Na manhã desta quinta-feira (14), os fãs da NFL foram surpreendidos com a notícia que anunciou a transação entre Los Angeles Rams e Tennessee Titans pela primeira escolha geral do Draft 2016.
Los Angeles tinha a 15ª escolha geral deste ano e, com a troca, tornou-se o time com a posição mais baixa no Draft a negociar pela primeiríssima escolha. Esta também foi a sétima vez que a 1ª opção do Draft foi trocada; a última aconteceu em 2004, quando os Giants foram atrás dos Chargers para adquirir Eli Manning.
Agora, com a negociação completamente efetivada, o Los Angeles Rams terá as escolhas da primeira, quarta e sexta rodada dos Titans em 2016. Por outro lado, a franquia californiana deu a Tennesse sua escolha de primeira rodada este ano, além de duas escolhas de segunda rodada e outra de terceira, todas em 2016. Ademais, foram as escolhas de primeira e terceira rodada também em 2017.
Já fiz um texto falando mais do que tantas escolhas em 2016 e algumas bem interessantes em 2017 significam para os Titans, então agora é a vez de como isto impacta para os Rams.
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De imediato, todos aqueles que acompanham a NFL enlouqueceram com a atitude dos Rams em pagar tanto por uma escolha de Draft tão arriscada, e de fato foi isso que aconteceu. Quase ninguém entendeu o motivo pelo qual Los Angeles fez isso. Para tal, portanto, é necessário voltar no tempo, e entender que a transação feita pelo Los Angeles Rams é resultado de outros fracassos e boas trocas.
A amarga escassez de bons quarterbacks
Para entender ainda mais a troca proposta (e vencida) pelos Rams, temos que lembrar do que o time fez no mercado para adquirir – de alguma maneira – um quarterback. Desde os tempos de Kurt Warner, no começo dos anos 2000, os fãs dos Rams não tem um grande líder – tudo bem que em 2003/2004 o time foi aos playoffs sob o comando de Marc Bulger, mas não tem como defini-lo como um ídolo da franquia por isso.
Então, com temporadas repleta de derrotas, os Rams chegaram ao Draft 2010 com a primeira escolha. Foram então atrás de quem era apontado como “novo salvador” da franquia e o melhor nome da época: Sam Bradford. Sem sucesso. Após a fracassada seleção de Bradford em 2010, a equipe continuou sem um mestre. Com anos fracassados então, planejou nova oportunidade para trazer um quarterback talentoso. A partir daí, pensou ter sanado tal problema novamente quando adquiriu Nick Foles. Mas não, Foles não passou nem perto de ter aquele brilho de 2013, quando ainda jogava nos Eagles.
Então em 2016…
…Los Angeles acredita que este Draft trará o Franchise Quarterback que a equipe tanto espera. Por isso, abriram mão de tanta coisa para garantirem, na teoria, o melhor quarterback da classe. E aqui fica as opções de Carson Wentz (meu favorito) ou Jared Goff.
Contudo, na NFL as coisas não funcionam tão bem assim. O fato de escolher um quarterback na primeira escolha geral não significa que os Rams terão seu longo problema under center resolvido. Nada disso; é uma mera aposta. Nenhum desses dois prospectos em questão mostraram tanto talento assim (como Andrew Luck, por exemplo, demonstrou em 2012), para fazer jus ao que será pago por eles. O que pesa nesta troca, para os Rams, é mesmo que eles arriscaram a pagar demais. Agora Los Angeles terá seu quarterback promissor, mas abrirá mão de recrutar mais nomes de qualidade em outras posições.
Mas por que pagaram tanto?
Muitas pessoas podem ser otimistas quanto à troca, mas a realidade é que o risco é grande e o Los Angeles Rams sabe bem disso por experiências anteriores que envolveram a própria franquia: em 2012, o Washington Redskins “vendeu sua alma” para os Rams – colocando Los Angeles, hoje, em posição de abrirem mão de tantas escolhas pra os Titans – pela segunda escolha geral da época, a qual veio a ser Robert Griffin III. Quatro temporadas depois, vemos o resultado disso: RG III não se encontra mais em Washington, mal sabendo se será titular novamente nos Browns agora, e as escolhas dadas aos Rams resultaram em Michael Brockers, Janoris Jenkins, Alec Ogletree e Greg Robinson, nomes que vêm jogando muito bem, entre outros.
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“Alguém me explica por que os Rams fizeram isso?” Perguntas como essa foram comuns nas redes sociais, com o objetivo de entenderem de todas as formas possíveis as justificativas de Los Angeles em tomar uma atitude tão arrisca assim. Será justamente partindo da troca feita com os Redskins (citada no parágrafo anterior) que se encontra uma resposta para isso.
Se eu fosse GM dos Rams, de último caso, só teria feito uma troca dessas se ela fosse parte de um processo definido anteriormente, após resultados de outras trocas também. Los Angeles (na época ainda St. Louis), ganhou – literalmente – a troca com Washington em 2012 de presente. Receberam bons nomes nela e, principalmente, viram esses jovens jogadores dar certo. Por isso, tendo assistido aos jogos dos Rams, é perceptível que o ataque segue apático, sem acompanhar o ritmo a defesa do time. E quando digo ataque aqui, refiro-me especialmente ao quarterback, uma vez que Todd Gurley se mostrou um grande talento e o corpo de recebedores tem suas qualidades.
Ou seja, recapitulando: os Rams tiveram Bradford, montaram um bom elenco para ele (principalmente com as escolhas vindas dos Redskins) e não deu certo. Mais tarde, colocaram Foles no comando, e nada foi feito novamente. Agora a franquia vai atrás de um quarterback, acreditando que é aquilo que falta para o time se encaixar de vez.
Os Rams não fizeram essa troca desta maneira porque “são os Redskins de 2012”; fizeram ela justamente pois os Redskins de 2012 deixaram-os em posição de fazer isso. Em outras palavras, as escolhas “extras” ganhadas há quatro anos foram “investidas” agora, em busca de encontrar um único e exclusivo talento.
Por Caio Miari
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