Os fãs e analistas do futebol americano já definiram qual será o próximo bom time da NFL, o qual é visto como o mais promissor da atualidade. Essa franquia tem possivelmente o melhor dos jovens quarterbacks hoje em dia, uma combinação perfeita na posição de running back, uma linha ofensiva com dois All-Pros… Enfim, peças que, combinadas aos reforços pontuais que a franquia adquiriu na última offseason, fazem deste elenco, de fato, um dos mais interessantes do momento. Sim, o Tennessee Titans aparentemente está no caminho certo para se tornar um grupo realmente competitivo. Todavia, é preciso ter calma ao afirmar até onde este time irá chegar neste ano. Tudo está encaixado, porém no papel. É preciso reconhecer que existe espaço para decepção neste Tennessee Titans. Espaço esse que, se aumentado, não deve ser confundido por aqueles (muitos) que estão empolgados com o time.
Antes de seguir adiante, vale ressaltar que o motivo deste texto, certamente não é a derrota dos Titans para os Raiders por 23-16 na abertura da temporada. Até porque Tennessee fez um jogo acima da média, porém ele foi válido apenas pelas semana 1, e ainda contra um dos principais times da Conferência Americana no momento. Em hipótese alguma os rumos da temporada do Tennessee Titans podem ser analisados tendo em mente apenas o confronto contra Oakland.
Em tese, os Titans estão perfeitamente bons
Antes de qualquer conclusão, é preciso pontuar porquê todos estão tão empolgados com este Tennessee Titans. O processo de construção de um sólido elenco por lá é mesmo cativante. Ele começou exatamente em 2014, quando os Titans recrutaram Taylor Lewan na primeira rodada do Draft daquele ano. Naquele momento, a linha ofensiva do time era o setor mais forte do elenco, fato que forçava a diretoria a buscar um quarterback realmente competitivo – e isso aconteceu um ano depois. Em 2015, Marcus Mariota foi escolhido por Tennessee na 2ª escolha geral do Draft. Bastou apenas uma temporada para os Titans perceberem que podiam almejar grandes conquistas sob o comando de Mariota (em seus dois primeiros anos na liga, teve uma proporção TD-INT de 45-19).
O próximo passo foi reforçar ainda mais a linha ofensiva, desta vez com o melhor offensive lineman da classe de 2016, Jack Conklin (Michigan State) – Conklin, em apenas um ano colocou seu nome entre os melhores bloqueadores da NFL, tendo sido eleito ao Pro Bowl e All-Pro Team como calouro – e com dois veteranos, Ben Jones (ex-Texans) e Josh Kline (ex-Patriots). Ainda em 2016, o Tennessee Titans fez questão de acrescentar talento puro no seu backfield: a franquia contratou DeMarco Murray, que vinha de um ano ruim em Philadelphia, e recrutou Derrick Henry, vencedor do Heisman Trophy de 2015, na segunda rodada daquele ano.
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Recapitulando: os Titans tinham um prodígio na posição de quarterback, uma dupla de running backs invejável e uma linha ofensiva das melhores da liga. Defensivamente, o elenco de Tennessee nunca foi brilhante, porém a presença de Derrick Morgan, em conjunto com as chegadas de Wesley Woodyard, Brian Orakpo, Sylvester Williams e Avery Williamson criaram um sistema consistente. Olhando por posição, quais foram os dois setores não citados nos parágrafos acima? O grupo de recebedores e a secundária.
Assim sendo, reconhecendo as fragilidades nesses dois setores finais, Tennessee começou a se preparar para esta temporada. Entre os receivers, Rishard Matthews e Eric Decker foram contratados, além dos novatos Corey Davis (5ª escolha geral do Draft) e Taywan Taylor (3ª rodada). Defensivamente, o grupo de defensive backs ganhou muito com as chegadas dos veteranos Ryan Logan e Jonathan Cyprien, dois que vieram de temporadas interessantes em 2016, e do calouro Adoree’ Jackson, prospecto de USC que foi escolhido ainda na primeira rodada.
Este elenco, então, sem os reforços citados no final, venceu nove partidas no ano passado – melhor campanha dos Titans desde 2008. Inevitavelmente, com as recentes contratações, as quais deixam todos os setores da franquia (sem exceção) com pelo menos um nome muito interessante, as expectativas são ainda mais altas para o time em 2017. Todavia, a história da NFL mostra ninguém pode se precipitar e pensar que algo já está garantido; muitas vezes já vimos grandes decepções.
