A posição de wide receiver não estava entre as mais badalas do Draft 2018 por acaso: além do fato que o grupo de prospectos da função neste ano não era brilhante, o principal motivo é que os últimos wide receivers recrutados com altas expectativas (chamados em primeira ou segunda rodada) vêm tendo problemas para quebrar o status de “grande promessa” e se tornarem sólidos titulares. Por exemplo, Calvin Ridley era o único nome em tese especial da classe e, mesmo que D. J. Moore também tenha sido chamado na primeira rodada (à frente de Ridley, inclusive), isso só aconteceu na 24ª escolha geral – essa foi a vez que um WR foi recrutado mais baixo desde 2008 (Donnie Avery, 33ª).
Como citado, o leque restrito de ótimas posições para as primeiras rodadas do draft certamente impactou na desvalorização dos wide receivers, contudo, tenha em mente que depois de anos decepcionantes de ótimos prospectos na posição, as franquias começaram a pensar duas vezes antes de arriscarem uma boa escolha em um WR. Diga-se de passagem, isso é o contrário do que acontece com a posição de cornerback e offsensive linemen em geral, por exemplo, as quais têm se destacado nesse sentido.
Mas é justamente sobre a baixa em geral na posição de wide receiver nos últimos anos que precisamos falar: essa possivelmente é a posição mais pressionada da NFL na temporada 2018, visto que alguns prospectos muito promissores que chegaram à liga num passado recente podem começar a serem considerados “free agents interessantes e situacionais” num futuro próximo, como aconteceu com a classe de 2012 e 2013, por ora. Em outras palavras, pelo menos para uma das classes de WR mais especiais dos últimos anos, 2018 deverá ser determinante em termos de permanência no elenco ou ida à free agency.
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Desde 2015, os prospectos na posição de WR vêm decepcionando
Entre 2015 e 2017, a NFL viu 22 nomes de wide receivers sendo chamados em primeira ou segunda rodada do draft. Curioso é que seis desses nomes ainda não sabem o que é receber um touchdown durante temporada regular. Segue a lista:
2015 – Amari Cooper (4ª escolha geral), Kevin White (7ª), DeVante Parker (14ª), Nelson Agholor (20ª), Brashad Perriman (26ª), Philip Dorsett (29ª), Devin Smith (37ª), Dorial Green-Beckham (40ª) e Devin Funchess (41ª).
2016 – Corey Coleman (15ª), Will Fuller (21ª), Josh Doctson (22ª), Laquon Treadwell (23ª), Sterling Shepard (40ª), Michael Thomas (47ª) e Tyler Boyd (55ª).
2017 – Corey Davis (5ª), Mike Williams (7ª), John Ross (9ª), Zay Jones (37ª), Curtis Samuel (40ª) e Juju Smith-Schuster (62ª).
2015
Analisando essas três classes de um modo geral, não é um absurdo dizer que pelo menos metade desses nomes não estarão em seus atuais clubes em um intervalo de até três temporadas. De 2015, Amari Cooper, mesmo sem ter jogado tão bem no ano passado, é o único que conseguiu chegar ao patamar esperado. Lembro-me como se fosse ontem os debates comparando Cooper e Kevin White; entre todos os nomes daquele ano, White talvez seja o mais decepcionante.
Parker em Miami ainda oscila bastante e terá um ano importante em 2018 pois será, em tese, o nome mais talentoso do grupo de recebedores da equipe; Agholor e Funchess vinham muito mal, porém, enfim apareceram no ano passado; e Perriman estará junto a White na próxima offseason na lista dos free agents. Impressionante como três temporadas já se passaram e Ravens e Panthers ainda continuam em busca de um ótimo wide receiver para Flacco e Newton. Dorsett já até foi trocado pelos Colts; Smith tem média inferior a quatro (!) recepções por ano na carreira; e Green-Beckham foi cortado nesta offseason.
