Opinião e análises

Peyton Manning, Everaldo Marques e a free agency

O primeiro jogo de futebol americano que assisti com mínimo entendimento do esporte foi um Indianapolis Colts e Chicago Bears, em fevereiro de 2007, válido pelo Super Bowl XLI.

Nas imagens da televisão, estava aquele que se tornaria meu jogador favorito e catalisador de meus projetos no jornalismo esportivo, Peyton Manning. E quem me apresentava para o quarterback naquela noite foi quem acabou sendo meu narrador preferido, e ícone da profissão, Everaldo Marques.

“O Everaldo Marques narra o jogo do Peyton Manning essa semana, com o Paulo Antunes comentando?”, era uma pergunta que me fazia recorrentemente, torcendo por um sim como resposta.

Everaldo narrou inúmeros jogos de Manning, formando uma dupla magnífica com o Paulo. O que Manning e Marvin Harrison — a dupla quarterback-wide receiver mais produtiva de todos os tempos — faziam dentro de campo, foi o que Everaldo e Paulo fizeram nas cabines de transmissão dos jogos da NFL. 

Ouvindo e assistindo tudo aquilo fez meus jogos de Madden durante as offseason mais interessantes. Afinal, eu tinha um estilo de narração a seguir enquanto tentava derrotar todos os times — em todos os estádios — com os Colts de Peyton.

Tentava imitar meu narrador e comentarista favorito e dar emoção aos jogos. Diferentemente do que o Everaldo fazia logo após um touchdown dos Colts (ou Denver Broncos), pelo excelente profissional que é, eu acabava gritando um pouco mais quando Manning era o protagonista da jogada.

Obviamente, a entonação, improviso e potencial com a voz não eram os mesmos. Nem ao menos próximos do que Everaldo e Paulo aprensentam. Mas já era alguma coisa que, de brincadeira, acabou tendo enorme importância para o começo de minha carreira. 

O Shotgun existe hoje pelo sonho de me tornar jornalista esportivo, atrelado à paixão pelo futebol americano. E enquanto Manning motivava minha idolatria pelo esporte, Everaldo contava como isso era feito. 

E depois de quase 3.000 textos publicados, centenas de podcasts, cinco anos do site, um TCC sobre as transmissões de futebol americano no Brasil e uma participação na ESPN (infelizmente, sem a presença do “Evê” e do Paulo), deparei-me com a notícia de que o narrador deixará a ESPN. 

O contrato de Everaldo Marques com a emissora terminou e o SporTV, esperto, não pensou duas vezes antes de persuadir o free agent, assim como John Elway sabia o que estava fazendo em 2012, quando contratou Manning, na única vez que o quarterback estava na free agency.

Nomes deste patamar, em suas respectivas profissões, não são vistos “livres por aí” toda hora.

Vindo de uma fantástica carreira em Indianapolis, Manning mostrou, nos Broncos, que ainda podia atuar em alto nível, protagonizando temporadas fabulosas e por pouco não construindo outro período a nível de hall da fama separadamente por lá.

Com Everaldo, algo parecido deve estar por vir. 

Claro, o narrador não precisa provar que ainda é capaz de narrar em altíssimo nível — acabamos de ver que ele continua no auge. Quer dizer, é o que parece, mas o futuro pode dizer o contrário: Manning praticamente estabeleceu todos os seus recordes individuais jogando… em Denver, não em Indianapolis.

Não me lembro de Everaldo dizendo “Peyton Manning, você é ridículo.” Uma pena. Provavelmente pois o camisa #18 já estava aposentado quando o bordão caiu nas graças das transmissões da NFL. 

Peyton Manning e Everaldo Marques para minha carreira são vitais. Imprescindíveis. Substanciais. A ponto até de proporcionarem uma analogia que, para muitos, talvez nem faça tanto sentido. 

A carreira de Manning nos Colts foi brilhante. A carreira de Everaldo na ESPN, também. 

Mas nada é tão bom que não possa melhorar. 

Prestes ao início de uma free agency que pode ser das mais históricas que a NFL já viu, veio a notícia que Everaldo imortaliza um legado. Um ridículo legado!

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