Vários times/jogadores já fracassaram nisso ao longo da história, inclusive recentemente
Ir de um time capaz de vencer nove partidas para um que tenha dez ou mais triunfos em uma campanha, mesmo que numericamente pareça “fácil”, acredite, não é – e para este Tennessee esse espaço entre um retrospecto e outro é justamente o que separa o time do seu atual nível para um ainda maior. Mas não pense que essa transição será tranquila. É possível lembrar de vários fracassos de times em situações bastante parecidas com a dos Titans neste ano, e nem precisamos voltar muitos anos para encontrar isso.
O Jacksonville Jaguars tinha essa mesma expectativa de 2015 para 2016, e hoje nem tem certeza quem será o quarterback no ano que vem. O Buffalo Bills de 2014, time que teve 52 sacks naquele ano, não conseguiu construir um time realmente competitivo nas temporadas seguintes, apesar de várias tentativas. E como não se lembrar deste: você se lembra do Washington Redskins de Robert Griffin III?
Individualmente falando, um exemplo recente é o de Todd Gurley, que como segundo anista em 2016 pouco conseguiu repetir os ótimos jogos de seu ano de calouro – ele tem tudo para retornar à boa forma nesta temporada, aliás. De certa fora, Ryan Tannehill também foi vítima disso até Adam Gase chegar em Miami (oito vitórias, 66,4% de aproveitamento nos passes e 27 touchdowns em 2014, para seis, 61,9% e 24 em 2015, respectivamente). Mais uma vez: basicamente em toda temporada da liga, uma equipe é vista como promissora e talvez na maioria desses casos as expectativas sobre ela não são correspondidas. Esses exemplos citados aqui foram apenas os primeiros que vieram em mente ao relembrar sobre o assunto.
Mas por que isso acontece?
Todos esses casos citados (e vários outros que não foram exemplificados) aconteceram por motivos diferentes. Em alguns deles as lesões de jogadores importantes foram determinantes para isso, o futebol americano tem este problema. Em outras situações, a concorrência, a comissão técnica e/ou atletas no último ano de contrato não ajudaram (considerando que os substitutos não deram conta do recado). Ainda, existe os casos em que simplesmente alguns desses times (ou jogadores especificamente) não eram tão talentosos quanto se pensada; foram produtos de apenas um ano “fora da curva”, por exemplo.
Há também a hipótese que um ano a mais para um quarterback na NFL significa também um ano a mais para as defesas conseguirem estudá-lo. Em outras palavras, ao mesmo tempo que um QB fica mais experiente e se adapta melhor ao jogo, os coordenadores defensivos adversários passam a conhecê-lo melhor, e saber como seu jogo funciona. Isso implica que não basta que um QB que brilhou em um ano mantenha suas atuações da mesma maneira, ele precisa evoluir seu jogo, assim como todo o elenco que está ao seu redor. É preciso criar novos desafios para os oponentes – e esse é o enigma presente nas equipes que almejam subir de patamar.
Portanto, tenha certeza que coordenadores de defesa estão “perdendo noites” para econtrar maneira de parar Marcus Mariota, DeMarco Murray e o ataque do Tennessee Titans como um todo.
Este Titans terá um final feliz?
Gosto muito de comparar este Tennessee Titans ao Oakland Raiders do ano passado. Ambos são times recheados de jovens e promissores jogadores (com alguns veteranos nível Pro Bowl/All-Pro ao lado) à procura de se tornarem realmente competitivos e escreverem seu nome na história das franquias e, quem sabe, do futebol americano profissional. Em outras palavras, passar para um nível mais alto, subir de patamar. Oakland conseguiu isso no ano passado e este ano é visto como um dos favoritos na AFC; chegou a hora de Tennessee. Mas é preciso ter cautela com este time; como visto, várias outras vezes já vimos equipes ou atletas ficando pelo caminho neste processo.
Em tese, talento dos dois lados da bola os Titans têm de sobre – e exatamente isso às vezes é o que causa certo alvoroço sobre o que esperar deste grupo. Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que se Tennessee for uma decepção e não conseguir subir de patamar neste ano, não significa que todo o projeto está acabado. Afinal, é normal no esporte que um elenco jovem, que recebeu vários reforços, demore um pouco para engrenar. Além disso, muitas vezes os tropeços são importantes para a construção de um futuro vitorioso.
No fim das contas, o nível de competitividade do Tennessee Titans dependerá de qual Marcus Mariota veremos – e estou considerando que o camisa #8 é algo certo na NFL. Ele será um “mágico” capaz de deixar o sonho ainda aberto para Tennessee, ou um exímio “protagonista Hollywoodiano”, que precisa sofrer no meio da história, encarar adversidades, para então ter um final feliz?
Até onde este Tennessee Titans pode chegar em 2017? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
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