Ele voltou: Jay Cutler, apenas alguns meses após anunciar sua aposentadoria, mudou sua decisão e anunciou que estará à National Football League na temporada 2017, defendendo o Miami Dolphins. Esta será a terceira franquia da carreira de Cutler, o qual já esteve no Denver Broncos e no Chicago Bears.
Assim como toda equipe que contrata um novo quarterback na NFL – e neste caso talvez seja ainda maior por se tratar de Jay Cutler –, as especulações e análises quanto à aquisição, abordando se ela será ou não próspera para ambas as partes, são constantes. Afinal, a posição mais importante do time deve atrair maiores atenções.
Justamente por isso, decidi mudar de última hora o tema da minha coluna de opinião no Shotgun (que falaria dos Training Camps) para o retorno de Jay Cutler à liga. De uma maneira geral, entendo totalmente a opção do Miami Dolphins pela camisa #6. Todavia, no fim das contas, as incertezas ao redor de Cutler e o seu passado no futebol americano indicam que essa foi uma contratação perigosa – e que haviam nomes menos incertos.
Jay Cutler era a melhor opção disponível?
O primeiro questionamento a respeito da opção de Miami por Cutler gira em torno das alternativas disponíveis para a franquia. Jay era mesmo o melhor nome no mercado? Pelo que foi falado na imprensa americana, Colin Kaepernick, Tim Tebow e Matt Moore foram os nomes mais cotados além de Jay Cutler para substituir Ryan Tannehill nas partidas em que ele estiver ausente.
Kaepernick era o nome preferido dos amantes do futebol americano. Desde que ele brilhou na NFL entre 2012 e 2014, todos estiveram encantados por ele dentro das quatro linhas. Suas corridas, potência dos lançamentos, carisma, por muito pouco não foram “imortalizadas”, já que os 49ers estiveram à poucas jardas de derrotarem os Ravens no Super Bowl XLVII – se San Francisco tivesse vencido ali, a narrativa de Kaep na liga seria totalmente diferente, estou certo disso.
Colin Kaepernick ainda está livre no mercado, apesar de ter totalizado 22 touchdowns e nove interceptações nas últimas 19 partidas que foi titular. Nesse mesmo período, aliás, Jay Cutler teve 24 TDs e 15 INTs, algo que está longe de impressionar. E saiba que em 2015 Cutler teve para muitos a melhor temporada de sua carreira. No melhor ano da carreira de Kaepernick, o camisa #7 teve apenas oito interceptações. Em anos que disputou pelo menos 15 jogos, a menor marca de Cutler em termos de interceptações foram 19. Por fim, arrisco a dizer que nas 11 partidas que Kaep foi titular em 2016, ele não foi a razão para as constantes derrotas de San Francisco. Jay Cutler, por sua vez, nas cinco oportunidades que esteve under center, não posso dizer o mesmo.
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Enquanto o nome de Tim Tebow ter aparecido nessa lista me parece meros boatos, o de Matt Moore é exatamente o contrário. Chegou-se a pensar Moore sendo o titular dos Dolphins até a volta de Tannehill – e isso não é tão absurdo quanto possa parecer. De fato, o atual camisa #8 de Miami não passa tanta confiança, já que ele nunca veio a ser um real titular na NFL. Todavia, pelo menos no ano passado, seus números foram interessantes – e melhores que os de Cutler.
Moore participou de quatro partidas do Miami Dolphins na temporada passada, tendo sido titular em três delas. Nessas ocasiões, ele teve média de 8,3 jardas por tentativa, e um total de oito touchdowns e três interceptações. Matt Moore claramente esteve confortável no esquema de Adam Gase e, para complementar, seu rating de 105,6 ilustra isso. Diga-se de passagem, Cutler começou cinco jogos pelo Chicago Bears em 2016. Seus números finais: 7,7 jardas por passe tentado, quatro touchdowns e cinco interceptações (rating de 78,1). Vitórias? Foi uma para Jay Cutler e duas para Moore.
Ele é mesmo um quarterback competitivo?
O argumento mais forte da ida de Jay Cutler para o Miami Dolphins está atrelado à presença de Adam Gase como head coach da franquia. Cutler e Gase já trabalharam juntos quando esse último foi coordenador ofensivo dos Bears, na temporada de 2015. Vale ressaltar que naquele ano Cutler teve talvez o ano mais “seguro” da sua carreira como titular, quando fechou o campeonato com 21 touchdowns e 11 interceptações. Ademais, o rating de 92,3 do quarterback foi o melhor de sua carreira.
Em contrapartida, mesmo estando sob o comando ofensivo de Gase e possivelmente no melhor ano de sua carreira, há duas temporadas Jay Cutler foi capaz de liderar o Chicago Bears à apenas seis vitórias em 15 partidas disputadas, e esteve longe de levar a franquia a outro nível.
Além disso, se formos olhar só para as estatísticas e avaliar a produtividade de Cutler ao longo dos anos, sua última (e primeira) vez acima das 4.000 jardas aéreas aconteceu em 2008 (4.526)! E que tal ressaltarmos que o camisa #6, em 11 temporadas na NFL, ultrapassou os 25 touchdowns apenas em duas ocasiões, sendo que seu máximo nesse quesito foi 28, em 2014.
Como um líder, essencialmente, Jay Cutler sempre pecou. Como um quarterback realmente competitivo, também. A força de seus lançamentos é algo inquestionável, e sua habilidade atlética está acima da média para a posição. Todavia, falta muito para Cutler se tornar um QB competidor na NFL. Sempre faltou.
As chances de dar errado são maiores
Outro aspecto que não pode passar ileso ao analisar Jay Cutler é sua integridade física. O camisa #6 não sabe o que é disputar os 16 jogos de uma temporada desde 2009. Desde então, ele já perdeu 37 partidas devido à lesão, incluindo 11 em 2016. Tudo isso, combinado ao que foi relatado anteriormente, abre espaço para que seja possível dizer que apostar em Jay Cutler (em termos de vê-lo em campo) tem sido um ato incerto.
Jay Cutler conseguirá fazer o Miami Dolphins um time melhor? O que nele indica que a franquia estará em melhores mãos do que estaria com Colin Kaepernick ou Matt Moore, por exemplo? É fato que Cutler já deu certo com Gase e naquele ano ele protegeu a bola como um quarterback diferencia (algo que Ryan Tannehill estava aprendendo fazer), mas foi só. Seus atributos físicas (principalmente força do braço e mobilidade) merecem destaque positivo, porém valem US$ 10 milhões (podendo chegar a US$ 13 mi) para um QB que foi dispensado de seu último trabalho e estava mirando a aposentadoria?
O fato de Adam Gase ser um velho conhecido de Jay Cutler, e a maior possibilidade disso dar certo ser maior do que se um “desconhecido” chegasse ou fosse efetivado (Kaepernick, Tebow, Moore , enfim), é o que parece ter sido determinante na decisão dos Dolphins em encontrar um substituto para Tannehill. Isso explica a contratação de Cutler, mas não a justifica, ainda mais pelo valor que o veterano receberá na temporada.
No fim das contas, está claro que Jay Cutler peca consideravelmente em liderança, confiança dos companheiros de time e inspiração dentro das quatro linhas, atributos essenciais para um quarterback realmente competitivo. Quarterback esse que o Miami Dolphins está precisando (e muito) neste momento – a franquia não sabe o que é ir aos playoffs por duas temporadas seguidas desde 2000-01.
A decisão do Miami Dolphins foi errada? Mande para nós sua opinião nos comentários ou pelas redes sociais!
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