Não foi uma temporada dos sonhos para Josh Allen. No segundo ano como titular de Wyoming, Allen viu suas estatísticas declinarem quando comparadas às do ano passado. Enquanto em 2016, em 14 partidas disputadas, Allen teve médias de 228 jardas, 2 TDs e pouco mais de uma interceptação por partida, neste ano, respectivamente, esses números caíram para 165, 1,3 e 0,6.
Importante ressaltar que isso aconteceu, então, na última temporada dele no futebol americano universitário. Os números não são péssimos. Contudo, sem dúvidas, poderiam ser mais impressionantes. De qualquer forma, como já falei em outra análise, Josh Allen continua sendo meu quarterback favorito da classe 2018. O estilo de Allen, a força no braço, a liderança, a competitividade deste QB, são fatores que, ao meu ver, podem fazer dele um titular sólido uma vez no nível profissional.
Certamente que existem defeitos em seu jogo. O trabalho dos pés pode melhorar consideravelmente ainda quando está dentro do pocket, as leituras podem ser mais rápidas e nem sempre as jogadas precisam ser estendidas da forma como Allen tenta. Isso é fato. Porém, quando colocamos tudo na balança, percebe-se que ainda há espaço para evolução deste jovem quarterback.
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Ressalvas iniciais feitas, vamos ao que mais interessa. Na sexta-feira durante a tarde, escrevi no Twitter a respeito do Famous Idaho Potato Bowl, entre Wyoming e Central Michigan. Era a última chance de vermos Josh Allen antes do Draft 2018. Era a última, porém não a ideal, já que Allen perdera as duas últimas semanas da temporada por conta de lesão. Ainda assim, para os olheiros da NFL e para o próprio jogador, era a oportunidade final de acompanhar um dos principais quarterbacks deste ano. E Allen não desapontou.
Verdade seja dita, fica difícil avaliar um confronto precisamente quando a diferença de turnovers na partida foi oito (8-0). Ainda assim, Wyoming venceu por 37-14, tendo controlado a partida desde o primeiro período. E isso só aconteceu porque Josh Allen foi impecável nos 15 minutos iniciais do tarde – ele lançou três touchdowns neste tempo, os quais mostraram a todos o que este prospecto pode fazer futuramente. No fim do dia, Josh terminou o jogo com 11/19 nos passes, 154 jardas e 3 touchdowns. Como falado, não foi uma performance brilhante, porém uma produtiva e “moldada” pela dificuldade do adversário. Quando mais importava, no começo da partida para que Wyoming começasse a dominar o marcador, Josh Allen foi impecável.
Esses ótimos momentos do camisa #17 podem ser visto como um resumo de tudo aquilo que Allen tem de melhor jogando futebol americano. Especialmente nos três touchdowns que lançou, o quarterback deixou evidente que tem um toque na bola diferente, uma força nos passes raramente vista e uma mobilidade não tão comum para um QB de 1,96m e 105kg.
Força e precisão nos lançamentos
O primeiro touchdown lançado por Josh Allen foi no melhor estilo… Josh Allen! Play-action, boa movimentação vertical no pocket, leitura certeira e um passe ainda mais certeiro. A força deste lançamento feito por Allen normalmente não vem acompanhada da precisão necessária para que o passe seja completado. Não neste caso. O camisa #17 mostrou mais uma vez que consegue combinar perfeitamente força e precisão nos lançamentos que faz, tornando quase impossível para que o defensor consiga fazer alguma coisa.
Veja o lance novamente. Josh Allen não consegue fazer futebol americano parecer hockey no gelo em algumas jogadas? Nem sempre conseguimos ver a bola (puck), só temos uma noção de para onde ela está indo. Impressionante.
Mobilidade
Acredite ou não, mas Josh Allen tem basicamente o mesmo porte físico de Peyton Manning. Entretanto, a cada jogo Allen demonstrou interessante habilidade atlética e ótima mobilidade para sair do pocket e conseguir executar os lançamentos, algo não visto com frequência em quarterbacks desse tamanho.
Repare que mesmo sabendo que o pocket está desconfortável e que, portanto, será preciso se mover para as laterais, Allen não tira os olhos da endzone (e dos alvos) em nenhum momento. Ele sabia exatamente o que estava fazendo e o que precisava conseguir alcançar para colocar mais sete pontos para seu time no placar. Veja novamente:
Muitos especialistas vêm características de Carson Wentz (mobilidade) e Ben Roethlisberger (força no braço) em Josh Allen. Eles estão errados?
Um toque na bola raro de ser visto
Em vários momentos das partidas, é preciso que o quarterback (se esse for mesmo competitivo e titular de um time) faça um passe realmente bom. Esse pode ser para assegurar um first down, colocar a equipe em posição de field goal ou até mesmo vencer um confronto. Em algumas jogadas, o pocket estará fechado e a marcação será boa, mas os companheiros precisam de um lançamento preciso para continuarem no jogo. Em outras palavras, é solicitado que o QB mostre um toque na bola diferenciado. Que ele coloque essa com exata força e precisão no único lugar possível para evitar a marcação do defensor. Como costuma dizer o comentarista Paulo Antunes, isso se chama “colocar mostarda na bola”.
Foi exatamente isso que Josh Allen fez quando lançou o terceiro touchdown de Wyoming Cowboys na última sexta-feira (22). Todavia, o que realmente chama a atenção, é que Allen fez um passe perfeito para endzone, com ótimo toque na bola, sob uma marcação decente, praticamente da metade do campo. É isso mesmo, o TD de 45 jardas de Allen para C. J. Johnson mostrou que o quarterback pouco fez esforço na jogada e ainda assim conseguiu fazer um lançamento complicado parecer simples.
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Ao término da partida, após ter sido nomeado o melhor jogador do confronto – naquele que foi possivelmente a melhor atuação dos Cowboys na temporada, aliás – Josh Allen confirmou que estará declarado para o Draft 2018 da NFL. Diga-se de passagem, importante ressaltar John Elway, general manager do Denver Broncos foi ao Albertsons Stadium acompanhar a partida. Mesmo sendo uma decisão fruto de escolhas ruins no passado (falarei mais sobre isso em breve), faria todo sentido do mundo para os Broncos selecionarem Allen.
Como falado em outros momentos, não espere que o QB dure por muito tempo na 1ª rodada. Antes do começo desta temporada, era esperado até que o camisa #17 entrasse para a NFL como a 1ª escolha geral da classe. Neste momento, isso ainda é possível, porém pouco provável. Muitos times precisam de um quarterback realmente competitivo e que seja um exímio líder em campo, assim como Allen mostrou ser na curta carreira pelo college football.
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