As temporadas fracassadas do Jacksonville Jaguars parecem estar com os dias contados. Desde quando a franquia foi fundada, em 1995, em raros momentos seus torcedores puderam se empolgar com as temporadas da equipe, salvo que entre 1996 e 1999 (sob o comando do quarterback Mark Brunell), o time esteve na pós-temporada por quatro temporadas, e em duas dessas ocasiões foi até a final de conferência. Desde então, há de se destacar a campanha de 2005 e 2007, quando os Jaguars de David Garrard estiveram nos playoffs. Além disso, mais nada! Pelo contrário…
Desde 2008, Jacksonville não teve nenhuma temporada com mais de oito vitórias. Ademais, foram várias escolhas de primeira rodada de Draft fracassadas: entre 2008 e 2015, dos oito jogadores selecionados pela equipe em 1ª rodada, quatro já nem fazem mais parte do elenco.
Entre todos esses erros em Draft, algo deveria dar certo. E deu! A opção por Blake Bortles – como terceira escolha geral de 2014 -, ao que tudo indica, marca um novo mundo em Jacksonville!
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A ideia de grandes mudanças nos Jaguars não significa que a partir de agora só virão campanhas com 10/+ triunfos ou algo do tipo. Ao que tudo indica, o projeto de sucesso para o time da Flórida está bem encaminhado! E como um projeto como esse se estrutura? Ele começa, é claro, pelo quarterback.
Blake Bortles, apesar de ter problemas em garantir algumas vitórias e lançar muitas interceptações (ele totaliza apenas oito triunfos em duas temporadas), demonstrou uma enorme evolução se compararmos as temporadas de 2014 e 2015. Por exemplo, em seu ano de calouro, ele lançou 17 interceptações, sendo que participou de 14 jogos. No ano passado, foram 18 INT, mas em 16 jogos. A temporada 2015 rendeu a Bortles vários recordes da história da franquia: mais TDs lançados em um jogo (5) e em uma temporada (4.428), mais passes completos em uma temporada (355) e mais jogos seguidos com pelo menos um passe para TD (15). Os 35 touchdowns lançados pelo camisa #5, além de ser outro desses recordes, foi a segunda melhor marca de toda a conferência Americana, ficando atrás apenas de Tom Brady.
O restante do ataque dos Jaguars – o qual é o mais novo da NFL com média de 23,91 anos – é tão promissor quanto seu QB. Na linha ofensiva Luke Joeckel, segunda escolha geral de 2013, e Brando Linder, que irá para seu terceiro ano, parecem estar (enfim) se adaptando ao futebol americano profissional. No geral, por mais que a linha ofensiva de Jacksonville ainda esteja longe da perfeição (pelo que vi na última temporada, todas as outras da NFL também estão), é de se destacar a evolução que ela teve nos dois últimos anos. Enquanto na temporada 2014 os quarterbacks do time foram “sackados” 71 vezes, em 2015 isso aconteceu “apenas” em 51 oportunidades.
Nas posições de running back e wide receiver, a mesma situação. T. J. Yeldon é o titular no backfield da franquia. Na temporada passada, como calouro, teve algumas dificuldades (em se manter saudável e pontuar, principalmente), mas vale destacar que ele ultrapassou as 1.000 jardas de scrimmage.
O corpo de recebedores talvez seja o fator que mais anime os torcedores do Jacksonville Jaguars. Além do bom tight end Julius Thomas, recém-contratado do Denver Broncos e que se mostrou melhor na reta final da temporada passada, o setor conta com os “Irmãos Allen”. Allen Hurns e Allen Robinson! Combinados, eles têm apenas quatro anos de experiência e, em 2015, somaram 144 recepções, 2.431 jardas e 24 touchdowns juntos (!).
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Mas nos próximos um ou dois anos alguns contratos desses jogadores importantes estarão se encerrando e o planejamento do time pode ser abalado! Não é bem assim! Recentemente, a NFL divulgou a lista de quanto cada time tem de espaço no teto salarial. Qual é o time “mais rico”? Sim, os Jaguars. São mais de US$ 70 milhões de dólares que o time pode organizar em contratos de seus atletas ou de possíveis reforços.
Além do “novo mundo” mediado pelo ataque, a defesa dos Jaguars levanta algumas expectativas também. É fato que o sistema ofensivo da franquia esteve entre os 12 piores da Liga na últimas temporada, mas Dante Fowler Jr. (3ª escolha geral do Draft 2015) – que perdeu todo 2015 por lesão – estará de volta e ele tem muito talento. Ademais, o restante do setor tem outras escolhas elevadas de Draft e, misturando isso com alguns atletas experientes, pode passar uma segurança decente. Por fim, ainda devemos ter em mente que a AFC Sul passa por maus momentos.
O novo Jacksonville Jaguars está aí! Voltar a ir aos playoffs (após oito anos) seria um grande feito para este grupo promissor. Promissor a ponto de bater de frente com gigantes da NFL, surpreender a todos e ser uma das potências da liga nas próximas gerações.
Por Caio Miari
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