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Por que Kaepernick voltará à NFL em breve

Uma franquia da NFL recentemente ligou para Pete Carroll, head coach do Seattle Seahawks, o último time a receber Colin Kaepernick para atividades em 2017, perguntando sobre e mostrando interesse no quarterback. O treinador do Los Angeles Charges Anthony Lynn declarou que sua lista de nomes a serem avaliados presencialmente em 2020 conta com Kaepernick. E a nova proprietária do Detroit Lions, Sheila Ford Hamp, disse que, se o o treinador e general manager de seu time quiserem, ela está aberta a contratar o signal-caller.

Ao lado de outras apurações, os fatos acima apontam para uma coisa: Kaepernick tem gerado real interesse entre os times da NFL. Interesse esse que, pelas últimas notícias, parece ser mais do que uma “estratégia de relações públicas” das equipes.

É possível que Kaepernick retorne ao futebol americano profissional em breve. E aqui estão três motivos por trás disso.

Ele não deveria ter saído

Kaepernick não tem mais nível técnico para ser titular na NFL. E além das limitações do quarterback, todas as equipes da liga parecem esperançosas (e momentaneamente resolvidas) com a atual situação under center.

Todavia, tal conjuntura não é extrema ao ponto de Kaepernick não ser capaz de contribuir como reserva imediato — ou terceiro quarterback dos elencos que contam com a opção.

Mas por que isso não acontece? Essa resposta requer uma breve passagem desde a última temporada jogada por Kaepernick até casos recentes nos quais ele evidentemente poderia impactar de forma positiva.

Na pré-temporada da campanha de 2016, vindo de três cirurgias na offseason, Kaepernick protestou durante o hino nacional dos Estados Unidos pela primeira vez, inicialmente permanecendo sentado e depois ajoelhado durante o hino. Ele mirava a brutalidade policial e questões raciais ao redor dos EUA e, enquanto outros jogadores abraçaram a causa e despertaram uma série de protestos da mesma natureza, os proprietários das franquias junto com outras pessoas fora das quatro linhas não gostaram dos atos e os consideravam uma distração. Essa distração incomodou a ponto de manter Kaepernick fora da liga desde que ele se tornou free agent em março de 2017.

Verdade seja dita, dentro de campo Kaepernick não foi bem em 2016. Uma vitórias em 10 jogos como titular, menos de 60% de aproveitamento nos passes, 16 touchdowns… O brilho daquele quarterback que chegou ao Super Bowl quatro temporadas antes, estava distante. Depois de disputar duas finais da NFC seguidas nas temporadas de 2012 e 2013, os 49ers terminaram 2016 com campanha 2-14, seu pior aproveitamento desde 2004.

Um processo de reconstrução do elenco começou na offseason de 2017, e ele foi encabeçado pela contratação de um novo head coach – Kyle Shanahan, cujo sistema ofensivo, segundo ele, não se encaixava com Kaepernick. 

San Francisco planejava dispensar Kaepernick, que aceitou encerrar seu contrato diante da free agency. Não dá para dizer que os 49ers estavam errados por não continuar com o jogador. Errado foi nenhuma equipe ter oferecido para o quarterback retornar à liga desde então.

“Caio, mas ele jogou mal nas últimas temporadas que fez, por que os times o contratariam?” 

Kaepernick fez 21 partidas (19 como titular) em 2015 e 2016, seus dois últimos anos, e obteve as seguintes médias por 16 jogos disputados: 59,1% dos passes completados, 2.931 jardas aéreas, 17 touchdowns e sete interceptações — um rating de 85,5. Ele também contribuiu com 552 jardas corridas e dois TDs terrestres na média de uma temporada regular.

O rating de 85 não é impressionante, ainda mais na atual era da NFL com ataques aéreos em alta. Mas ele é, por exemplo, superior ao rating de Mason Rudolph (82) e Devlin Hodges (71.4), ambos quarterbacks do Pittsburgh Steelers e que foram titulares em 2019 após a lesão de Ben Roethlisberger. É superior também ao rating dos dois backups que o Detroit Lions precisou no ano passado, Jeff Driskel e David Blough. E detalhe: Driskel e Blough tiveram campanha 0-8 como titulares.

