Enquanto a principal troca desta offseason até agora, a qual envolveu Odell Beckham Jr., teve respaldo positivo para o Cleveland Browns, o mesmo não pode ser dito para o New York Giants, o outro time envolvido na transação.
O que os Giants estão fazendo?
O primeiro questionamento já deve ser feito pelo fato de o time ter trocado Beckham Jr. Sim, uma troca envolvendo o wide receiver nunca fora descartada pela equipe novaiorquina. Todavia, os Giants não tinham pressa para fazer isso. Muito menos o interesse inicial para propor algo do tipo. Portanto, por que não avaliar outras propostas? Por que não colocar o jogador definitivamente no trade block antes de tudo? Ou, o que parece ainda mais racional neste caso, ter feito um negócio melhor com os Browns?
E isso atinge o ponto mais importante deste artigo.
O que os Giants estão fazendo? Qual o planejamento por trás das decisões recentes do time?
Se voltarmos ao Draft 2017, quando New York selecionou Evan Engram, o que ficou subentendido era que tudo seria feito com a intenção de manter as opções ao redor de Eli Manning em alta para, quem sabe, vencer novamente antes do quarterback pendurar as chuteiras.
Essa ideia se confirmou quando um contrato recorde foi oferecido a Nate Solder e principalmente Saquon Barkley foi draftado na segunda escolha geral em uma classe repleta de ótimos quarterbacks. Diga-se de passagem, essas duas últimas decisões já tinham Dave Gettleman como general manager da organização. Por tais atos, os quais envolveram uma parcela considerável da folha salarial do time e alto valor no draft, ficou ainda mais claro que o foco seria o presente em primeiro lugar. “Nós ainda confiamos em Manning.”, foi a mensagem nas entrelinhas de tais atos.
Concordando ou não com isso, esta foi a decisão.
E bons sinais vieram à tona para o elenco em 2018. Barkley se mostrou um talento raríssimo. A linha ofensiva evoluiu e encontrou um sólido titular no calouro Will Hernandez. E o grupo de recebedores teve lampejos, dos quais a vasta maioria foi protagonizada por OBJ. De um modo geral, o ataque dos Giants demonstrou que também precisava de mais tempo até se acostumar ao estilo de Pat Shurmur.
Para 2019, então, encontrar um sucessor para Manning continuava em pauta, porém buscar reforços pontuais seguia como prioridade. Afinal, a melhora da linha ofensiva, a presença de uma super-estrela no backfield e o talento puro de um dos melhores wide receivers da atualidade também fazem parte do plantel. Quer dizer, faziam.
Os dois primeiros casos ainda fazem, entretanto, os Giants trocaram o principal alvo de Manning.
Do outro lado da bola, que é o setor que mais precisa de sólidos reforços no time, os dois nomes mais talentosos (leia-se: mais capazes de mudar um jogo) eram talvez Olivier Vernon e Landon Collins. Eles complementam uma curta lista de estrelas na defesa da equipe. Quer dizer, complementavam.
A ideia de que New York reuniria contratações pontuais para a temporada 2019, talvez com nomes de considerável bagagem na NFL, saiu do trilho.
Um dos dois melhores jogadores de ataque dos Giants foi trocado. E os dois possíveis principais playmakers defensivos também se foram. OBJ e Vernon foram trocados, em uma negociação que rendeu à franquia uma escolha de primeira rodada (17ª geral), outra de terceiro round (95ª), o safety Jabrill Peppers e o guard Kevin Zeitler. Collins não renovou contrato e acabou assinando com o Washington Redskins.
Não me entenda mal.
A aquisição de uma escolha de primeira rodada, bem como jogadores como Peppers e Zeitler, é interessante. O problema é que isso não faz sentido quando inserido no plano de reforçar o que está ao redor de Manning para “vencer agora”.
Peppers vem de uma boa temporada mas é um jovem safety, um nível inferior a Collins. Zeitler é mais um indício que a linha ofensiva continuará em ascensão, porém é preciso lembrar que Eli necessita de sólidos recebedores em campo também — e o melhor que ele tinha agora está em Cleveland.
Vale ressaltar ainda que o Draft 2019 não impressiona pelos playmakers ofensivos, algo relevante para os Giants devido às duas escolhas de primeira rodada que o time tem neste momento.
Mais uma vez: qual o plano de Gettleman nos Giants?
E as coisas ficam ainda mais confusas analisando a recente contratação de Golden Tate, a principal da equipe nesta offseason até agora. O contrato de Tate em NY é de quatro anos, US$ 37,5 milhões, com US$ 22,9 mi garantidos. Quatro anos e praticamente US$ 23 milhões assegurados para um wide receiver de 30 anos de idade que teve sua temporada mais produtiva em 2014.
Tate é um sólido WR e certamente vai acrescentar no plano de jogo novaiorquino. Mas qual o objetivo dos Giants de oferecer um vínculo desta forma a um veterano logo após trocar Beckham Jr.?
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É difícil imaginar os Giants não perdendo valor em algum jogador/escolha neste caso. E é sensato afirmar que o time cometeu algum grande erro. Quando? Talvez no Draft 2018, por não ter recrutado um quarterback. Ou quem sabe agora, ao trocar OBJ. Tudo depende de qual é, de fato, o plano da equipe.
Não descarte a possibilidade que este erro ainda esteja por vir. Afinal, o draft se aproxima e, ainda mais com duas das primeiras 17 picks no recrutamento, o planejamento dos Giants estará em pauta novamente.
Mais uma vez, tenha em mente a pergunta: os Giants estão em reconstrução ou não? Neste momento, é difícil concretizar uma resposta para isso.
Ainda faltam pontuações. Faltam pingos nos is para este New York Giants.
Até o momento, a offseason 2019 não faz sentido algum para a franquia.