Aos poucos, a temporada 2017 da NFL vai ganhando corpo. Menos de um mês após o histórico Super Bowl LI, as franquias começam a se preparar para fazer os ajustes necessários em seus elencos para uma campanha melhor a partir de setembro. Dito isso, podemos dizer que possivelmente a primeira grande data do calendário da offseason da liga vem aí: no dia 01 de março, até as 18 horas (Horário de Brasília), as equipes devem anunciar se optarão ou não por colocarem sua tag em algum jogador – se isso de fato não acontecer, tal atleta estará livre para testar o mercado.
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Tendo isso em mente, acredito que seja válido dizer que o Washington Redskins talvez seja a franquia que mais esteja dando atenção para esta data. Certamente que várias equipes tentarão manter seus jogadores, como o Pittsburgh Steelers (Le’Veon Bell), Kansas City Chiefs (Eric Berry), por exemplo. Contudo, para os Redskins, a data limite da Franchise Tag coloca o time novamente frente a frente com Kirk Cousins, desta vez com questões financeiras ainda mais intrigantes.
Antes de entrar nas opções que Washington tem para com Cousins, é preciso lembrar que desde que a equipe perdeu Robert Griffin III e oficializou Kirk Cousins como titular absoluto, o que basicamente coincidiu com o término do primeiro contrato do jogador, ambas as partes se “enfrentam” a fim de encontrarem um acordo. A questão, aparentemente, é que os Redskins não querem (ou talvez queriam) garantir tanto a Cousins em termos de duração e valor total, possivelmente porque não estavam convencidos quanto à performance do camisa #8. Do outro lado, o quarterback bate o pé e indica que deseja ser reconhecido como um jogador de elite.
A questão aqui é que neste vai-e-vem, um ano já se passou, o que é bastante tempo na National Football League. Para piorar, fontes indicam que um novo contrato ainda não esteja tão próximo de ser assinado, e que o jogador estaria interessado em esperar o dia 01 de março para então concordar com a franquia – se esse for o caso. Mas quais as opções possíveis para Redskins e Cousins neste momento? Existe alguma forma das duas partes saírem ganhando neste embate? É possível que o quarterback deixe Washington já neste ano?
Separamos três situações básicas possíveis (“proteger” o jogador, assinar com ele ou deixá-lo ir), e suas especificações, para explicar como esta novela pode terminar!
Colocar a tag em Cousins
Desde 2007, apenas seis jogadores receberam a Tag por dois anos consecutivos, sendo que nenhum deles foi quarterback. Entretanto, essa escrita talvez seja quebrada nos próximos dias. Neste momento, alguns analistas acreditam que usar a Franchise Tag no jogador mais uma vez seria a medida mais viável para a franquia – e que não seria discordada pelo atleta. Colocar a tag em Kirk Cousins neste momento significa que Washigton terá os direitos do QB em mãos por pelo menos mais uma temporada. Se isso acontecer, podemos ver essa indefinição contratual ganhando mais alguns meses de duração, uma vez que a franquia e os representantes do jogador terão mais uma temporada para discutirem o novo acordo.
Economicamente falando, pelos padrões definidos pela liga, se colocada a tag, os Redskins deverão pagar US$ 23,94 milhões a Cousins em 2017 (em 2016, esse valor foi de US$ 19,95 mi), sendo que esses números chegariam a US$ 34,5 milhões caso o atleta recebesse a tag pela terceira vez na carreira.
Para o time, a Franchise Tag se torna interessante pois o garante mais um ano para ver como seu quarterback jogará e ter a certeza que ele merece um longo contrato. Todavia, para o jogador, enquanto a tag deixa seu futuro indefinido (sem qualquer tipo de garantia), ela possibilita que suas atuações sejam ainda melhores em relação ao ano anterior, o que aumentaria seu valor de marcado e forçaria a equipe a pagar bem mais do que o esperado caso queira continuar com os serviços do atleta.
Mesmo com a Franchise Tag, Cousins ainda pode deixar Washington – se a franquia optar por colocar a Franchise Tag Não-Exclusiva em Kirk Cousins, mesmo tendo preferência sobre os direitos do jogador, ela o deixará livre para receber propostas de outras equipes, tendo o direito de igualar a proposta para manter o atleta. Caso Washington opte por não empatar uma eventual oferta por Cousins neste caso, o time interessado deverá conceder duas escolhas de primeira rodada a Washington.
Assinar um contrato de longa duração já nesta intertemporada
Esta opção talvez seja o sonho da maioria dos torcedores do Washington Redskins neste momento, pelo que enquetes populares têm mostrado. O rendimento de Cousins nas duas últimas temporadas agradou e mostrou que o quarterback pode ser considerado um líder dentro de campo, merecedor de um grande acordo.
