv Smith Jr. (Alabama) e Jace Sternberger (Texas A&M) devem ser as melhores apostas.
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Certamente, surgirão mais personagens no Draft 2019 até o dia do evento. Análises específicas de jogadores, ranking por posição e Mock Draft estão por vir, como de costume, nas próximas semanas.
Entre as franquias, Chicago Bears, Dallas Cowboys e New Orleans Saints não têm escolhas de primeira rodada neste momento. O Oakland Raiders tem três, por sua vez. Os Packers, duas.
A temporada do draft da NFL começou.