Uma das grandes histórias na reta final da temporada passada, principalmente nos playoffs, foi a parte física de Todd Gurley.
O running back do Los Angeles Rams dominou o campeonato regular e ao menos flertou com recordes históricos entre corredores na NFL.
Até a semana 15, Gurley totalizou 1.251 jardas terrestres em 256 corridas (4,9 jardas por tentativa), 580 jardas recebidas em 59 recepções, e 21 touchdowns, a melhor marca da liga. Desses, 17 foram corridos, também o nº1 entre RBs. Foi o segundo ano seguido que o camisa #30 liderou a NFL tanto em TDs terrestres quanto em TDs totais.
Contudo, o brilhante ano de Gurley não terminou da forma como todos esperavam.
A participação do jogador foi de limitada até se tornar nula no últimos mês de temporada regular e, mesmo com os Rams folgando na primeira rodada dos playoffs, Gurley não ficou 100% para a pós-temporada.
De fato, ele foi o diferencial e teve sólida atuação diante do Dallas Cowboys (16 corridas, 115 jardas e um TD) na Rodada Divisional. Todavia, aquele jogador que teve 315 toques na bola durante a temporada regular (média de 22,5 por partida) ficou restrito a 17 contra os Cowboys. Na semana seguinte, frente ao New Orleans Saints na final de conferência, ele teve quatro corridas. E ainda conseguiu marcar um touchdown, porém correy para 10 jardas ao todo. O triunfo na ocasião levou os Rams ao Super Bowl contra o New England Patriots.
A semana a mais de preparação para o Grande Jogo também não foi suficiente para a recuperação do corredor. Na decisão, Gurley teve 10 corridas, para 35 jardas, e uma recepção.
Aquilo que se começou a desconfiar uma vez que os playoffs se estreitavam (e Gurley não voltava a ser inserido normalmente no plano de jogo de Sean McVay) foi confirmado: a lesão do atleta não era tão pequena quanto parecia.
Gurley sofreu uma artrite no joelho esquerdo, o mesmo que ele rompeu os ligamentos quando ainda em Georgia em 2014. Para complicar as coisas ainda mais para os Rams, a lesão aconteceu em meses depois de o time ter renovado o contrato com seu principal running back.
Com isso, além de impactar dentro de campo para Los Angeles em 2018, a questão física de Gurley levanta questões para a franquia californiana fora das quatro linhas de agora em diante.
Como Todd Gurley contribuirá dentro de campo
A primeira pergunta, logicamente, é o quanto a lesão no joelho atrapalhará a produção de Gurley. Estamos falando de um dos melhores running backs da última década, o qual foi ao All-Pro nas duas últimas temporadas e foi nomeado Jogador Ofensivo do Ano em 2017. Nos últimos dois anos, disputando 29 jogos, Gurley marcou 40 touchdowns.
A contribuição do camisa #30 para o sistema ofensivo de McVay é quase insubstituível.
Tendo os playoffs do campeonato passado como base. O grupo de corredores de L. A. foi o diferencial contra Dallas, em um jogo em que Jared Goff e companhia tiveram dificuldades passando a bola. Contra os Saints, confronto marcado pela não marcação da interferência defensiva, a genialidade de McVay superou a “ausência” de Gurley. No Super Bowl, contudo, diante de um o sistema defensivo dos Patriots muito sólido, Goff e McVay não tiveram respostas dentro de campo marcando apenas três pontos, o que igualou a pior pontuação de uma equipe na história do SB.
Um Todd Gurley saudável seria mais uma tentativa de resposta, e justamente a mais certeira delas para os Rams.
Gurley agora tem quatro anos completos na NFL. Em média por 16 jogos disputados (um campeonato regular), ele tem média de 339 toques na bola por ano (287 corridas e 52 recepções), 1.774 jardas de scrimmage e 15 touchdowns. Desde que McVay assumiu os Rams em 2017, com Gurley em campo, o time venceu 24 dos 32 jogos que disputou (75% de aproveitamento).
Pasmem, ele completará 25 anos em 2019.
Em tese, portanto, com uma offseason para recuperação, Gurley conseguirá se recuperar da lesão. Afinal, ele fez isso antes de chegar à NFL com um problema de joelho consideravelmente mais complexo.
Mas…
Os Rams recrutaram um running back
Produto de Memphis, Darrell Henderson foi selecionado, e por um valor considerável na terceira rodada (70ª escolha, a segunda do time na classe). Henderson vem de uma temporada 2018 excelente (2.204 jardas totais e 25 TDs), além de se encaixar no sistema de zone blockings dos Rams por estar inserido em algo parecido no college football.
Tenha em mente que os times têm encontrado sólidos e surpreendentes corredores ao longo do Draft com certa frequência ultimamente.
Los Angeles, vale lembrar também, renovou por dois anos com Malcolm Brown, que tem sido o backup do elenco nos últimos quatro anos.
Claro, reforçar o plantel é sempre interessante na NFL, não importa a posição em questão. Contudo, tendo em mente a importância de um corredor sólido para o sistema dos Rams (C. J. Anderson foi vital para o elenco na reta final da temporada passada), a forma como a diretoria da franquia agiu na lesão de Gurley como um todo e como a posição de running back funciona no futebol americano, é preciso fazer questionamentos. Se tem algo que “castiga” RBs, é joelho.
A equipe comandada por McVay foi misteriosa quanto à lesão de Gurley no ano passado e essa acabou sendo maior do que inicialmente relatada. Novamente, L. A. pode saber de algo que os fãs ainda não sabem.
Os Rams se precipitaram com o grande contrato?
Tudo isso levanta uma outra questão, agora fora dos campos.
Saiba que os Rams deram um novo — e grande — contrato a Gurley em julho de 2018. A extensão foi de quatro anos (até 2023), US$ 57,5 milhões, com um total garantido de US$ 45 milhões. A média salarial de Gurley agora é a maior da NFL na posição.
Los Angeles teria feito o mesmo acordo se as conversas tivessem acontecido na offseason 2019, com o desfecho de 2018 em contexto?
Ainda no novo contrato, contudo, os Rams deixaram uma “porta de saída” como possibilidade. O novo vínculo de Gurley tem a opção de saída do corredor após a temporada de 2021, o que salvaria a um cap hit total de US$ 27 milhões para o time, contra um dead cap de US$ 5 milhões.
Algo parecido foi feito com Le’Veon Bell, que assinou por quatro anos com o New York Jets neste ano, e tem a opção de saída depois de 2020. Com isso em mente, é esperado que os contratos dos próximos corredores também sigam o mesmo padrão.
Bell, diga-se de passagem, é um que foi “substituído” no Pittsburgh Steelers por James Conner, recrutado na terceira rodada de 2017.
O próximo “peixe grande” na lista de novos contratos deve ser Ezekiel Elliott, o qual também está entre os melhores RBs dos últimos anos, porém já teve questões fora de campo que o deixaram fora de atividade.
Em duração, valor total e quantia garantida, Elliott deve atingir o mesmo patamar de Gurley, e ele merece isso. Contudo, condições contratuais como a de Gurley e Bell próximo podem surgir.
No fim do dia, o tratamento para com a posição de running back continua o mesmo.