Como falado, desde a intermporada do ano passado, Washington e Kirk Cousins conversam sobre um novo contrato. Essas conversas, diga-se de passagem, ganharam um complemento interessante com a campanha dos Redskins liderada por Cousins em 2016 e também em 2017 – pela primeira vez em 20 anos os Redskins tiveram duas temporadas seguidas com mais vitórias do que derrotas. O obstáculo aqui é que as duas partes parecem não enxergar as coisas da mesma maneira neste momento, apesar dos diretores da franquia declararem que querem manter o quaterback por vários anos ainda.
Enquanto um contrato longo em alguns momentos parece ser questão de tempo e em outros aparenta ter grandes detalhes para serem definidos, se for o caso, espera-se – pelo atual mercado da NFL e situação de quarterbacks da liga – que Kirk Cousins receba entre 90 e 110 milhões de dólares, por quatro ou cinco anos, sendo 55-60% deste valor garantido.
Deixá-lo livre para o mercado
Uma outra opção para o Washington Redskins, mas que parece não estar nos planos do time neste momento, é deixar Kirk Cousins testar o mercado, isso mesmo se tornar um Free Agent. Como já explicado em outro texto, ser um Free Agent significa que Cousins poderá assinar com qualquer equipe da NFL, até mesmo os Redskins novamente. Se for para o mercado, o quarterback estará liberado para ouvir propostas de todos os times da liga, e aceitar aquela que for maior/mais interessante.
Por que isso pode ser vantajoso para Washington? Bom, mesmo que aparentemente este não seja o caso, quando um time deixa seu jogador testar o mercado, ele acredita que as propostas que serão feitas pelas outras equipes não sejam tão superiores àquela oferecida por ele anteriormente. Desta forma, isso acaba funcionando como uma prova direta de que o jogador “não tem para onde correr”. Contudo, pela necessidade de alguns times em encontrar um quarterback nesta temporada, fazer de Kirk Cousins um agente livre não parece ser uma boa opção.
No fim das contas, apenas uma coisa não pode acontecer para Washington
Não, Kirk Cousins não é um Hall of Famer. E nem uma superestrela. Um quarterback daqueles capazes de vencer um Super Bowl “sozinho”? Não acredito. Mas é ele o maior responsável por qualquer tipo de competitividade que o Washington Redskins têm apresentado nas últimas temporadas.
Em dois anos como titular, o camisa #8 ainda não sabe o que é ficar fora de uma partida, tendo totalizado 68,4% de aproveitamento nos passes, 9.083 jardas, 54 touchdowns e apenas 23 interceptações neste período. Além disso, neste processo, ele estabeleceu todos os principais recordes aéreos da franquia, incluindo o de jardas em uma temporada no ano passado, com 4.917.
Certamente que Cousins não é o quarterback dos sonhos de muita gente, ele já teve problemas em grandes jogos e nem provou muita coisa nos playoffs, porém ainda assim está acima da média da NFL. Não tenha dúvidas disso. Ele se mostrou um sólido titular, extremamente competitivo e capaz de passar confiança a quem estiver ao seu redor. Além do mais, basta que Washington olhe para o lado para perceber que não existe opção disponível melhor do que Kirk Cousins. Das opções levantadas acima, correr qualquer tipo de risco de perder o jogador, deveria ser cortada pela franquia.
Ah, mas e se os Redskins receberem duas escolhas de primeira rodada por Cousins, eles podem selecionar um quarterback no Draft e completar o elenco com outro grande nome. Não?! Talvez mais que qualquer outro esporte, a NFL já mostrou que o que está no papel não entra em campo, muito menos “teorias de imaginação”. Veja bem, os Browns fizeram isso várias vezes, os Bills e os Jets, de certo modo, também. E como eles estão agora? Desesperadamente procurando por um quarterback. Os Redskins não têm um verdadeiro QB desde o começo dos anos 90. Se Cousins estivesse na reta final de sua carreira, esta discussão seria diferente. Mas não, ele terá 29 anos na próxima temporada e uma renovação em Washington certamente pode contar com o quarterback.
A offseason 2017 da NFL, na prática, começou, e o que for feito nela terá impacto direto a partir de setembro, especialmente quando estamos tratando da posição mais importante do futebol americano. Os Redskins têm uma decisão importante pela frente e devem ter em mente que girar a “roleta dos quarterbacks da NFL” não costuma fazer bem à nenhuma franquia.
O que os Redskins devem fazer com Kirk Cousins? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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