NFL

Opinião: Sobre o que eu estava certo (e errado) na temporada 2019 da NFL

Há mais de um ano, escrevi sobre oito coisas que eu — e provavelmente você também — estava errado sobre que aconteceram na NFL. Com base nisso, e em uma temporada 2019 repleta de fatos surpreendentes, decidi repetir o formato do artigo, desta vez abordanto os acontecimento apenas deste campeonato regular.

Tenha em mente que estar certo e errado neste caso precisar abranger algo mais forte que uma simples previsão não relizada do tipo “Ah, acho que este time vai ou não vai aos playoffs.” É preciso haver argumentos fortes por trás disso, de preferência análises, que possam ser apresentados.

Além disso, em uma situação na qual as lesões devastam o planejamento de uma campanha, como o Pittsburgh Steelers, seria injusto falar que algo saiu como esperado ou não. Se um time também foi uma “decepção unânime” ou algo do tipo, também deixei fora. O Dallas Cowboys, por exemplo. Ou, ainda na NFC Leste, é óbvio para quase todos que o Philadelphia Eagles não correspondeu às expectativas dentro de campo.

Abaixo destaquei casos em que em algum texto, post nas redes sociais e/ou podcast, foram defendidos por mim baseados em explicações detalhadas.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. 

Eu estava errado quando defendi…

“Dos times sem Super Bowl, o LA Chargers é o mais próximo de vencer”

Quando? Em diversas ocasiões, aqui uma delas.

Em diversas participações em podcasts, prévias de temporada e artigos produzidos no site, coloquei o Los Angeles Chargers como um dos meus favoritos para a temporada 2019. Mais que isso: o time fazia parte dos meus palpites iniciais de Super Bowl.

Apesar dos vários fracassos recentes, estava convicto que Anthony Lynn, rodeado por um dos elencos mais balanceados do futebol americano (isso ainda não mudou), faria um grande trabalho e competiria na Conferência Americana. 

No anual texto do Shotgun que listo as equipes que nunca conquistaram o Super Bowl de acordo com as chances de cada uma delas de conseguir o título, escrevi as seguintes palavras para falar dos Chargers em 2019, meu nº1 do ranking na época:

“(…) olhando para os Chargers de 2019, estamos falando de um grupo que tem um dos elencos mais equilibrados da liga. Mais que isso, nas posições mais importantes do futebol americano, L.A. tem algumas das melhores peças da NFL. E mais: um sólido Draft 2019 faz o time chegar a esta temporada em tese mais forte do que no ano passado, quando venceu 11 partidas e chegou à segunda rodada dos playoffs.”

Muito longe disso. 

Philip Rivers regrediu, Melvin Gordon, quando jogou, não foi bem, Keenan Allen também não foi o mesmo, a linha ofensiva mostrou pouca resiliência e as lesões devastaram alguns setores limitados do plantel. 

O resultado de tudo isso foi um ano com campanha 5-11, muito longe dos playoffs e com rumores de que um processo de reformulação no elenco começará em breve, o que ameaça diretamente a era Rivers na franquia. 

“O sucesso de Josh Rosen”

Quando? Setembro 2019.

“(…) o mais provável é que ele fracasse, assim como o restante da franquia … Quem ganha indiretamente com isso? As equipes que buscam um quarterback titular para o futuro … Até que seja mostrado o contrário, sob circunstâncias justas, Rosen ainda é um dos QBs mais promissores da liga. E que fica cada vez mais desvalorizado sendo vítima dos piores times da NFL nas duas últimas temporadas.”

Assim descrevi a decisão dos Dolphins de escalar Rosen como titular para o confronto da semana 3. Por um lado, o ex-UCLA se desvalorizou ainda mais e o valor dele é infinitamente menor do que uma alta escolha de Draft paga pelos Cardinals em 2018. Entretanto…

O fato de Rosen não ter conseguido se sustentar como nº1 em Miami, disputando a posição com o veterano Ryan Fitzpatrick (nada contra Fitzpatrick, que fez uma segunda metade de campeonato excelente), mostra que o segundo-anista tem futuro bastante incerto; mais do que eu imaginava, possivelmente.

