Surpreendentemente, aquilo que poucos esperavam, acabou acontecendo logo na primeira partida de Robert Griffin III com a camisa do Cleveland Browns: o quarterback, após sofrer um tackle na partida contra o Philadelphia Eagles, demonstrou dores no braço esquerdo. Mais tarde, feitos os exames, foi anunciado que RG III estava fora de pelo menos metade da temporada 2016.
De fato, para muitos fãs assíduos da NFL não foi fácil receber essa notícia. Ela realmente, mesmo com o passado de lesões de Griffin, não era aguardada. Na estreia dele com a camisa dos Browns, as maiores expectativas estavam voltadas para sua performance, como ele envolveria o sistema ofensivo de Cleveland no plano de jogo, como Hue Jackson trabalharia com o quarterback, enfim. Mas pensar que Robert Griffin, em sua primeira partida profissional desde 2014, deixaria o gramado lesionado, e pior, que essa lesão fosse grave, realmente não estava nos pensamentos daqueles acompanhantes da NFL.
Receber o relato de que RG III terá que esperar aproximadamente dois meses para voltar aos gramados novamente, desta vez por uma lesão diferente daquelas que o atrapalharam no passado, não trouxe outro pensamento que não fosse: este é o fim da linha para ele? Sua carreira está acabada?
Ainda não dá para afirmar que Griffin está acabado, os fatos não nos levam a isso. Entretanto, ao saber dessa lesão, pude concluir que o começo do fim chegou.
A temporada brilhante
Dificilmente, você encontrará algum amante de futebol americano que não apreciava as atuações de Robert Griffin III em 2012. Poucos calouros, na história da NFL, tiveram um ano tão bom quanto o camisa #10 teve com os Redskins naquela temporada.
Griffin, há quatro anos, terminou a temporada regular com 3.200 jardas aéreas, 20 touchdowns, apenas cinco interceptações, 815 jardas terrestres e mais sete touchdowns corridos. Como reconhecimento disso, foi nomeado o Calouro Ofensivo de 2012 – e não se esqueça que Andrew Luck também era novato naquele ano – e eleito ao Pro Bowl.
E as ótimas performances de RGIII não ficaram restritas apenas ao individual. Dentro e fora de campo, as coisas também fluíram melhores para o Washington Redskins. Por exemplo, a melhor temporada da carreira de Alfred Morris aconteceu em 2012, quando ele correu para mais de 1.600 jardas e 10 touchdowns. Ainda, o ex-wide receiver dos Redskins Santana Moss, em 14 temporada na liga, teve sua segunda melhor marca de touchdowns (8) naquela ocasião.
Alem de tudo isso, é importante olhar para a campanha de Washington: em 2011, a franquia terminou a temporada em quatro lugar da NFC East com cinco vitórias e onze derrotas. Um ano mais tarde, com a chegada de um quarterback até então apontado como um para a franquia, o time melhorou seu retrospecto para dez triunfos e venceu a divisão pela primeira vez desde 2007.
Ademais, preste atenção nesta estatística: entre 2006 e 2014, os Redskins terminaram todas as temporadas em último lugar da divisão, com a exceção de 2007, quando foram terceiro, e 2012, quando foram campeões, sob a liderança de Robert Griffin III.
Desde o começo, as lesões já eram um problema – e ele deveria saber disso
Pelo que foi dito acima, você pode estar se perguntando: mas então a temporada 2012 de RGIII foi perfeita? Não, não foi. Ela teve poucos (porém graves) problemas. Problemas esses que acabaram deixando o quarterback longe de seus melhores momentos.
Na semana 14 daquele ano, contra o Baltimore Ravens, em uma corrida – que, aliás, era uma de suas grandes especialidades – Griffin lesionou seriamente o joelho, deixando-o incapacitado de atuar em mais alto nível e, consequentemente, tirando as chances de Washington de prosperar naquela pós-temporada.
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A partir de então, foi uma lesão atrás de outra. Ainda baleado, ele atuou na temporada de 2013, bem abaixo da produtividade esperado é fato, até a semana 13, quando a comissão técnica dos Redskins sacou o quarterback para evitar os riscos de lesões, já que a temporada estava perdida para a franquia, colocando Kirk Cousins como titular. Claramente, RGIII não ficou contente com essa decisão.
Em 2014, logo na semana 2, Griffin lesionou o tornozelo contra o Jacksonville Jaguars, fato que o tirou dos gramados por mais dois meses. Já recuperado, ele foi surpreendido ao ficar no banco de reservas para Colt McCoy. Contudo, McCoy também sofreu uma lesão e deu nova oportunidade ao camisa #10. Mesmo “chateado” com a comissão técnica do Washington Redskins, Robert Griffin III a campo e, apesar do aproveitamento 2-5 como titular, demonstrou lampejos de seus melhores momentos de calouro.
