Salvo a primeira escolha geral (que todos já sabiam quem seria o escolhido), o Draft 2017 da NFL começou a “100 km/h”. Logo na segunda posição, o San Francisco 49ers viu o Chicago Bears (que tinha a terceira escolha geral) pagar caro por uma troca de colocações entre as franquias. Os Niners, claro, aceitaram.
Logo de cara, a expectativa era que os Bears selecionassem Jamal Adams, Marshon Lattimore, Malik Hooker talvez, ou quem sabe até mesmo Solomon Thomas e Jonathan Allen. Afinal, esses nomes citados eram os melhores da classe e todos eles ocupariam grandes necessidades em Chicago. Mas não. O time de Illinois surpreendeu (e decepcionou) seus fãs ao chamar Mitchell Trubisky – se você ainda não viu os vídeos das reações dos torcedores de Chicago ao ouvirem o nome de Trubisky, veja, ele ilustra bem o que estou falando agora.
Depois disso, o Draft seguiu, San Francisco terminou como um dos principais times do primeiro dia, Chicago não apareceu mais e a dúvida sobre o que os Bears estavam pensando ao propor aquela troca continuou. Na verdade, ela ainda continua. Porque, como você verá abaixo, existem pelo menos três fortes argumentos que mostram porquê o que o Chicago Bears protagonizou na última quinta-feira não fez sentido algum.
Trubisky vale todo este esforço (lê-se 2ª escolha geral)?
No fim das contas, com troca, o Chicago Bears ficou com a segunda escolha geral, e deu ao San Francisco 49ersa a terceira escolha geral, além de outras três, de 3ª e 4ª rodada deste ano e 3ª rodada de 2018.
Justiça seja feita (apesar de minha preferência por Watson sobre Trubisky), é preciso reconhecer que Mitchell Trubisky é o quarterback mais talentoso da classe. O toque que ele coloca em seus lançamentos, combinado com seu poder de decisão nas jogadas, aparentemente, não é visto em nenhum outro QB deste Draft. Contudo, é necessário lembrar que o ex-North Carolina já demonstrou problemas no trabalho dos pés em diversas formações que não fossem o shotgun. e que ele foi titular por apenas uma temporada completa no college football.
Todos esses são fatores que já foram postos à prova na National Football League anteriormente e o resultado não foi favorável ao time na maioria das vezes. O caso de Trubisky em Chicago é mais um, que já não começou da maneira correta.
A balança necessidade/melhores disponíveis
Como falado no começo do texto, era possível apontar várias grandes necessidades no Chicago Bears entrando no Draft 2017. A posição de quarterback, diga-se de passagem, era uma delas (mesmo após algumas aquisições na offseason). Todavia, deve ser ressaltado que a secundária dos Bears é uma das mais frágeis da NFL; o pass rush do time, apesar de significativa melhora no ano passado, claramente ainda precisa de um grande nome; e o grupo de linebackers é raso.
Paralelamente a isso, Chicago tinha pela frente uma das melhores classes de defensive back dos últimos anos, a qual apresentava pelo menos uns três nomes mais talentosos/seguros do que Trubisky. Ademais, parecia uma ótima ideia para os Bears acrescentarem Solomon Thomas e quem sabe até Jonathan Allen para a linha defensiva da equipe. Em termos de capacidade, pelo menos na teoria, ambos deixam Trubisky para trás.
Em outras palavras, o Chicago Bears poderia ter escolhido o melhor cornerback, o melhor safety ou talvez o melhor defensive lineman da classe. Ao invés disso, fez enormes esforços por alguém que ainda não estamos convencidos de ser o melhor quarterback do ano – e de uma classe incerta para a posição.
Mike Glennon
Se o Chicago Bears estivesse completamente sem quarterback para a próxima temporada, o fato da equipe ter feito a troca pela segunda escolha geral talvez fosse menos absurdo. Contudo, a diretoria da equipe tinha criado outro cenário para esta posição durante a offseason. Lembre-se que há pouco mais de um mês, os Bears assinaram um contrato de três anos valendo US$ 45 milhões com Mike Glennon, sendo mais de US$ 18 mi garantidos.
Você não assina um contrato de vários anos de duração com valor total acima dos 40 milhões de dólares com alguém que não será seu titular. Este alto valor pago a Glennon, o qual não sabe o que ser titular desde 2014, é outra decisão (muito) questionável dos executivos do Chicago Bears, aliás.
Além disso, o argumento de que Chicago planeja fazer algo como os Packers fizeram com Favre-Rodgers não funciona porque Mike Glennon não é um exímio “professor” na posição de quarterback. Ainda, as incertezas sobre o ex-Bucs e a presença de Trubisky no banco (tendo sido draftado da forma como foi) podem aumentar ainda mais o caos de QBs dos Bears. Imagine que Glennon não jogue bem na primeira metade da temporada. Naturalmente, é esperado que os fãs de Chicago comecem a pedir “Trubisky, Trubisky, Trubisky!”. Por que não temer que tudo isso venha a jogar fora o investimento dos Bears em Glennon e ainda queime o quarterback calouro por ter sido colocado em campo precocemente?
Se ela existe, a opção para os Bears agora é a seguinte: pagar US$ 15 milhões a um backup ou sentar um quarterback que você abriu mão de uma terceira escolha geral e mais três escolhas por ele. Qual delas faz menos sentido?
San Francisco 49ers
Por fim, é preciso lembrar que havia uma grande chance do Chicago Bears ter Mitchell Trubisky disponível na terceira escolha geral. Próximo do Draft, o San Francisco 49ers declarou que talvez tivesse interesse em selecionar um quarterback, mas seria auspicioso demais o legado de John Lynch em San Francisco começar com uma grande aposta na posição de QB sendo que o nome de Solomon Thomas estava bem ali. Não?
Agora nos resta esperar e ver como Mitchell Trubisky escreverá sua carreira na NFL. Ele pode vir a ser um dos melhores quarterbacks de sua geração, o que responderia firmemente tudo que os analistas têm falado atualmente. Se isso realmente acontecer, depois de tudo que foi dito, por que não acrescentar mais um tópico nas brilhantes maneiras de se tornar um quarterback na NFL?
O que você acha sobre a troca entre Bears e 49ers no Draft 2017? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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