Por que Rosen não se manteve como titular? Por que ele não voltou à titularidade? Como ele tem sido nos treinamentos? O promissor quarterback conseguirá se adaptar à dinâmica da NFL? 

Uma coisa é não render o seu máximo por estar rodeado por adversidades em temporadas consecutivas. Outra é nem sequer se colocar em posição para isso. 

Eu pensava que Rosen estaria no primeiro caso. Depois de 2019, não tem como descartar a segunda opção. 

“O sucesso dos Jets” 

Quando? Julho 2019, na prévia da AFC Leste pelo podcast do QB da Massa.

Em várias ocasiões — a mais detalhada delas na edição #34 do podcast –demonstrei boas expectativas para com a campanha do New York Jets. Minha expectativa era que o time fosse algo parecido com o que foram os Bills e Titans em 2019. 

A chegada de um head coach ofensivo, um promissor quarterback no segundo ano profissional, talentoso grupo de recebedores e interessantes contratações na offseason, que incluíram possivelmente os melhores free agents de ataque e defesa disponíveis.

Todavia, Gase protagonizou talvez o pior trabalho da carreira, o que também contribuiu para Sam Darnold e Le’Veon Bell, as duas grandes esperanças de New York, produzissem abaixo do potencial. Combinando isso às naturais lesões ao longo do campeonato, os Jets se mostraram um time muito abaixo dos adversários de playoffs.

New York teve apenas uma vitória nos primeiros oito confrontos e, apesar da campanha 6-2 na segunda metade do calendário, a competição novaiorquina foi uma das mais fracas da liga. A por mim esperada arrancada dos Jets ficou distante de acontecer desde o primeiro mês do campeonato regular.

Eu estava certo quando defendi…

“49ers é um time de playoffs

Quando? Pós-Draft 2019. 

Semanas após o Draft 2019 da NFL, abri o Twitter do Shotgun para perguntas dos leitores, e uma delas foi: “Os 49ers podem ser considerado um time para playoffs?” 

Minha resposta: “Sim … Considerando que Garoppolo se recupere bem e que o San Francisco 49ers foi talvez o time que melhor reforçou o pass rush nesta offseason, pode-se dizer que a franquia tem soluções para as duas funções mais importantes do futebol americano na atualidade … a linha ofensiva tende a melhorar com um ano a mais de experiência. O grupo de corredores, idem, já que Jerick McKinnon estará recuperado e Tevin Coleman foi contratado Como a secundária responderá após um ano de 2018 instável? E como as apostas entre os linebackers aparecerão? O grupo de wide receivers atual é suficiente?  San Francisco talvez tenha encontrado os reforços pontuais que faltavam para incluir o time de fato nas conversas das equipes realmente competitivas na Conferência Nacional.

Curiosamente, os pontos questionados no terceiro parágrafo foram justamente aqueles que produziram três ícones desta ótima campanha dos 49ers: Richard Sherman protagonizou a melhor temporada da carreira desde 2016, Fred Warner merece estar nas conversas para All-Pro e Emmanuel Sanders surgiu como o wide receiver mais confiável do elenco após ser adquirido durante o campeonato.

P. S. Preciso ressaltar que, apesar da análise ser sensata e casar com a realidade da equipe, em agosto meus palpites de equipes nos playoffs da NFC não incluíam San Francisco. 

“A competitividade dos Ravens”

Quando? Outubro 2019, após a semana 6 da temporada.

Se eu disesse que imaginei o Baltimore Ravens sendo o melhor time da temporada regular 2019 da NFL, seria uma grande mentira. Contudo, antes do confronto mais marcante dos Ravens no ano — e que atraiu a atenção de todos para este time — contra os Patriots, alertei que Baltimore tinha um grupo perigoso, com um quarterback “assustador” e capaz de derrotar a então invicta equipe de New England (no podcast, ouça entre 42:00 e 45:30). 

