A derrota para o Seattle Seahawks no último Monday Night Football é uma daquelas com sérias consequências para o Minnesota Vikings. Afinal, a atuação do time, em especial do ataque, foi muito abaixo da média. O “x”da questão: esse era um sistema ofensivo com altíssimas expectativas para 2018.
A derrota para o Seattle Seahawks no último Monday Night Football é uma daquelas com sérias consequências para o Minnesota Vikings. Afinal, a atuação do time, em especial do ataque, foi muito abaixo da média. O “x”da questão: esse era um sistema ofensivo com altíssimas expectativas para 2018.
Estamos falando de um time que chegou à final de conferência na temporada passada. Fez isso com uma defesa de elite, porém sem o running back titular e com Case Keenum under center. Ou seja, reforçar o ataque era o que faltava para os Vikings competirem por Super Bowl. Certo? Por isso, Kirk Cousins foi contratado com US$ 84 milhões garantidos, Latavius Murray chegou como backup de Dalvin Cook e John DeFilippo deixou o cargo de técnico de QBs dos Eagles para se tornar coordenador ofensivo em Minnesota. Mas as coisas não engrenaram como era esperado.
Com 14 semanas disputadas neste campeonato, o Minnesota Vikings teve queda de rendimento nos dois lados da bola. Naturalmente, o não funcionamento ofensivo é o que mais preocupa, pelo investimento feito há alguns meses. Não por acaso, depois de um revés “feio” frente aos Seahawks, DeFilippo foi demitido e Cousins vem recebendo severas críticas. A impressão que fica é que a culpa é apenas de ambos. Mas não é bem assim.
A defesa caiu de rendimento e o jogo terrestre “não existe”
Tamanha expectativa sobre temporada 2018 do Minnesota Vikings surgiu pois a defesa da franquia no ano passado era especial. Mais que isso: o sistema defensivo dos Vikings de 2017 era um daqueles que exigia o mínimo do ataque para almejar Super Bowl. Nas guardadas proporções, algo como os Broncos de 2015.
Entretanto, o setor caiu de rendimento neste ano. O front seven tem aparecido muito mais pelo talento individual do que pelo coletivo. E a secundária ainda sofre com alguns matchups, os quais já eram um problema desde 2017. Consequentemente, vemos uma defesa que é a 11ª em pontos e turnovers forçados. Números que não são péssimos, tampouco irretocáveis, como foi visto. O atual conjunto defensivo do Minnesota Vikings consegue ter sucesso em geral se apoiado por um jogo corrido de qualidade e um QB acima da média.
A questão é que esses fatores do ataque já começam errado quando olhamos para o jogo terrestre da franquia. A média de jardas corridas por partida do Minnesota Vikings nesta ano é de 85,4. Na NFL, com um jogo corrido pouco impactante, uma defesa decente e uma linha ofensiva oscilante, é muito difícil vencer. Pouquíssimos quarterbacks são capazes de superar tais adversidades. E Kirk Cousins não faz parte desse grupo.
Cousins não faz “milagres” – quem pensou assim que estava errado
Na NFL, existe um grupo de quarterbacks capazes de “carregar seu time nas costas”. Ou seja, mesmo que o grupo de recebedores ou corredores não seja ótimo, ou a defesa se mostre vulnerável, esses jogadores darão minima competitividade ao elenco. Basta que apenas uma coisa esteja a favor desses QBs. Por exemplo, um recebedor, head coach, ou algo do tipo. E mais: teoricamente, esses QBs configuram uma carreira digna de Hall da Fama.
Contudo, aqueles quarterbacks que estão fora dessa seleta prateleira não são ruins. E nem estão fora da elite do futebol americano. Eles só precisam de mais complementos de qualidade ao redor para render o esperado. Nesse sentido, não hesite em afirmar: o que está ao lado de Kirk Cousins tem falhas.
Deixe de lado também o argumento “US$ 84 milhões garantidos”. Sim, foi muito dinheiro, porém sabemos como está o mercado da NFL na atualidade. Esse é o preço que se paga para ter um quarterback competitivo (não “milagroso”, como os do primeiro parágrafo) no elenco. QBs que fazem “milagres” não são determinados pelo salário – tenha isso em mente. Isso passa a ser consequência, mas não regra.
As devidas críticas ao camisa #8
De fato, Kirk Cousins precisa ser criticado. Não vejo sua temporada 2018 como desastrosa, mas é evidente que ele precisa evoluir em alguns aspectos. O principal deles talvez seja vencer grandes jogos. Afinal, Cousins agora é o quarterback com mais partidas de Monday Night Football sem vitória na história da NFL (0-7). E neste ano, Minnesota derrotou times como 49ers, Cardinals, Jets, Lions e Packers, enquanto foi derrotado frente a Rams, Saints, Bears, Patriots e Seahawks.
Em todos esses reveses, Kirk Cousins deveria ter protegido melhor a bola, isso é indiscutível. Aliás, os quatro turnovers sofridos por ele que foram retornados para TD configuram a pior marca do campeonato. Contudo, mais coisas precisam ser ditas.
Cousins teve ótima atuação contra os Rams. Diante dos Saints, Adam Thielen sofreu um fumble que mudou os rumos da partida. Contra os Bears, Xavier Rhodes deixou escapar uma pick six (Eddie Jackson do outro lado não). Ademais, não pense que é fácil ir a New England e Seattle em semanas consecutivas e triunfar – poucos quarterbacks fazem isso.
Kirk Cousins precisa ter mais maturidade em diversos lances, tanto no que diz respeito a não sofrer turnovers quanto em termos de ver alvos que estão livres. Ele está em um grupo competitivo. No entanto, esse grupo não está rendendo como se imaginava, principalmente os corredores e bloqueadores, pontos cruciais para um quarterback.
Cousins não faz milagre. E nem seu contrato significa isso, caso ainda não tenha ficado claro.
O melhor da defesa, Kirk Cousins, jogo corrido etc., não está aparecendo junto
Neste ano, o Minnesota Vikings já viu a defesa no nível do ano passado, os melhores passes de Kirk Cousins, o jogo corrido com lampejos, os wide receivers constantemente com grandes recepções… O problema talvez seja que, em uma mesma partida, essas coisas não têm acontecido.
Contra os Seahawks, por exemplo, o sistema defensivo teve ótima atuação. Ótima! Porém, o ataque não apareceu. E esse ficou apagado porque Cousins foi pressionado e não teve boas leituras, o jogo terrestre sumiu e as chamadas ofensivas foram péssimas. Em especial no que tange terceira e/ou quarta descidas curtas, as chamadas do Minnesota Vikings não tiveram coerência. Isso talvez tenha sido o estopim para a saída de John DeFilippo, a qual por si só não deve apagar a ideologia “conservadora e muitas vezes arcaica” de Mike Zimmer no ataque.
Na semana 2 e 4 diante de Green Bay e Los Angeles, respectivamente, o ataque aéreo foi sólido, porém a linha ofensiva e o jogo corrido em conjunto decepcionaram. Ataque terrestre que, aliás, obteve 195 jardas contra Arizona e 128 contra Detroit. Nessas ocasiões, contudo, Cousins não foi tão exigido.
Apesar desses problemas, o Minnesota Vikings tem grandes chances de chegar aos playoffs. O futebol americano apresentado não deveria ser digno disso. Todavia, a última vaga da NFC segue aberta, disputada por times em momentos tão oscilantes quanto o dos Vikings (alguns até pior).
E detalhe: uma vez na pós-temporada, Minnesota não pode ser descartada, visto que potencial para incomodar a equipe tem. Esse só não está aparecendo em conjunto.