Não necessariamente nas mesmas proporções, mas wide receiver, junto à posição de running back, perderam valor no Draft da NFL nas últimas temporadas.
Claro, quando um talento geracional aparece, o passado, a posição, a rodada, tudo isso fica em segundo plano. E temos Saquon Barkley como exemplo disso. No caso de wide receivers, contudo, é difícil achar alguém como Barkley recentemente, e talvez tenhamos que voltar cinco, ou oito anos, para encontrá-lo.
O ponto em questão é que as franquias da liga têm optado por buscar corredores e recebedores em rounds tardios.
O período entre 2007 e 2009, por exemplo, teve 12 wide receivers chamados em primeira rodada mesmo com a classe de 2008 não tendo nenhum nome nesta lista. Donnie Avery (33ª escolha geral pelo St. Louis Rams) foi o primeiro WR selecionado naquele ano, diga-se de passagem.
No intervalo 2010-2013, foram 13 desses WRs.
Até que entre 2014 e 2016, a NFL viu uma sequência recorde entrar em cena: 15 wide receivers forma chamados em primeira rodada nesse período, a maior marca em um intervalo de três anos da história. Mais que isso, 2015 incluiu seis WRs no primeiro round.
Contudo, de 2017 pra cá, esse número total caiu para sete wide receivers, o mais baixo desde a década de 1970.
Mas por que tamanha queda?
Em geral, pois aqueles que foram chamados cedo, não justificaram o investimento. Por outro lado, os que saíram depois do primeiro dia do recrutamento acabaram superando as expectativas.
Adicionalmente, passou a ser mais vantajoso apostar em encaixes baratos para o elenco, do que arriscar em talento individual mais cedo.
Falamos do período 2014-2016. Entre os 15 WRs de primeiro round chamados, inclui-se nomes como Mike Evans, Odell Beckham Jr., Brandin Cooks (todos de 2014) e Amari Cooper.
Entretanto, Kelvin Benjamin, Sammy Watkins, Kevin White, Breshad Perriman, Nelson Agholor, Phillip Dorsett, DeVante Parker, Laquon Treadwell, Josh Doctson e Corey Coleman também fazem parte do grupo. E nenhum deles, nem mesmo os que vêm de temporadas interessantes recentemente, justificou o investimento de uma escolha de primeira rodada — E nem vai, visto que muitos já até trocaram de franquia.
Em contrapartida, veja alguns prospectos recrutados posteriormente:
2014 — Jarvis Landry (2ª rodada), Devante Adams (2ª), Allen Robinson (2ª), Jordan Matthews (2ª), Paul Richardson (2ª), John Brown (3ª)m Martavis Bryant (4ª), Donte Moncrief (3ª).
2015 — Tyler Lockett (3ª rodada), Jamison Crowder (4ª), Stefon Diggs (5ª), JJ Nelson (5ª).
2016 — Michael Thomas (2ª rodada), Tyler Boyd (2ª), Tyreek Hill (5ª).
Todos esses nome foram chamados abaixo da primeira rodada e totalizam pelo menos 10 touchdowns recebidos na carreira até agora. Entre os atletas de primeira rodada, só oito entrariam aqui.
Isso para não falar alguns recebedores que não foram draftados nesse período: Tyrell Williams, Adam Humphries e Robby Anderson.
O ponto aqui não é afirmar que todos os nomes acima deveriam ter sido escolhas de primeiro round. Embora isso seja óbvio em alguns casos. Tampouco qual jogador é melhor.
Mas o contexto aponta para vários jogadores que ganharam valor em rodadas tardias, em contraste aqueles que fracassaram para corresponder à altas expectativas até agora.
A falta de talento puro entre prospectos chegando à NFL faz com que as equipes busquem wide receivers propícios para determinado esquema ofensivo, o que, ao lado dos falhos investimentos recentes, implica que a posição perca valor.
A importância de 2019 para os wide receivers de 2016
Uma das classes que representa bem isso é a de 2016.
Precedida por uma instável primeira rodada em 2015, da qual somente dois dos seis recebedores continuam nas franquias que os recrutaram, a leva de wide receivers de primeiro round em 2016 pode ter uma narrativa semelhante.
15ª escolha no Draft 2016 pelo Cleveland Browns, Coleman foi o primeiro chamado do grupo. Em duas temporadas nos Browns, o ex-Baylor totalizou 56 recepções e cinco touchdowns antes de ser trocado para o Buffalo Bills por uma pick de sétima rodada.
Coleman acabou dispensado pelos Bills depois de um mês, assinou um contrato que durou uma semana com o New England Patriots, antes de ir para o New York Giants, onde recebeu cinco passes em oito partidas ano passado.
Doctson, 22ª escolha geral, não teve o quinto ano opcional exercido pelo Washington Redskins e provavelmente se tornará free agent na próxima offseason.
Portanto, ele entra em 2019 buscando provar que pode render mais que 33,3 jardas recebidas por partida em média, e oito touchdowns em três anos profissionais — ele teve mais drops (3) do que TDs (2) na temporada passada.
A situação de Treadwell, 23º escolhido na classe pelo Minnesota Vikings, é parecida. Ele também deverá se tornar free agent para 2020. A diferença, no entanto, é que o ex-Ole Miss obteve um touchdown (e seis drops) na carreira até agora.
Ou seja, três dos quatro wide receivers selecionados na primeira rodada do Draft 2016 têm em 2019 talvez a última oportunidade de fazerem valer a pena tal investimento, ou parte dele.
A única exceção neste caso é Fuller, que foi selecionado na 21ª escolha geral da classe e, por mais que não tenha uma produção exuberante, é o nome de maior sucesso do quarteto. A importância e encaixe do ex-prospecto de Notre Dame pesou diretamente no fato de o Houston Texans ter optado pelo quinto ano do contrato de calouro do camisa #15. Fuller é um completamento interessante para um ataque que já conta com DeAndre Hopkins.
Outros nomes da classe também chamam atenção.
Alvo preferido de Drew Brees, Thomas se destaca por razões óbvias. O wide receiver deve receber um novo contrato em breve — E não fique surpreso se ele se tornar o WR mais bem pago da liga. (*Atualização: no dia 31 de julho, Thomas assinou novo contrato com os Saints (cinco anos, US$ 100 milhões), tornando-se o WR mais bem pago da história da NFL.)
Assim como Hill. O wide receiver do Kansas City Chiefs, que não recebeu suspensão após a investigação da NFL, também tem o último ano do vínculo de calouro em 2019.
Enquanto Thomas e Hill estão entre os melhores WRs da liga e o rendimento deles em campo não é uma questão, Coleman, Doctson e Treadwell ainda precisam se provar.
Um “modelo” interessante a eles pode ser Tyler Boyd, que ganhou novo contrato do Cincinnati Bengals nesta offseason (quatro anos US$ 43 milhões).
Escolha de segunda rodada em 2016, Boyd recebeu essa extensão antecipadamente depois de protagonizar a “temporada da carreira” como WR nº 2 dos Bengals em 2018: 76 recepções, 1.028 jardas e sete touchdowns, em 14 partidas.
O tempo está passando, e grande parte da classe de wide receivers de 2016 enfrenta o fim do contrato de calouro. Não exatamente nas circunstâncias que essa queria estar.
A temporada 2019 pode não ser suficiente para “salvar” essas carreiras, mas ela certamente pode dar um tempo a mais para que tais jogadores consigam alcançar isso.