Dito e feito. 

Os Ravens venceram os Patriots com autoridade, embalaram uma sequência brilhante no campeonato e encantaram os fãs da bola oval no caminho até terminarem com folga no topo da Conferência Americana. 

“As dificuldades de Foles em Jacksonville

Quando? Maio de 2019.

Quando os Jaguars deram um contrato de quase US$ 90 milhões a Nick Foles, a expectativa era que o quarterback chegasse à Florida e resolvesse o problema da equipe under center. Todavia, o sucesso de Foles nos Eagles — que seduziu os Jaguars — teve auxílio de diversos fatores, os quais Jacksonville não apresentou antes, tampouco depois, da chegada de Foles. Um curto trecho do texto que escrevi a respeito da contratação:

“ (…) Jacksonville precisa ter em mente o porquê do sucesso recente de Foles com os Eagles … O quarterback não é um daqueles que chega, eleva o nível de todos que estão ao seu redor, e não precisa de um jogo corrido/grupo de recebedor/defesa de elite para isso … comparei tais valores às estatísticas de Jacksonville nos mesmos quesitos. E tal comparação deixou algo claro: a equipe tem muito trabalho pela frente, ou deve correr um grande risco de investir milhões de dólares em vão mais uma vez.”

De fato, a lesão de Foles na semana 1, que o deixou fora por dois meses, interferiu no decepcionante ano do camisa #7. Porém, ele não empolgou em nenhuma das duas partidas que começou após recuperado (semanas 11 e 12), tampouco no primeiro tempo da semana 13 contra os Buccaneers, quando Foles foi substituído por Gardner Minshew após estar perdendo por 25-0. 

Nas quatro partidas que começou em 2019, Foles terminou 0-4.

“O ano decepcionante dos Browns”

Quando? Setembro 2019, pré-temporada.

Na edição #39 do podcast do QB da Massa, falamos sobre o Cleveland Browns e a hype diante da nova era do time, e durante o comentário disse que não acreditava no meteórico sucesso da equipe. Por quê? Pois as coisas na NFL não são tão fáceis assim (ouça o comentário a partir de 17:00 minutos na edição).

Além disso, como observado na época, os Browns tinham incertezas nas sidelines e as excelentes contratações feitas pela franquia foram para povoar setores já talentosos, deixando partes do elenco mais limitadas ainda mais escancaradas. Sem falar na (não) evolução de Baker Mayfield.

Na época, apostei que Cleveland terminaria o ano com menos de 10 vitórias e fora dos playoffs. Enquanto eu não imaginava uma campanha com seis triunfos apenas, em geral, a previsão foi apurada. 

“Packers acima dos Bears na NFC Norte”

Quando? Durante a pré-temporada 2019, em agosto

Pelas contratações durante a free agency e agressividade no Draft 2019, essencialmente reforçando o sistema defensivo do elenco liderado por Aaron Rodgers, o atual Green Bay Packers levantava boas expectativas em minhas prévias. Expectativas essas que superavam o então campeão de divisão Chicago Bears, que carregava at;e aspirações de Super Bowl para a temporada 2019.

Contudo, na edição #37 do podcast com o QB da Massa, quando abordamos cada time da NFC Norte e inclusive citei uma aposta feita com um amigo sobre o grupo, destaquei que acreditava em Green Bay terminando à frente de Chicago neste campeonato. 

Não apenas pelas colocações em si, mas o respaldo da campanha de cada uma das franquias carregou uma enorme discrepância.

Depois de 17 semanas percorridas, os Packers terminaram no topo do grupo — e com uma das duas melhores campanhas da NFC — ostentando 13 vitórias e três derrotas, enquanto os Bears amargaram um 8-8 ficando fora da pós-temporada.

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