Ademais, correndo com a bola, Kaepernick parece um running back quando comparado a Rudolph, Hodges, Driskel e Blough.

Steelers e Lions no ano passado foram times que pareciam fazer sentido uma busca por alguém como Kaepernick. Afinal, são equipes visando Super Bowl a curto prazo, que precisam de um QB reserva capaz de “não cometer erros grotescos” e deixar um grupo competitivo em posição de vencer partidas na ausência do titular veterano. 

Em 2018, será que Kaepernick não teria feito mais pelo Green Bay Packers do que Brett Hundley? Uma temporada antes disso, o Seattle Seahawks contratou Austin Davis para ser reserva de Russell Wilson.

Neste ano, entre vários exemplos, os dois primeiros times que vieram em mente foram… Los Angeles Rams e Tennessee Titans.

Os Rams, que tiveram Blake Bortles como interessante backup em 2019, passaram a offseason 2020 até agora contentes com John Wolford de opção imediata caso Jared Goff esteja fora. Enquanto isso, os Titans seguem com Logan Woodside como primeiro substituto de Ryan Tannehill — meses depois de sentirem na pele os benefícios de um veterano capaz no banco de reservas.

Wolford e Woodside, calouro não-draftado em 2018 e escolha de sétima rodada no mesmo ano, respectivamente, ainda não disputaram um snap oficial na NFL. 

O fato de alguns desses times não ter contratado Kaepernick pode estar ligado a outros motivos, como o salary cap em determinados casos, por exemplo. E a questão aqui não é apontar quais franquias deveriam ter dado uma chance a Kaepernick. O ponto é que nenhuma deu, por três temporadas, mesmo sabendo que o quarterback acrescentaria positivamente. E se não fosse uma morte absurda e lamentável, 2020 provavelmente seria a quarta temporada nessa lista.

Os times, enfim, parecem agir contra problemas fora de campo

As franquias da NFL viram que os protestos de Kaepernick em 2016 não eram uma distração. Para tal, lamentavelmente, precisou que algo absurdo como a morte de George Floyd sob custódia policial acontecesse. E os protestos despertados em diversas cidades da América do Norte após o ocorrido ganhou força nas redes sociais por meio dos jogadores e treinadores e, mais tarde, foi endereçado de alguma forma por cada time da NFL. A liga admitiu estar errada por “não ter ouvido” Kaepernick. 

Desta maneira, a primeira forma de reconhecer o erro e começar mudanças em uma situação de desigualdade e injustiça racial que vai além dos campos de futebol americano é dando uma nova chance ao jogador que foi prejudicado por pedir que esse cenário mudasse, e não causasse mortes como a de Floyd, há anos.

É difícil cravar que as 32 franquias da NFL se importam com o desigualdade racial nos EUA da mesma forma, mesmo após os fatos recentes. E é possível que uma ou outra até não tenha mudado de opinião, por incrível que pareça. Contudo, times — no plural — querem mudar. Sabem que precisam. E contratar Kaepernick neste momento pode ajudá-los tanto dentro quanto fora de campo.

O valor do quarterback reserva

É impressionante como as equipes da NFL têm precisado de seus backups. Há elencos com a mordomia de terem under center um nome que está em campo toda semana, porém de um modo geral a função de quarterback reserva está em pauta. 

Como citado anteriormente, Steelers e Lions precisaram de dois backups em 2019. Além disso, o Carolina Panthers jogou com um reserva durante toda a temporada, enquanto o Jacksonville Jaguars passou por algo parecido quando teve que dar chance a Gardner Minshew após lesão de Nick Foles na semana 1.

Entre outros times, New Orleans Saints, Indianapolis Colts, Denver Broncos e Kansas City Chiefs também contaram com participação de quarterback reserva em situações relevantes.

Detalhe: tudo isso só em 2019. Nem é preciso relembrar maiores casos como o Philadelphia Eagles de Foles para ilustrar que priorizar um backup quarterback não é perder dinheiro.

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