O impasse contratual entre Melvin Gordon e o Los Angeles Chargers continua ganhou um importante capítulo.
Adam Schefter reportou que Gordon não irá participar do Training Camp dos Chargers em 2019 sem um novo acordo. Ademais, foi apurado até que o running back pode solicitar uma troca.
O caso de Gordon não é novidade entre os jogadores da NFL, e nem precisamos voltar muito no tempo para encontrar algo parecido.
Em 2018, Le’Veon Bell não entrou em campo pelo Pittsburgh Steelers pois se recusou a atuar sob a franchise tag (a segunda seguida para ele). O corredor queria um novo contrato e a ascensão de James Conner em Pittsburgh fez com que Bell acabasse em outro destino.
Para entender Gordon, é preciso ter em mente que estamos falando de running back, uma posição que, pela exposição dos jogadores aos tackles adversários, tem carreira curta normalmente.
Não apenas a duração e média salarial, mas o valor garantido do acordo costuma divergir opiniões nas negociações entre jogador e franquia.
Gordon foi selecionado em 2015, o que indica que, em 2019, ele estará sob o quinto ano (opcional) de seu contrato de calouro, recebendo US$ 5,6 milhões.
O que o running back deseja, portanto, é evitar correr o risco de sofrer uma grave lesão em 2019, a qual poderia “acabar” com seu projeto a longo prazo no futebol americano profissional entrando na free agency em 2020.
Os Chargers têm discutido um novo vínculo com o jogador há algum tempo, mas ainda há divergêcnais. Não se sabe exatamente quais são os impasses, porém, por outros eventos recentes, os tópicos principais são imagináveis. O desfecho também.
Como está o mercado de running backs da NFL?
O último grande nome na posição a ganhar novo contrato foi Bell ao assinar por quatro anos, US$ 52,5 milhões (US$ 35 milhões garantidos) com o New York Jets nesta offseason.
Ele foi o único running back nº 1 de um elenco a estar no mercado.
Em média salarial, Bell é o nº 2 da NFL na atualidade, atrás apenas de Todd Gurley. O running back do Los Angeles Rams ganhou novo contrato em julho de 2018: quatro anos US$ 57,5 milhões, sendo US$ 45 milhões garantidos.
Bell e Gurley, ao lado de David Johnson (três anos, US$ 39 milhões — US$ 31 mi garantidos — com o Arizona Cardinals em 2018), são os corredores na casa dos US$ 10 milhões por temporada em média salarial.
Mas como Gordon se compara a esses três nomes?
A contribuição de Gordon no plano ofensivo dos Chargers, no sentido de estar inserido tanto no ataque aéreo quanto terrestre, é similar. Repare que todos eles beiram os 20 toques na bola. Todavia, em termos de produção, Gordon fica abaixo.
No entanto, quando olhamos para os próximos dois running backs com maior média salarial, fica mais fácil entender como os valores de Gordon provavelmente serão traçados.
Fechando os cinco RBs mais bem pagos estão Devonta Freeman e LeSean McCoy, ambos na casa dos US$ 8 milhões por ano.
Repare que os números de McCoy, o qual chegou à NFL em 2009, são correspondentes somente a partir de 2015, ano em que o corredor assinou seu atual contrato. Foram cinco anos, US$ 40 milhões, com quase US$ 20 milhões garantidos na época.
Freeman, por sua vez, renovou com o Atlanta Falcons em 2017 também por cinco temporadas, sendo US$ 41,1 milhões e quase metade disso (US$ 22 mi) assegurados.
Enquanto o fato de Gordon vir da melhor temporada da carreira e ter números em geral melhores que os outros RBs no quadro analisado acrescenta o atleta, Freeman ter entrado em campo somente duas vezes em 2018 pesa contra ele na negociação.
E as lesões certamente preocupam a equipe de Los Angeles. Afinal, Gordon perdeu pelo menos duas partidas em três das quatro temporadas que disputou até agora, includindo quatro ano passado. As questões quanto ao joelho de Gordon o perseguem desde os tempos de Wisconsin.
Por outro lado, o running back de 26 anos totalizou 38 touchdowns nas últimas três temporadas, a segunda melhor marca da NFL. E a importância dele para o plano de jogo dos Chargers é inegável: foram 1990 jardas corridas (4,1 jardas por tentativa), 108 recepções e 26 TDs desde 2017.
Possíveis cenários
Troca
Começando pelo cenário que me parece menos provável: uma troca.
Para Gordon, não é interessante sair dos Chargers, e vice-versa. Além disso, é difícil imaginar alguma franquia pagando o que o running back realmente vale em 2019, já que vários nomes surpreendentes (e baratos) têm surgido na função. L. A. não deve aceitar “qualquer coisa”.
Se acontecer uma troca, os Chargers precisam estar interessados em, no mínimo, algo como duas escolhas nas três primeiras rodadas do Draft. Gordon tem 26 anos e foi produto da 15ª escolha geral do Draft 2015.
Mas trocas recentes envolvendo RBs não são favoráveis aos Chargers neste sentido. Jordan Howard, DeMarco Murray, McCoy…
O último corredor escolhido em primeira rodada a ser trocado foi Trent Richardson, de Cleveland para Indianapolis, em 2013. Os Colts deram aos Browns uma escolha de primeira rodada.
Holdout
Damarius Bilbo, agente de Gordon, já disse que as chances de o running back repetir o que Bell fez em 2018 e não entrar em campo nesta temporada são reais.
O que o jogador ganha com isso?
Bom… Ele fica um ano parado, sem sofrer tackles e com mais tempo para preparação e recuperação. A praticamente dois meses da temporada regular, aguardar até a próxima free agency, mesmo que não a curto prazo (ele perderia aproximadamente US$ 333.000 por semana no campeonato), pode ser uma opção sólida para encontrar um longo contrato.
Na próxima offseason, a posição de running back pode ser uma grande necessidade para times como Houston Texans e Buffalo Bills, por exemplo. Assim, Gordon asseguraria um grande contrato.
Novo contrato
Pouco se sabe sobre detalhes da negociação entre Gordon e Chargers, porém a expectativa por um novo contrato é sempre a principal, em especial por se tratar de um time que almeja Super Bowl e um jogador muito acima da média.
Quanto Gordon merece receber, então?
É sensato imaginar que menos que Gurley, Bell e Johnson, porém mais que Freeman e McCoy.
Ou seja, algo em torno de US$ 10 milhões por temporada, durante quatro ou cinco anos, com 55-60% do valor garantido, parece ser algo condizente à realidade dos Chargers, de Gordon e das recentes negociações envolvendo running backs.