O Indianapolis Colts se prepara para mais uma temporada e, em meio à várias incertezas que o time tem quanto ao seu elenco, está a maior delas, a qual circunda Andrew Luck. Tudo isso porque Luck não vem conseguindo ficar saudável – e já vimos como os Colts se saem quando o camisa #12 está ausente. Desde 2015, Luck não conseguiu disputar uma temporada completa da NFL, tendo ficado fora de todas as partidas no ano passado inclusive.
Tudo isso colocou o status de Andrew Luck na liga em xeque, afinal, aquele quarterback visto como um dos mais promissores que o college football já produziu atuou em menos de 50% dos jogos possíveis nos últimos três anos. Qual o futuro de Andrew e, consequentemente, dos Colts? Já é hora para considerarmos Luck um bust?
Nenhuma das alternativas é a resposta ideal para os questionamentos do parágrafo anterior. Após seis temporadas profissionais, nada disso pode ser inferido sobre Andrew Luck – pelo menos não ainda. A verdade é que quando estamos tratando de esportes a memória dos fãs é curta e, portanto, faz com que esses se esqueçam rapidamente de tudo que um jogador já fez e o talento que ele tem. O momento não é favorável a Andrew Luck, isso é fato. Contudo, uma vez saudável, ele está no grupo dos principais quarterbacks da NFL. Em outras palavras, sim, considero ele um QB de elite.
As altas expectativas sobre ele
Andrew Luck não foi a 1ª escolha geral do Draft 2012 por acaso: além da necessidade do Indianapolis Colts na posição de quarterback (pós era Peyton Manning), Luck era visto como o melhor prospecto da posição pelo menos desde 1998, quando o próprio Manning deixou o college. O que Andrew mostou no futebol americano universitário em Stanford é algo raramente visto entre QBs. A badalação do prospecto Andrew Luck fora tão grande que chegou a ser comparada à feita para LeBron James e Bryce Harper antes de chegaram à NBA e MLB, respectivamente.
Nos três anos que esteve em Stanford (2009-2011), ele totalizou 9.430 jardas, 82 touchdowns e apenas 22 interceptações. Além disso, vale ressaltar que em 2011, seu último ano pelos Cardinal (e o mais observado pelos scouts da NFL), ele foi ainda melhor: 71,3% de aproveitamento nos passes, 3.5117 jardas e 37 TDs.
Como adiantado, não foi uma grande surpresa para ninguém quando os Colts recrutaram Andrew Luck na 1ª posição geral do Draft 2012, graças à uma pífia campanha na temporada anterior (2-14), quando Peyton Manning se lesionou. Diga-se de passagem, na época, Indy optou por “trocar” Manning por Luck em um processo de reformulação – e há quem diga que não fora a melhor decisão a ser tomada. Mas enfim, Peyton foi para Denver e Andrew começou uma nova era em Indianapolis.
O que ele fez até agora na NFL
É difícil encontrar uma sequência de três temporadas iniciais na NFL como a que Andrew Luck teve entre 2012 e 2014! Nesse período, o quarterback foi titular em todas as partidas do time, acumulou 33 vitórias (contra somente 15 derrotas), venceu a AFC Sul duas vezes e esteve nos playoffs nos três anos, totalizando um retrospecto 3-3 nesses jogos. Aliás, em 2013, Luck protagonizou a segunda maior virada da história da pós-temporada do futebol americano profissional, e, um ano mais tarde, já estava numa final de conferência.
Individualmente falando, ele talvez tenha sido ainda mais impressionante: os 54,1% de aproveitamento nos lançamentos, 23 TDs e 18 INTs como calouro em 2012, deram lugar a 60,%, 23 e 9, respectivamente com um ano a mais de experiência, até chegar a 61,7%, 4.761 jardas, 40 (!) touchdowns e 16 interceptações em 2014. Em todos esses anos, Luck foi eleito ao Pro Bowl.
Contudo, as lesões começaram a aparecer na carreira profissional de Andrew Luck. A primeira (e mais relevante) delas foi no ombro, em 2015, quando o camisa #12 apareceu em campo só em sete confrontos – claramente fora da forma ideal, foram apenas duas vitórias nesses jogos. Em 2016, ele voltou. Andrew disputou 15 partidas daquela temporada (o único duelo perdido foi devido à uma concussão) e foi capaz de alcançar boas estatísticas: 63,5% nos passes (melhor marca da carreira), 4.240 jardas (sendo 7,8 jardas por tentativa, outro recorde pessoal), 31 TDs e 13 INTs. Ao todo, ele teve campanha 8-7, ficando fora dos playoffs. Descobriu-se mais tarde que Andrew Luck deveria ser submetido à uma cirurgia no ombro (sim, ele atuou um campeonato inteiro com esse “problema”). Esse procedimento cirúrgico acabou custando toda a temporada 2017 do quarterback.
Andrew Luck é um quarterback de elite, mas…
Chegamos ao tópico mais interessante deste texto: tudo isso que foi dito a respeito das estatísticas e feitos da carreira de Andrew Luck, em conjunto com as circunstâncias que ele esteve submetido no elenco (que será tratado a seguir), coloca-o em um patamar diferenciado da maioria dos quarterbacks da NFL na atualidade. Patamar esse que listamos como elite.