2016
A classe de 2016 em termos de wide receivers é a melhor desse período analisado, porém tenha em mente que isso acontece em grande parte porque dois dos nomes recrutados na segunda rodada estão bem: Shepard em New York e especialmente Thomas em New Orleans têm dado conta do recado. No mais, Coleman tem avaliação complicada aqui visto o momento ruim dos Browns na posição de QB; Fuller passa pela mesma coisa, mas deve melhorar com a volta de Deshaun Watson; Docston e principalmente Treadwell são as duas grandes decepções, já que sofreram com lesões e, quando em campo, poderiam ter rendido mais. Por fim, Boyd ainda está discreto em Cintinnati.
2017
Certamente, ainda é muito cedo para avaliar e concluir algo sobre a classe de wide receivers de 2017, entretanto, sabendo do passado da posição, é preciso estar atento a alguns fatos. Por exemplo, os três primeiros nomes recrutados do ano passado – Corey Davis, Mike Williams e John Ross – não marcaram nenhum TD durante a temporada regular. Ao todo, quatro dos seis nomes em questão passaram “zerados” em 2017.
Individualmente, Davis precisa ficar atento para não se tornar o “Josh Docston de Tennessee”, Williams não pode mais sofrer com lesões, e Ross não está nem entre os três principais WRs dos Bengals neste momento. Além deles, Jones espera que o ataque dos Bills volte a ser sólido e a escolha de Moore pelos Panthers neste ano mostra o quanto a equipe acredita em Samuel como WR principal. A verdade é que o único wide receiver que realmente brilhou como calouro na temporada passada foi Smith-Schuster e, caso você não tenha reparado, ele foi o último recrutado entre todos esses citados.
A última ótima classe de wide receivers foi em 2014
Com tudo isso em mente, você, leitor, pode estar se perguntando qual foi, então, a última classe realmente sólida de wide receiver nas primeiras rodadas da NFL; isso aconteceu em 2014. Naquele ano, nomes como Mike Evans, Odell Beckham Jr. e Jarvis Landry foram chamados e acabaram sendo os que melhor corresponderam às expectativas. Ou seja, estamos falando de três dos dez melhores WRs da atualidade possivelmente (ou até melhor que isso). Mas saiba que, além deles, nomes como Sammy Watkins, Brandin Cooks, Kelvin Benjamin, Devante Adams e Allen Robinson também foram chamados nas 64 primeiras escolhas daquela classe.
O futuro dessas classes, definitivamente, está em xeque
Um fato é alarmante para as três últimas classes de wide receivers, em especial para a de 2015 (pelo tempo que já se passou desde então): somando as classes de 2012 e 2013, temos 15 WRs selecionados em primeira ou segunda rodadas; desses nomes, cinco estão à procura de um novo time neste momento (e olha que Blackmon, o qual não atua desde 2013, nem está na lista) e somente seis têm 15/+ touchdowns recebidos desde que chegaram à NFL. Em outras palavras, a maioria desses nomes foi de um prospecto promissor para um mero coadjuvante (ou nem isso em alguns casos). A verdade é que a produção dentro de campo da maior parcela desses jogadores esteve longe de ser a esperada/ideal.
Falando em produção, a média de recepções, jardas e touchdowns por temporada, respectivamente, dos wide receivers de 2015 foi de aproximadamente 29-396-2, de 2016 foi 41,5-513-3 e, por fim, 2017 aparece após uma temporada profissional com 22,5-303-1,5. É muito pouco!
A enorme necessidade de algumas franquias para a função de WR nº1/2, a produção desses jogadores dentro de campo, a perda de dinheiro por parte das franquias através dos contratos assinados e a quebra quase que anual de um planejamento ofensivo ideal para o respectivo quarterback de cada time. Juntando tudo isso, não é um exagero afirmar: a posição de wide receiver, em termos dos jovens jogadores, não vive os melhores dias no que tange a confiança e investimento das franquias para com eles dentro e fora de campo – e elas não estão erradas. Como visto, WRs recrutados em altas escolhas de Draft não têm sido garantia de nada; muito pelo contrário.
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