Um ano mais tarde, veio a gota d’água: na pré-temporada, Griffin foi diagnosticado com uma concussão, a qual se prorrogou e não permitiu com que o quarterback estivesse pronto para a estreia da temporada regular. Assim sendo, foi a vez de Kirk Cousins começar para os Redskins. Contudo, ao contrário do que todos pensavam, mesmo com RGIII saudável, o técnico Mike Shanahan manteve Cousins na titularidade, demonstrando, de modo geral, como estava desgastada a relação entre o head coach e o quarterback ex-Baylor. Ao término da temporada 2015, Robert Griffin III foi cortado dos Redskins e, mais tarde, acabou assinando com o Cleveland Browns.
Falando em Baylor, é importante lembrar que em 2009, dois anos antes de vencer o Heisman Trophy (prêmio dado ao melhor jogador do futebol americano universitário), Robert Griffin rompeu os ligamentos do joelho, o que custou a ele a maior parte dos jogos daquela temporada.
A impressão que fica é que o corpo de Robert Griffin III não é propício para seu estilo de jogo. Além do mais, ele não demonstrou a capacidade aguardada em termos de evitar sacks e contatos adversários, como os bons quarterbacks devem fazer, preocupando-se com sua forma física.
Joelho, tornozelo, cabeça e agora o ombro, se já não é fácil ter uma grave lesão, imagine quatro. De fato, Robert Griffin III não deveria ter se arriscado tanto sabendo do seu passado. Ainda, se formos lembrar do Draft 2012, veremos que entre as comparações entre ele e Andrew Luck, as duas primeiras escolhas da classe, Luck levava vantagem quanto a questão física, em termos de força e coisas relacionadas. Isto não significa que RGIII era fraco ou coisa do tipo, pelo contrário; mas mostra mais uma vez que enfrentar os defensores adversários de maneira “inconsequente”, digamos assim, não foi em momento algum a melhor opção. Griffin pode ser visto como “frágil”, fisicamente falando, e a NFL não é lugar para tal. Hoje em dia isso ficou claro.
Mas e se ele não for tão bom quanto pareceu?
Resumindo toda a situação: Robert Griffin III chamou a atenção de todos após a temporada 2012, na qual ele foi realmente brilhante, mas desde então ele viu principalmente as lesões o atrapalhando e nunca mais passou perto de repetir as ótimas atuações.
Tudo bem, isto é o mais fácil de ser concluído e a tendência é que fatalmente pensemos nisso. Entretanto, já parou para pensar que pode haver uma outra alternativa para a queda brusca de rendimento de RGIII? Certamente, deixando claro um ponto, as lesões impactam negativamente a produção de qualquer jogador, assim como Griffin, contudo, o argumento que fica é que mesmo quando esteve aparentemente saudável (parte de 2013 e 2014), ele viveu de lampejos, os quais nunca mais se intensificaram.
A incerteza quanto a quão bom Robert Griffin é, profissionalmente falando, faz sentido se olharmos para outros casos onde o um quarterback foi muito bem mas claramente não era um jogador de elite. Por exemplo, em 2009 pelo Denver Broncos, Kyle Orton teve 3.802 jardas e 21 touchdowns. Ainda, Matt Schaub, neste mesmo ano, passou para 4.770 jardas e 29 touchdowns. Nesses dois casos, entre vários outros, os atletas tiveram temporadas de altíssimo nível, mas pouquíssimas vezes foram ao menos especulados como franchise quarterbacks.
Se analisada detalhadamente, a situação de Griffin parece ser essencialmente diferente das citadas acima, porém, a possibilidade de que o atual camisa #10 dos Browns tenha sido um bust (fracasso) pós-Draft ou extremamente superestimado existe.
Seu futuro fica cada vez mais incerto
Por tudo que ele já fez dentro de campo, fica “impossível” se apegar a ideia de que ele pode ter sido uma mera ilusão. Griffin III foi uma realidade no futebol americano, tanto universitário quanto profissional. A questão aqui não é sua habilidade, mas sim sua durabilidade. Neste momento, sua saúde é uma enorme incógnita, assim como seu jogo.
Não, Robert Griffin III não se aposentará esta temporada, e acredito que nem nos próximos dois anos, por exemplo. Facilmente, é possível imaginar RGIII retornando aos gramados nesta temporada jogando bem pelo Cleveland Browns. Contudo, não se pode pensar em ver novamente aquele jogador de 2012. Realmente, o fim da carreira de Griffin parece ter começado.
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“Mas como assim o começo do fim?” Dificilmente, veremos um general manager considerando Robert Griffin um franchise quarterback agora. Lembre-se de que os Browns foram atrás dele pois também precisavam de um quarterback para “renascerem” e o ex-Redskins não terá custo tão alto. Deste modo, assim como os quarterbacks em final de carreira, RGIII não passa mais a certeza de que é um cara para a franquia.
Entre muitos altos e baixos, Robert Griffin III construiu sua carreira, de um modo que talvez nem ele mesmo saiba como ajeitar. A passagem do college para o profissional não foi totalmente como planejada: um quarterback promessa que tanto brilhou e trouxe brilho à liga como calouro, acaba por estar totalmente em baixa. O desenrolar da carreira dele acabou sendo um tanto quanto injusto. O futebol americano não retribuiu Griffin da maneira como deveria.
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