Sim, Peyton Manning e Dan Marino já se enfrentaram – e não foi somente uma, duas vezes. O primeiro foi um encontro de gerações entre dois dos maiores que a NFL já viu. Para Marino, a reta final da carreira estava próxima. Para Manning, era o começo da corrida.
6 de setembro de 1998 – Foi neste dia em que Peyton Manning fez sua estreia oficial na NFL. E imagine a responsabilidade daquele jovem, o qual acabara de deixar o nível universitário, de ter que estrear profissionalmente contra um dos maiores quarterbacks que o mundo já viu. Manning fez sua primeira partida de temporada regular contra Dan Marino.
Em 1998, 15 anos depois de ter sido recrutado, Dan Marino ainda estava atuando em bom nível. De fato, ele não era exatamente o mesmo dos anos 1980, porém sua produtividade, bem como os lançamentos, eram acima da média. Marino sempre foi acima da média, diga-se de passagem. Naquele ano, seu penúltimo na NFL, o QB do Miami Dolphins totalizou 3.497 jardas e 23 touchdowns. Saiba que 3.400 jardas e 23 TDs tinham representatividade positivamente diferente do que vemos hoje para os quarterbacks.
Desta maneira, não faltaram atrativos para o confronto. Afinal, enquanto de um lado estava Marino (e todos já sabiam que ele não teria muitos anos profissionais pela frente), do outro estava Peyton Manning, a primeira escolha geral daquele ano. Manning era o principal calouro em 1998 após ter alcançado uma ótima carreira com a Universidade de Tennessee.
Chama atenção que o primeiro-anista, ao contrário do que possa parecer atualmente, não foi chamado por uma franquia estável, com destaque na NFL ou algo do tipo. No final da década de 1990, o futebol americano não estava nem entre os esportes mais populares em Indianapolis. A Formula Indy e as modalidades universitárias tinham esse papel para a cidade, diga-se de passagem.
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É preciso abrir um parênteses aqui e falar de draft. Há 21 temporadas, quando Manning foi draftado, ele foi considerado um dos grandes prospectos da história do futebol americano universitário. No entanto, pasmem, havia dúvidas entre Peyton Manning e Ryan Leaf sobre qual deles seria a primeira escolha geral do Draft 1998. Manning era mais talentoso, todavia, pecava na potência dos lançamentos e habilidade atlética. Fisicamente falando, por outro lado, Leaf era impecável. Os Colts optaram por Peyton e acertaram em cheio: o camisa #18 é um hall of famer, enquanto Ryan foi titular apenas 21 partidas na NFL.
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A estreia de Peyton Manning na NFL não foi como os torcedores de Indy esperavam. Manning até obteve 302 jardas e um touchdown, porém três interceptações e quatro sacks sofridos complicaram o embate. Verdade seja dita, muitas jardas lançadas pelo novato foram com o confronto já definido. Por outro lado, Dan Marino não precisou fazer muito para triunfar na ocasião. Ele acabou fazendo o necessário para derrotar um jovem QB: errou pouco. Marino fechou a tarde com 13/24 nos passes, 135 jardas e um touchdown.
Além dos protagonistas de ambos os times, vale ressaltar as atuações de outros jogadores. Marvin Harrison, por exemplo, já estava nos Colts e teve 13 passes em sua direção na partida, tendo anotado um TD. Ainda em Indianapolis, o running back do elenco era Marshall Faulk, atualmente no Hall da Fama, o qual estava em seu último ano com os Colts. Por Miami, o corredor era Karim Abdul-Jabbar. Não, Abdul-Jabbar não tem nada relacionado ao lendário jogador de basquete. O nome do corredor até gerou controvérsia na NFL e acabou sofrendo alteração. Além disso, os Dolphins ainda contavam com Jason Taylor, eleito recentemente para o Hall da Fama. O placar final do jogo foi 24-15 para a franquia da Florida.
Diga-se de passagem, o duelo marcou o primeiro dos quatro encontros entre os Colts de Peyton Manning e os Dolphins de Dan Marino. Tenha em mente que Marino jogou profissionalmente até 1999, contudo, Indianapolis e Miami figuravam na mesma divisão naquela época. Ou seja, enfrentavam-se duas vezes por campeonato.
Ao todo, Dan teve retrospecto 3-1 contra Peyton. E não foi apenas nas vitórias que Marino levou vantagem: o camisa #13, nesses quatro duelos, obteve em média 262 jardas, 2 touchdowns e 0,5 interceptação por jogo. Contra 244, 1,75 e 2, respectivamente, do camisa #18.
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A imagem em destaque, então, representa a tradicional troca de cumprimentos entre os quarterbacks após uma partida de futebol americano. Isso é algo que acontece semanalmente, depois de todos os confrontos.
Vale ressaltar que provavelmente aquilo foi de suma importância em especial para Peyton Manning, o qual tinha Dan Marino como um ídolo e estava no começo da carreira. Para Marino, talvez na época aquele cumprimento possa ter sido apenas “mais um”, se considerarmos que antes disso ele já havia sido titular 229 vezes na carreira. Contudo, com o passar dos anos, a narrativa de certo mudou: aquilo era definitivamente um encontro de gerações. Gerações essas que foram concretizadas alguns anos mais tarde.
Vimos Tom Brady cumprimentando Patrick Mahomes em 2018. E o mesmo aconteceu com Aaron Rodgers e Josh Rosen, Brady e Josh Allen, Philip Rivers e Lamar Jackson… Uma nova foto “Manning e Marino” já pode ter sido tirada. Provavelmente foi. Espero poder relata-la de algum forma daqui a alguns anos.