Primeiramente, o que é ser um quarterback de elite?
Joe Flacco, Matthew Stafford, Andy Dalton, Matt Ryan, Cam Newton, Eli Manning… O termo elite já fora questionado para com cada um desses nomes citados anteriormente. Mas repare que existem várias diferenças entre esses seis quarterbacks citados. Por exemplo, Ryan e Newton já foram MVPs de temporada regular, algo que Flacco e Dalton jamais foram cogitados. Em compensação, Flacco e Manning são os dois únicos da lista que já venceram Super Bowl. Ademais, em termos de porcentagem de vitória na carreira, com 60,5%, Luck é o líder. São muitas diferenças para uma mesma categoria de comparação.
“Mas até onde você quer chegar com essas comparações, Caio?” – talvez você esteja se perguntando. Vamos lá: o que é ser um quarterback de elite? Esse é o ponto! O termo “de elite” muitas vezes assombra os QBs e entra nas discussões da National Football League porém nem sempre quem está discutindo tem um padrão/critério ao formular uma resposta. Antes de dizer se Andrew Luck é um quarterback de elite, é preciso concrezitar o que um jogador precisa para estar nesse nível. Veja bem:
– “Ah, são vitórias em temporada regular!” – Andy Dalton venceu 50 jogos em seus primeiros cinco anos na NFL e sua titularidade em Cincinnati já é questionada atualmente.
– “Ah, é preciso conquistar um Super Bowl!” (Esse é o argumento mais sem nexo para essa discussão) – Dan Marino se aposentou sem ter um anel. Além disso, se for assim, Joe Flacco e Eli Manning são de elites indiscutivelmente. Sabemos que não é bem assim.
– “MVP, MVP, MVP!” – Drew Brees (e até mesmo Russell Wilson aqui) nunca receberam o prêmio.
*A resposta certa para o que configura um QB de elite também não é tudo isso dito anteriormente. Afinal, isso já marcaria uma carreira digna de Hall da Fama.
(Conclusão)
Um quarterback de elite é aquele que consegue mesclar da melhor forma possível (sendo nivelado por alto, portanto) e constantemente estatísticas individuais e liderança dentro de campo. Detalhe: esse quesito liderança engloba principalmente a capacidade que o jogador tem de liderar seu time a triunfos, tanto em temporada regular quanto nos playoffs. Assim sendo, não basta ter somente um ano excepcional (assim como um ano ruim não significa muita coisa). O QB de elite precisa dar real competitividade ao time em que está, fazendo esse capaz de vencer qualquer adversário em qualquer estádio, digamos assim. E mais: o “X da questão” para quarterbacks de elite é conseguir fazer todos aqueles que estão em volta dele melhores jogadores. Ou seja, encontrar sucesso e prosperar apesar de ter um elenco limitado.
Ainda existe alguma dúvida quanto a Andrew Luck?
Em quatro temporadas que Andrew Luck atuou pelo Indianapolis Colts (digo, que esteve realmente saudável por lá), o QB liderou a franquia a 41 vitórias e 22 derrotas. Além disso, foram três idas à pós-temporada, com três triunfos, e uma classificação até a final da AFC. E não se esqueça que o elenco dos Colts, em nenhuma dessas campanhas, era muito acima da média, pelo contrário. Em 2012, a defesa era instável, a linha ofensiva cedeu 41 sacks e o jogo corrido do time ficou abaixo das 4 jardas por tentativa.
Em 2013, a defesa até melhorou em termos de pontos cedidos por partida, porém a linha ofensiva continuou com média de 2 sacks permitidos por confronto e nenhum corredor do elenco sequer teve mais de 540 jardas terrestres. Em 2014, a história foi basicamente a mesma (só que com um sistema defensivo inferior). Já em 2016, tanto a linha de bloqueadores quanto a defesa e o jogo corrido pioraram de forma geral. Lembre-se ainda que o sistema ofensivo de Andrew Luck não estava rodeado de ótimos recebedores. Longe disso.
Para 2018…
Desta maneira, considero o ano de 2018 crucial para a carreira de Andrew Luck. Afinal, ele vem de duas temporadas (das últimas três) basicamente perdidas por conta de lesão – lembra quando falei que um QB de elite precisa dar competitividade a sua equipe de forma constante? Na NFL, perder temporada (ou um pouco mais que isso) devido à contusões é algo aceitável na carreira de um quarterback de alto nível. Entretanto, se as lesões começarem a aumentar, algo está errado: isso não condiz com um quarterback de elite.
Quatro anos muito bons, liderando um elenco mediado a triunfos e partidas importantes de pós-temporada, estatísticas recordistas e que muitas vezes corresponderam a desempenhos dignos de MVP. Esse é um raso resumo do que Andrew Luck fez quando esteve em campo até agora na NFL, defendendo o Indianapolis Colts. Como falado, existem dezenas de razões para considerar Luck de elite neste momento, enquanto, em contrapartida, ainda é cedo demais para dizer que ele é um fracasso. Como citado anteriormente, isso não está fora de questão, porém é algo para o futuro. Este ano será de suma importância para a carreira do camisa #12. Ele estará de volta aos gramados e com mais uma chance de mostrar seu verdadeiro valor na liga – mal posso esperar pela temporada 2018 da NFL.
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